À CNN, médicos relatam situação “catastrófica” em hospitais de Gaza
Guerra chegou a marca dos seis meses neste domingo (7) e está longe de acabar
Um grupo de médicos americanos que passaram mais de uma semana trabalhando em hospitais no norte de Gaza descrevem condições “miseráveis”, “catastróficas” e “terríveis” à CNN, à medida que mais pessoas morrem de fome.
Os médicos voluntariaram-se através de uma missão coordenada pela Organização Mundial de Saúde ao norte de Gaza – onde pouca ou nenhuma ajuda chega aos hospitais, e passaram a maior parte do tempo no Hospital Kamal Adwan.
“A situação aqui é terrível… eles funcionam com energia solar, não há combustível para alimentar a eletricidade do hospital, os pacientes estão caídos no chão cobertos de sangue porque não há leitos disponíveis”, disse o Dr. Farhan Abdelaziz, médico de emergência. “A crise humanitária aqui está além do que as palavras podem realmente transmitir”, complementa.
Um vídeo filmado por um repórter da CNN no Hospital Kamal Adwan mostra os médicos operando pacientes gritando no chão, a maioria dos quais são crianças. Abdelaziz é visto tentando acalmar uma menina de nove anos que chora de dor.
Outro médico disse que o hospital recebia “vítimas em massa” todos os dias – variando de 10 a 20 pessoas aparecendo ao mesmo tempo.
“Hoje de manhã acordamos e descobrimos que quatro pacientes morreram na UTI. Um deles tinha cerca de 10 anos e a mãe se recusou a sair da cabeceira da criança, recusou-se a acreditar que a criança estava morta, recusou-se a deixar a equipe cobrir o corpo. Ela simplesmente não conseguia acreditar que seu filho estava morto”, disse Samer Attar, cirurgião ortopédico, à CNN. A criança morreu de desnutrição e desidratação, disse ele.
Pelo menos 30 palestinos morreram de desnutrição em Gaza, incluindo mais de 20 crianças, segundo o Ministério da Saúde do enclave.
“Essas pessoas só precisam de ajuda. Elas só querem que isso acabe. Ninguém discute política aqui. Elas apenas falam sobre comida, água e abrigo, e só querem que a guerra acabe”, disse Attar.