Por que grandes empresas podem se tornar o motor para startups
Tenho participado de encontros frequentes com fundadores de startups. São reuniões que sempre me animam, não só pelas muitas ideias inovadoras apresentadas, mas pela possibilidade de pensar junto e somar novos conhecimentos.
O papel que as startups assumiram na produção de inovação corporativa é inegável. O movimento se reflete no aumento de fundos de Corporate Venture Capital, criados por grandes grupos com o objetivo de investir em startups que ajudem a encontrar soluções para problemas reais de seus negócios.
Entre 2020 e 2021, houve um salto nos valores de Corporate Venture Capital movimentados em todo o mundo. O total de recursos investidos por grandes corporações em startups saiu de US$ 70,7 bi para US$ 175 bi, segundo um relatório da CB Insights.
No Brasil, os números também são recordes. Um levantamento feito pela consultoria Bain & Company revelou uma movimentação de mais de US$ 2,2 bi em investimentos de grandes empresas nesse ecossistema no ano passado.
O Corporate Venture Capital atende a necessidade de financiamento das startups para ganhar escala e a demanda das grandes companhias por inovações. Ao contrário de um investidor comum, uma grande empresa não espera apenas um retorno financeiro ao se associar a startups. Negócios menores e inovadores trazem também novos mercados, novas tecnologias, novas formas de fazer, além de gente muito qualificada e entusiasmada em promover mudanças. Na história recente, vimos o surgimento de startups que revolucionaram setores consolidados no mercado.
Com o receio de uma crise econômica global, diante das previsões de recessão em 2023, assistimos recentemente a uma redução de investimentos e planos mais conservadores para essa chamada nova economia. No reino das startups, os unicórnios, que cresciam a qualquer custo, atingindo valorização de US$ 1 bilhão em tempo recorde, deram lugar aos camelos, mais resistentes e cautelosos.
O movimento atual não é inédito. Vivemos um ciclo semelhante após o estouro da bolha da internet, no começo deste século. O lado positivo é que grandes booms costumam gerar também aprendizados e maturidade.
Nesse contexto, o capital de grandes empresas ganha relevância como motor para o ecossistema de startups. O Corporate Venture Capital não segue o roteiro do restante dos recursos disponíveis e dá sinais de resiliência mesmo diante desse momento de crise.
A americanas s.a. é uma empresa quase centenária, mas criou, em 2018, a IF – Inovação e Futuro, o motor de inovação da companhia. A IF é responsável por pensar tanto o desenvolvimento contínuo proprietário da empresa como as aquisições estratégicas, seja de pequenos ou grandes negócios, e já tocou mais de 10 operações de aquisição desde a sua criação.
No primeiro semestre de 2022, a IF lançou a iniciativa Corporate Venture para selecionar e investir em startups. O objetivo é integrar ao ecossistema da americanas s.a. empreendimentos que tenham potencial de transformação e acelerar o crescimento dessas empresas.
O programa é um exemplo característico do que uma grande empresa busca ao investir em startups. Nosso foco principal é o potencial que os negócios escolhidos devem trazer para o futuro da americanas.s.a..
E temos critérios bastante claros para fazer a escolha sobre o modelo de empreendimento em que vamos investir, como a capacidade de promover impacto positivo na sociedade.
Esse é, ainda, um desafio e tanto. Há atualmente uma escassez de startups voltadas para soluções ESG, mas estamos convictos de que as temáticas ambiental, social e de governança estarão no centro das principais ideias inovadoras dos próximos anos. É muito bom viver esse tempo e esse chamado. Construir um futuro mais justo e mais verde é papel também dos negócios.
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