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    5 perguntas sobre o diagnóstico de Covid-19 de Donald Trump

    Muitas informações sobre o estado de saúde do presidente americano, sua campanha e as eleições em novembro permanecem em aberto

    Trump está trabalhando na suíte presidencial do hospital militar Walter Reed
    Trump está trabalhando na suíte presidencial do hospital militar Walter Reed Foto: Joyce N. Boghosian - 03.out.2020 / Casa Branca

    Chris Cillizza, da CNN

    Faltam menos de 30 dias para as eleições dos Estados Unidos – ou seja, está mais perto do que a gente imagina. Com o presidente Donald Trump ainda hospitalizado no centro médico Walter Reed, lutando contra a Covid-19, a corrida presidencial foi efetivamente congelada. Abaixo estão cinco perguntas sobre a saúde de Trump – e o que isso significa para a capacidade dele de fazer campanha (ou não) – que todos desejam que sejam respondidas.

    5. A situação vai mudar Donald Trump?

    Acho que a resposta para isso é “não”, porque, bem, nada parece mudar Trump.

    No entanto, se há alguma coisa que pode levá-lo a alterar sua atitude arrogante em relação ao vírus, isso pode acontecer se experimentar uma série de sintomas sérios (febre alta, baixos níveis de oxigênio).

    Trump não disse muito desde que foi diagnosticado com o coronavírus na semana passada, além de divulgar alguns vídeos com o objetivo de tranquilizar o povo de que ele está lidando bem com o quadro de saúde.

    Presumindo que Trump se recupere e retorne à campanha, será que ele irá mudar algo em sua retórica sobre o coronavírus? Ou sobre Biden e sua máscara? Trump zombou de Biden no primeiro debate por uma suposta dependência excessiva de usar uma máscara. Ele vai incentivar seus apoiadores a levarem a pandemia mais a sério? 

    Ou não vai fazer nada? Ou pior ainda, dizer que o vírus não é tão ruim porque ele o teve e se recuperou?

    Com Trump, como sempre, tudo é possível.

    4. O que Joe Biden vai fazer?

    O ex-vice-presidente enfrentou muitas situações políticas estranhas (e tensas). Mas nada que pudesse prepará-lo nem remotamente para isso: seu oponente, o presidente dos Estados Unidos, está no hospital lutando contra um vírus responsável por adoecer mais de 7 milhões de norte-americanos e matar mais de 209 mil no país.

    Biden continuou fazendo campanha na sexta-feira (2) em Grand Rapids, Michigan, após a notícia do teste positivo de Trump. Mas sua equipe anunciou que estava retirando todos os seus anúncios negativos por causa da notícia da doença do presidente.

    E agora? Os 30 dias finais de uma campanha são sempre os mais desagradáveis. E essa corrida presidencial foi profundamente pessoal desde o início. Dias antes do diagnóstico de Trump, Biden chamou o presidente de “palhaço” e “racista” e disse a ele para “calar a boca” no primeiro debate entre os dois.

    Muito do que virá pela frente depende (provavelmente) de Trump. Se o presidente retornar ao ritmo de campanha e continuar seus ataques a Biden, o jogo continua como antes.

    A grande questão é o que acontecerá se Trump continuar a enfrentar desafios de saúde ou nunca retornar à campanha. Biden termina a corrida de forma totalmente positiva? Ele vai permanecer com uma boa imagem na TV, mas contrastar esse quadro com seus discursos, debates etc.?

    Simplesmente não há planos para isso. Qualquer coisa pode acontecer.

    Presidente Donald Trump deixa hospital militar e cumprimenta os apoiadores
    Presidente Donald Trump deixa hospital militar e cumprimenta os apoiadores
    Foto: Reprodução

    3. Trump fará campanha novamente?

    Mesmo que Trump receba alta do hospital no início desta semana, isso significa que ele retornará à campanha antes de 3 de novembro?

    Donald Trump, que enxerga nos comícios e grandes eventos a força vital não apenas da campanha, mas de sua própria presidência, sem dúvida vai querer voltar a eles assim que puder.

