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      Abrão Neto - Vice-presidente Executivo da Amcham Brasil

      Abrão Neto é doutor em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Direito das Relações Econômicas Internacionais pela PUC-SP, além de Ph.D. e pesquisador visitante na Universidade de Georgetown, em Washington (DC).

      Na carreira pública, foi servidor público federal, licenciado da carreira de Analista de Comércio Exterior, Secretário Substituto de Comércio Exterior e Diretor do Departamento de Negociações Internacionais da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

      Já atuou como advogado especialista em comércio internacional e como coordenador no Departamento de Comércio Exterior e Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

      Atualmente, é vice-presidente executivo da Amcham Brasil.

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    O setor empresarial é um grande aliado para a agenda climática do Brasil

    A COP27, sediada no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh, termina com uma certeza: a participação do setor privado na agenda climática é cada vez mais forte. Quem circulou pelo encontro nas duas últimas semanas pôde observar a grande presença de empresas de diferentes nacionalidades, setores e tamanhos econômicos.

    A atuação ambiental de cada participante também varia de forma considerável. Enquanto algumas empresas já incorporaram a pauta climática ao centro de suas estratégias de negócios, outras ainda estão testando o terreno. É comum conversar com executivos que estiveram em uma COP pela primeira vez em busca de aprendizado para os seus desafios.

    Esse interesse se reflete em uma agenda empresarial bastante dinâmica. Múltiplas atividades ocorreram dia e noite na COP27, incluindo eventos sobre melhores práticas e novas tecnologias até reuniões de negócios, cada vez mais expressivos. A COP tem entrado de vez no calendário de um número crescente de empresas.

    Em paralelo às atividades corporativas, ocorreram exaustivas e complexas mesas de negociações entre governos, que buscam avançar as regras internacionais em temas como mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. A propósito, esta foi chamada a COP da implementação para enfatizar o anseio por resultados efetivos de compromissos assumidos em conferências anteriores.

    No caso do Brasil, o sucesso em cumprir suas metas de reduzir pela metade as emissões até 2030 e alcançar a neutralidade climática até 2050 depende fortemente da ação do governo, como no combate ao desmatamento. Mas passa também pelo engajamento de outros atores, como as empresas. Alguns dados evidenciam esse papel empresarial cada vez mais relevante.

    Em 2022, a carteira do Índice de Carbono Eficiente (ICO2) da B3 reuniu empresas de 29 setores, com R$ 2,9 trilhões em valor de mercado. Em 2005, a própria B3 havia criado um Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) para estimular maior transparência e investimentos em energia limpa e combate às mudanças climáticas, que já abrange 75% das empresas listadas.

    Levantamento da FSB/CNI de 2022, com mais de 1.000 empresas, demonstra que 60% delas possuem uma área interna para cuidar do tema ambiental. Esse número era de sustentabilidade apenas 34% em 2021. A pesquisa também revela que o número de empresas que exigem certificados ambientais de seus fornecedores saltou de 26% para 45%, contribuindo para cadeias produtivas mais verdes

    Também chama atenção a variedade de projetos ambientais em adoção pelas empresas, como mostra a plataforma Brasil pelo Meio Ambiente (BpMA), elaborada pela Amcham e pela ICC Brasil e apresentada na COP27. O BpMA lista mais de 100 iniciativas privadas, estimadas em cerca de R$ 20 bilhões, que incluem ações sobre carbono zero, economia circular, conservação da biodiversidade e educação ambiental.

    A COP27 reforçou a constatação de que o desenvolvimento sustentável depende de um esforço coletivo. No caso do Brasil, as empresas, suas lideranças e consumidores devem ser percebidos como um grande aliado no cumprimento das metas climáticas assumidas pelo país e na sua transição para uma economia de baixo carbono. A adoção de políticas públicas ambientais de qualidade e eficazes são fundamentais para estimular o setor empresarial nessa direção.

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