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    À CNN, DeSantis minimiza preocupações sobre campanha e responde a republicanos que duvidam de sua elegibilidade

    Governador da Flórida também falou sobre a guerra na Ucrânia, direitos LGBTQIA+ e proibição ao aborto

    Steve ContornoKit Maherda CNN

    O governador da Flórida, Ron DeSantis, em uma entrevista exclusiva com Jake Tapper, da CNN, nesta terça-feira (18), rechaçou as preocupações sobre sua campanha para a eleição presidencial dos Estados Unidos.

    Além disso, continuou a minimizar a guerra na Ucrânia e evitou apoiar restrições nacionais ao aborto semelhantes à proibição de seis semanas que ele assinou na Flórida.

    Na entrevista — gravada logo após Donald Trump dizer nas redes sociais que era alvo de uma investigação sobre o ataque ao Capitólio dos EUA –, DeSantis manteve-se otimista sobre sua chance de derrotar o ex-presidente.

    As declarações acontecem mesmo com o corte de pessoal em sua campanha eleitoral, que tenta um reinício em meio a sondagens paralisadas e despesas crescentes.

    “Eles estão dizendo que eu tenho me saído mal durante todo o meu tempo como governador, basicamente”, disse DeSantis.

    No entanto, DeSantis também pode ter explicado por que sua campanha falhou em manter o ímpeto gerado durante seu primeiro mandato como governador e durante a vitória na reeleição no ano passado.  Agora, ela foi construída sobre a promessa de acabar com o perfil “woke” — termo usado para se referir a pessoas ligadas a questões sociais e políticas, mas também utilizado de forma negativa por indivíduos que pensam que outros ficam muito facilmente incomodados com essas questões, ou falam muito sobre elas, mas sem mudá-las efetivamente.

    Comentando sobre um novo plano divulgado para reformular o Departamento de Defesa dos EUA, DeSantis rejeitou a pesquisa apresentada por Jake Tapper que mostrava que o “woke” não estava no topo da lista de preocupações entre os recrutas militares em potencial.

    “Nem todo mundo realmente sabe o que é woke”, disse DeSantis. “Quero dizer, eu defini isso, mas muitas pessoas que se opõem a isso nem conseguem defini-lo”, complementou.

    Essa desconexão ecoa nas preocupações de doadores e partidários republicanos, que, em particular – e às vezes publicamente –, disseram que DeSantis está muito focado nas prioridades de grupos mais conservadores de seu partido, particularmente aqueles que tem maior destaque em espaços digitais e no partido.

    Os discursos de DeSantis estão repletos de referências ao “woke” — usando a palavra cinco vezes em menos de 20 segundos.

    Mas, em vez de deixar o tema de lado, DeSantis está aumentando seus ataques, enquanto busca reduzir o apoio de Trump.

    Rivalidade com Trump e diversificação da campanha

    Na terça-feira anterior, o governador disse que o ex-presidente “poderia ter agido mais assertivamente” para impedir o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

    Mais tarde, ele pontuou à CNN: “Não acho que seja bom para nós ter uma eleição presidencial focada no que aconteceu há quatro anos”.

    Antes disso, Trump ressaltou em uma postagem nas redes sociais que foi informado pelo procurador especial Jack Smith de que ele é alvo da investigação criminal sobre supostos esforços para anular a eleição de 2020.

    Uma carta dos promotores federais para o empresário deixou claro que os agentes que investigam tentativas de anular a eleição de 2020 estão focados nas ações de Trump — e não apenas nas pessoas ao redor dele que tentaram impedir sua derrota na corrida eleitoral.

    O governador da Flórida, Ron DeSantis, em Orlando / 20/5/2023 REUTERS/Marco Bello

    “Quero me concentrar em olhar para frente. Não quero olhar para trás. Eu não quero vê-lo — espero que ele não seja acusado. Acho que não vai ser bom para o país. Mas, ao mesmo tempo, tenho que focar em olhar para frente, e é isso que vamos fazer”, ponderou DeSantis.

    A entrevista é a primeira em que o governador, como candidato presidencial, falou a um veículo de notícias “convencional”.

    À frente da administração estadual, ele evitou essas entrevistas, atendo-se aos “ambiente seguro” da mídia conservadora, onde regularmente tem uma cobertura ampla e raramente é testado.

    DeSantis ignorou os conselheiros, que repetidamente pediram ao longo dos anos para que se apresentasse a novos públicos e aprimorasse suas habilidades de oratória para enfrentar perguntas mais difíceis.

    Ainda assim, agora o candidato tem sinalizado vontade de se diversificar, enquanto procura se recuperar de um início lento.

    Sua campanha recebeu vários meios de comunicação nacionais em sua sede em Tallahassee, onde os repórteres tiveram acesso aos principais assessores, e ele conversou com repórteres em eventos em todo o país nas últimas semanas.

    Os aliados de Trump tentaram minimizar a nova tática de DeSantis em relação aos meios de comunicação.

    Em um comunicado enviado antes de a entrevista ir ao ar, o conselheiro de Trump, Jason Miller, chamou o adversário de “candidato desagradável” com “nenhuma mensagem de campanha e números em pesquisas em queda rápida”.

