O futuro do agronegócio está em produções sustentáveis e no combate à fome
O agronegócio desempenha papel de protagonista na economia brasileira há décadas. Mesmo em períodos de instabilidade, como o atual, mostra-se promissor ou, pelo menos, como um esteio para cenário econômico nacional, em especial no que diz respeito à geração de empregos. Só no primeiro semestre de 2022, de acordo com o Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, cerca de 84 mil postos de trabalho foram criados pelo setor, cuja participação no PIB do país deve atingir 25,5% neste ano – uma retração de 2% em relação ao recorde histórico de 27,5% de 2021. Quando fechamos a lupa nas exportações, as perspectivas são mais animadoras. Segundo projeções do Insper Agro Global, o total exportado pode se aproximar de US$ 140 bilhões até dezembro.
É preciso nos questionarmos, porém, se é possível ir além porque previsões apontam para recessão global em 2023, impulsionada pelo impacto da crise sanitária da Covid-19 e pela guerra entre Rússia e Ucrânia. O primeiro ponto a ser equalizado é entre a demanda interna e a externa de alimentos, ainda mais levando-se em consideração que 61,3 milhões de brasileiros convivem com algum tipo de insegurança alimentar. No mundo, são 828 milhões de pessoas, como mostrou o relatório da ONU “O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo em 2022″.
O Brasil tem a capacidade de contribuir para a mudança desse cenário. Para tanto, deve focar em uma riqueza interna, muito característica do nosso país, os pequenos e médios produtores, que somam cerca de 4 milhões de pessoas. Direcionar esforços para o mercado interno e tudo de inovador que temos para oferecer parece ser uma alternativa não apenas prudente, como também inteligente e estratégica, pois fortalecerá a imagem e as relações externas. De que forma? Ampliar políticas de financiamento e fazer bom uso de iniciativas já existentes, como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), são medidas que devem ser cobradas dos novos governantes e parlamentares, que vão atuar a partir de 2023.
Paralelamente, iniciativas que não dependem do setor público, mas que geram impacto direto no segmento fazem a diferença. Na Agrishow de 2022, cujo público foi de 193 mil visitantes, cerca de 83 mil demonstraram interesse em tecnologia/agricultura de precisão, cada vez mais vitais para elevarmos a produtividade da agricultura familiar, inclusive de forma sustentável. Soluções do tipo não faltaram durante o evento, mas também é preciso atuar na geração de informação de qualidade para estimular os produtores a adotarem e confiarem nesses novos recursos.
Nossa contribuição neste sentido pode ser exemplificada pelo canal Agrishow Digital, pela plataforma Agrishow Experience e pelas séries Agrishow Labs e Agrishow Conecta, que formam uma jornada de conteúdo online dedicada a ampliar o conhecimento e a integração entre pessoas em prol do agronegócio brasileiro durante os 365 dias do ano.
É também primordial assumir a responsabilidade do impacto do agro na mitigação de mudanças climáticas, como a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) – não é novidade para quem atua no setor e pensa em estratégias para um futuro de sucesso. As atividades do segmento são responsáveis por 30% dessas emissões no Brasil e 7% no mundo. Não é à toa que passou a valer em setembro o ABC+ (Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária), tendo como uma das metas ampliar em 30 milhões de hectares as terras destinadas a práticas para recuperação de áreas degradadas.
Há muitas maneiras de gerar impacto positivo neste sentido, e este é outro dos focos que buscamos trazer a cada ano na Agrishow. Apresentamos alternativas que não só ajudam alcançar as metas de sustentabilidade, mas que podem transformar os negócios dos produtores. Soluções de manejo do solo promovem conservação e restauração da vegetação nativa e podem aumentar o armazenamento de carbono ou evitar as emissões GEE. Tecnologias garantem mais eficiência energética, menos poluição, direcionam uso de menos defensivos e, consequentemente, oferecem mais sanidade e qualidade ao que é produzido.
Um olhar para o futuro do agronegócio tem que envolver a proteção do meio ambiente, a valorização dos pequenos produtores e a modernização das fazendas, com investimentos em conectividade – a chegada do 5G deve trazer muitas novidades para 2023. Assim, otimizamos a rotina de trabalho e, mais importante, garantimos a longevidade e prosperidade do agronegócio brasileiro.
Fórum CNN
Os artigos publicados pelo Fórum CNN buscam estimular o debate, a reflexão e dar luz a visões sobre os principais desafios, problemas e soluções enfrentados pelo Brasil e por outros países do mundo.
Os textos publicados no Fórum CNN não refletem, necessariamente, a opinião da CNN Brasil.
Sugestões de artigos devem ser enviadas a forumcnn@cnnbrasil.com.br e serão avaliadas pela editoria de especiais.