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      Françoise Lombard - CEO da Proparco

      Françoise Lombard é mestre em Relações Internacionais na Sciences Po foi nomeada CEO da Proparco em março de 2022.

      A administradora tem passagem pelo Ministério da Defesa, Gabinete de Orçamento, Ministério das Finanças, Agência de Participações do Governo e pela Agence Française de Développement Group (AFD).

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    COP27

    Investir em empresas é investir no planeta

    Sustentabilidade não é um assunto novo para as empresas. No atual contexto geopolítico mundial, em que acabamos de encerrar mais uma Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a importância de criarmos condições que permitam a um número maior de grupos econômicos aplicarem alternativas sustentáveis em seus negócios ganha contornos vitais. O Brasil é um terreno especialmente fértil para isso. Além de ser a principal economia da região, possui grande mercado consumidor ambientalmente consciente e dispõe de uma matriz energética predominantemente renovável.

    Segundo levantamento da consultoria Grant Thornton, 95% dos empresários brasileiros consideram importante reduzir a emissão de gás carbônico, gerar energia limpa e adotar esforços contra o desmatamento. A pesquisa global, que fez um recorte com 255 empresas no Brasil, mostra que, desse total, 54% pretendem investir nos próximos 12 meses em projetos ligados a ESG já identificados nos planos da companhia. Entre as brasileiras, 39% das entrevistadas já estão desenvolvendo um plano estratégico com abordagem ambiental, social e de governança. Outros 32% têm interesse em realizar investimentos nesses temas por meio de startups. A pesquisa também mostra que a prioridade para os empresários brasileiros é o pilar ambiental (47%), seguido pelo social (29%) e o de governança (16%).

    Esse movimento crescente em busca de sustentabilidade é motivado, na maioria das organizações, pela redução de custos (como no caso da energia elétrica) e questões ligadas aos riscos de reputação da empresa. O estudo mostra que o alto custo da energia é relevante para 87% das empresas, o que impulsiona os planos de investir em projetos ou aquisições de energia renovável. Entre os negócios consultados, 83% consideram que a melhor alternativa de investimento é a energia solar. Tudo isso, sabemos, custa dinheiro.

    A Proparco, braço de investimentos privados da Agência Francesa de Desenvolvimento, já investiu mais de US$ 1,35 bilhão nos últimos 15 anos no mercado brasileiro, tornando-o o principal destino mundial do órgão de fomento. Parte desse dinheiro materializou-se em parques eólicos e usinas fotovoltaicas na Bahia, além de projetos de saneamento básico que levam água e esgoto tratados a populações carentes do interior do país. Por meio de empréstimos, a Proparco também contribui para a melhoria do acesso à saúde e educação, agricultura sustentável e inclusão financeira.

    Dos projetos apoiados no Brasil, em torno de 70% tiveram impacto direto ou indireto na mitigação das mudanças climáticas. Cerca de 46% das linhas de crédito abertas para bancos brasileiros têm como compromisso o uso dos recursos em atividades como cogeração de energia, eficiência energética e energia renovável — setor que responde por 15% dos compromissos investidos. No agronegócio, responsável por 18% dos investimentos, o financiamento beneficia players de açúcar e etanol em seus esforços de sustentabilidade e na produção e venda de etanol e de biogás a partir do bagaço da cana-de-açúcar.

    Esse movimento, contudo, ainda é capitaneado por grandes corporações, reforçando a percepção de que a solução dos problemas sociais e ambientais é uma empreitada complexa, custosa e ao alcance apenas de empresas já estabelecidas. O grande motor da economia, particularmente no Brasil, são as pequenas e médias empresas. De acordo com dados do Sebrae, as PMEs categorizam 99% das empresas existentes, são responsáveis por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) e por 62% dos empregos de carteira assinada do país. Ainda assim, a agenda ESG tem pouco espaço nos planos de negócios, seja pela falta de conscientização de seus líderes, seja pela falta de apoio técnico e financeiro para que implementem essas ações.

    Por meio de fundos de private equity, a Proparco passou a mirar empresas que geram impacto ambiental e social na ponta. O portfólio está recheado de bons exemplos: um laboratório de manipulação e fracionamento de medicamentos quimioterápicos cujo quadro de funcionários é majoritariamente formado por mulheres, emprega refugiados e atende populações carentes em parceria com o SUS; uma empresa especializada no fornecimento de crédito e demais serviços financeiros para a população de baixa renda; e uma companhia que aplica inteligência artificial em saneamento básico, reduzindo desperdícios e possibilitando acesso a um número maior de pessoas. Em comum a elas há a conscientização de que contribuir para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como geração de empregos e renda decente, fornecimento de bens e serviços essenciais e mitigação dos efeitos climáticos, é responsabilidade de todos.

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