    “A verdadeira história aqui é que a campanha de DeSantis não sabe como mudar as coisas com seu atual candidato”, pontuou Miller.

    Política estrangeira

    Alguns republicanos também questionaram DeSantis sobre o posicionamento de que a invasão russa é como uma “disputa territorial” e não seria de interesse nacional “vital”.

    Mas ele dobrou a aposta, chamando a guerra de “interesse secundário ou terciário”, embora tenha afirmado que estaria “disposto a ser útil para concluí-la”.

    “O objetivo deve ser uma paz sustentável e duradoura na Europa, mas que não recompense a agressão”, ponderou.

    Questionado por Tapper se pararia de enviar armas ou apoio financeiro à Ucrânia, DeSantis não respondeu. Em vez disso, defendeu o desvio do foco das forças armadas dos EUA da Europa para a Ásia e a China.

    “Não vou diminuir nossos estoques e não enviar (eles) para Taiwan. Eu não vou nos tornar menos capazes para responder às exigências”, observou, chamando o futuro de Taiwan de “interesse significativo”.

    Dirigindo-se a sua campanha

    Enquanto DeSantis falava aos eleitores republicanos na Carolina do Sul, uma nova pesquisa da Universidade de New Hampshire mostrou que Donald Trump manteve uma vantagem de dois dígitos sobre o governador da Flórida entre os prováveis eleitores republicanos nas primárias do estado, por 37% a 23%.

    No entanto, havia sinais encorajadores para DeSantis. Ele ficou nas primeiras colocações da pesquisa nos índices de aprovação, em 57%, junto com o senador da Carolina do Sul, Tim Scott (com 56%), e Vivek Ramaswamy (com 52%).

    Já o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, que visa New Hampshire como uma prioridade máxima, é visto desfavoravelmente por 64% dos prováveis eleitores das primárias.

    Além disso, DeSantis disse a Jake Tapper, da CNN, que tem os recursos necessários para competir.

    Relatórios de financiamento de campanha recentes mostraram que o candidato levantou US$ 20 milhões de maio até o final de junho, mais do que todos os outros, exceto Trump, e firmou super PAC de apoio de US$ 120 milhões.

    No entanto, ele também gastou dinheiro em maior nível do que o resto, sendo forçado a cortar pessoal.

    Cerca de 90 pessoas estavam na folha de pagamento da campanha de DeSantis durante o segundo trimestre. Mas, no fim de semana, um porta-voz da campanha confirmou à CNN que dispensou alguns funcionários, depois que o jornal “Politico” informou que “cerca de 10 funcionários” no planejamento de eventos foram dispensados na quinta-feira.

    “Quando você começa, há certos investimentos que você faz. Realmente acreditamos que ter um aparato relevante é importante nos estados de convenções e de primárias”, destacou o governador a repórteres na manhã de terça-feira, após preencher a papelada para participar das primárias da Carolina do Sul.

    “Fazer investimentos e aumentar a capacidade de atrair mais apoiadores e tudo aquilo, então é exatamente isso que você precisa fazer”, complementou.

    Ainda não está claro como ele ampliará seu apoio no Partido Republicano ao desafiar Trump enquanto ainda tenta convencer os eleitores de que ele é um candidato mais elegível do que o ex-presidente.

    Sua campanha foi criticada por compartilhar recentemente um vídeo criticando a promessa anterior do ex-presidente de proteger os direitos LGBTQIA+, incluindo críticas dos Log Cabin Republicans, um grupo que representa os conservadores LGBTQIA+ que chamou o vídeo de “divisivo e desesperado”.

    Ele continuou a atacar direitos de transgêneros durante o lançamento de sua nova agenda militar, anunciando que proibiria essas pessoas de servir nas forças armadas.

    “Eu respeitaria todos, mas o que não faria é virar a sociedade de cabeça para baixo para poder acomodar, que é uma porcentagem muito, muito pequena da população”, disse DeSantis à CNN.

    Evitando falar sobre aborto

    Este ano, o governador da Flórida assinou uma proibição de aborto a partir de seis semanas de gravidez, o que lhe rendeu elogios generalizados de evangélicos, que têm forte influência nos estados de Iowa e Carolina do Sul.

    No entanto, as novas restrições fizeram de DeSantis o rosto dos esforços do partido Democrata para classificar o partido Republicano como ofensivo às mulheres.

    Assim, ele rebateu a ofensiva democrata relembrando uma vitória que teve em um “estado pêndulo” com 19 pontos de vantagem como prova de que sua agenda tem um apelo mais amplo.

    “Nosso pão com manteiga eram pessoas como mães suburbanas. Estamos liderando um grande movimento pelos direitos dos pais para que eles se envolvam na educação, na escolha da escola, para tirar a doutrinação das escolas”, pontuou.

    No entanto, perguntado se assinaria uma restrição a nível federal contra o aborto após seis semanas de gravidez, ele não respondeu “sim” ou “não”.

    “Sou pró-vida. Serei um presidente pró-vida. E vamos apoiar políticas pró-vida. Ao mesmo tempo, vejo o que está acontecendo no Congresso e, sabe, não os vejo avançando muito. Acho que o perigo do Congresso é que, se perdermos a eleição, eles vão tentar nacionalizar o aborto até o momento do nascimento”, colocou.

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