À CNN, Amorim comenta resistência da Ucrânia sobre a Crimeia após fala de Lula e diz que solução pacífica cria incômodos
Em encontro com jornalistas, presidente Lula sugeriu que a Ucrânia desistisse da Crimeia; autoridades ucranianas rejeitaram a ideia e disseram que não renunciarão à região da península
O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim falou à CNN nesta segunda-feira (10) sobre a expectativa da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China nesta terça (11). Celso Amorim comentou também a resistência de autoridades ucranianas que não estão dispostas a ceder a região da Crimeia.
Recentemente, o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, respondeu a uma fala do presidente Lula, que sugeriu que a Ucrânia desistisse da Crimeia, em troca do fim da guerra contra a Rússia. A Crimeia é uma península ucraniana que foi anexada por Moscou ao território russo em 2014.
“Qualquer solução pacífica vai encontrar incômodos para todos os lados. A questão é encontrar uma solução que seja mais justa, equilibrada e mais viável e pragmática”, destacou o assessor especial da Presidência da República à CNN.
Recentemente, Celso Amorim visitou — em uma agenda discreta, sem ser divulgada — Moscou e Paris. À CNN, ele disse que existe um terreno inicial em sondagens de abertura [para o fim do conflito entre Rússia e Ucrânia], que já dura mais de um ano.
“A conversa com o Vladimir Putin foi muito respeitosa, ele deu muita atenção. Ele se preocupou em explicar a posição [sobre a guerra]. Nós estamos em um terreno inicial em sondagens de abertura e eu percebi que existe, dentro das condições que não são fáceis, alguma abertura. Mas vamos ver. Temos que testar”.
O ex-chanceler adiantou que o conflito entre Rússia e Ucrânia será tratado com a China, assim como outros assuntos, entre eles economia.
“Trabalhar para a paz, sempre faremos isso. A missão do presidente Lula é nesse sentido. As conversas dele com o presidente Joe Biden tinham esse sentido e com o presidente Zelensky por telefone. Nós queremos encontrar uma solução pacífica. Obviamente que a China, que é hoje — dependendo do critério que você usa — a primeira ou segunda maior potência econômica do mundo, tem uma influência grande, então esse assunto vai estar presente. Mas não será o único assunto. Vamos tratar de questões econômicas, de desenvolvimento, de investimentos, de tecnologia e sobretudo de clima”.