    Mas ele estará bem o suficiente para fazer isso? Afinal, há uma diferença ENORME entre receber alta do hospital e estar bem o suficiente para protagonizar encontros com a participação de milhares de pessoas.

    É claro que esses grandes eventos de campanha sempre foram perigosos na era da Covid-19 (já que reunir muitas pessoas cria a possibilidade de um evento supercontagiador, como parece ter sido o caso do o anúncio da indicação para a Suprema Corte no Rose Garden no sábado, 26 de setembro.

    Antes de adoecer, Trump deixou de lado essas preocupações – chamando zombeteiramente seus comícios de “protestos pacíficos” e minimizando os riscos para os participantes.

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    2. Trump pode debater? E deveria? 

    O próximo debate presidencial está marcado para 15 de outubro em Miami. Com base no cronograma meio desencontrado oferecido pela Casa Branca, Trump fez um teste que resultou positivo para coronavírus em algum momento na quinta-feira, 1º de outubro. Ele já apresentava sinais de doença naquele mesmo dia.

    O que significa que ele poderia, em teoria, participar do debate. De acordo com as diretrizes do CDC, o Centro de Controles de Doenças dos EUA, uma pessoa com Covid-19 pode ficar perto de outras pessoas dez dias após o início dos sintomas, presumindo que ela não tenha febre e que outros sintomas relacionados ao coronavírus estejam melhorando.

    Isso, é claro, pressupõe que ele estará bem o suficiente para isso. E ainda não sabemos.

    E se Trump não estiver bem o suficiente para fazer o debate? Ou a equipe de Biden não se sentir confortável em estar em um espaço tão fechado com o presidente e sua comitiva, já que vários deles também tiveram resultado positivo no teste?

    Sobre o mesmo tema: o vice-presidente Mike Pence deve debater com Kamala Harris, senadora da Califórnia, na quarta-feira (7) em Salt Lake City, com transmissão da CNN Brasil. Apesar de ter sido potencialmente exposto a várias pessoas com o coronavírus, Pence foi informado pelo consultório médico da Casa Branca que ele está livre para debater.

    Se qualquer um dos próximos dois debates for cancelado, eles podem ser reprogramados? Esses eventos exigem uma enorme quantidade de logística e programação. Fica, portanto, a dúvida.

    1. Quão doente está Trump, de verdade?

    Estamos recebendo todos os tipos de mensagens confusas das equipes médica e política do presidente.

    Minutos após médico da Casa Branca, Sean Conley, afirmar no sábado (3) que “o presidente está muito bem”, uma “fonte familiarizada com a saúde do presidente” disse:

    “Os sinais vitais do presidente nas últimas 24 horas foram muito preocupantes e as próximas 48 horas serão críticas em termos de atendimento. Ainda não estamos em um caminho claro para uma recuperação total.”

    O que é não é a mesma coisa, claro. 

    No domingo (4), o doutor Conley disse que Trump teve “febre alta” na manhã de sexta-feira e recebeu oxigênio suplementar, apesar de sua resistência em fazê-lo. “O presidente continuou a melhorar”, disse Conley. A equipe médica de Trump disse que ele pode ter alta na segunda-feira (5).

    A falta de transparência de Trump em todas as facetas de sua administração parece afetar sua equipe médica e sua saúde.

    Aqui está o que sabemos: 1) Trump estava com dificuldade para respirar na sexta-feira e estava com febre; 2) ele recebeu suplementação de oxigênio na Casa Branca; 3) ele foi transportado para o hospital Walter Reed na noite de sexta-feira; 4) ele não precisou de nenhum oxigênio adicional desde que chegou a Walter Reed.

    E sabemos também que, aos 74 anos e obeso, tecnicamente falando, Trump está em maior risco de ter complicações por Covid-19.

    O simples fato é que as atualizações contraditórias que saem de Mundo de Trump tornam muito difícil saber se ele tem um caso muito leve ou está gravemente doente – ou algo no meio. O que é preocupante.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).