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    • Sergio Gusmão Suchodolski - Advogado e ex-presidente do Banco Desenvolve SP e do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S/A – BDMG
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    • Sergio Gusmão Suchodolski
      Sergio Gusmão Suchodolski - Advogado e ex-presidente do Banco Desenvolve SP e do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S/A – BDMG

      Sergio Gusmão Suchodolski é bacharel em Direito pela USP, com mestrado em Direito pela Harvard Law School e em Comércio Internacional e Economia pela Sciences Po – Institut d’Études Politiques de Paris.

      Sergio é senior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), foi presidente do Banco Desenvolve SP e também do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S/A – BDMG e da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE). Além disso, foi vice-presidente da Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento (ALIDE).

      Anteriormente foi Diretor-geral de Estratégia e Parcerias do New Development Bank, o Banco dos BRICS. Também atuou como chefe de Gabinete da Presidência do BNDES e foi Vice Presidente de Desenvolvimento Corporativo do Arlon Capital Partners em Nova York.

      Sergio também é membro do Conselho Consultivo da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).

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    COP27

    Enfrentamento climático e digitalização: pilares de uma nova política industrial para o Brasil

    A COP27 que acontece nesses dias no Egito tem um importante papel em chamar a atenção das lideranças globais para a urgência climática e buscar novos compromissos para a redução das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE). Para o Brasil, a COP27 servirá para a sua reinserção na agenda global a partir da eleição do Presidente Lula, que terá lugar de destaque no Egito. Gostaria de aproveitar o contexto para propor nesse espaço uma reflexão acerca da indústria brasileira e as oportunidades que se abrem com a agenda climática.

    Nos últimos 10 anos, a participação da indústria brasileira no PIB caiu de cerca de 23% para 19% de acordo com dados das contas nacionais do IBGE.

    Como se sabe, nenhum país de alta renda no mundo conseguiu se desenvolver sem esse setor que garante empregos qualificados, e mais altos salários, e é um polo dinâmico para geração e difusão da tecnologia. A desindustrialização prematura do Brasil joga contra o desenvolvimento nacional e é sobre a reversão dessa tendência que dedico o restante do texto.

    Estabilidade macroeconômica, recuperação dos investimentos públicos e privados, simplificação tributária e juros baixos são condições necessárias para o sucesso de uma agenda de reindustrialização e tenho certeza de que estarão no radar do novo governo eleito. Em adição aos temas macroeconômicos, destaco abaixo algumas ideias para se pensar a retomada de uma política industrial sustentável para o Brasil.

    A transição para uma economia de baixo carbono abre possibilidades para o reposicionamento da indústria nacional. Há uma janela de oportunidade para o desenvolvimento de tecnologias industriais menos poluidoras. Na indústria química, por exemplo, há possibilidades de desenvolvimento de soluções para se capturar gás carbônico na produção e utilizá-lo como insumo. Ou ainda, as mudanças nos meios de transporte que já começam a gerar uma importante demanda para a indústria ligada à eletrificação veicular e energia gerada por hidrogênio verde.

    A meta de redução de emissões também é uma oportunidade para a chamada indústria 4.0. Na medida que mais indústrias no Brasil, em particular as micro, pequenas e médias, avancem na digitalização e automação dos processos industriais, a indústria brasileira ganha em eficiência energética, reduz seu impacto ambiental e melhora seu rendimento.

    Dessa forma, é possível, a partir de uma estratégia nacional construída pela parceria entre setores público e privado, criar incentivos para que o setor privado desenvolva soluções tecnológicas nacionais para esses desafios. Essa estratégia deverá conjugar financiamento, apoio à inovação, compras públicas, tributação específica, extensão tecnológica e políticas de comércio exterior. Ou seja, estamos falando de pilares de uma nova política industrial unindo tecnologia e sustentabilidade.

    Um exemplo prático desse esforço é a parceria que ajudamos a construir entre SENAI-SP e o Banco Desenvolve SP, por meio de um programa de apoio à digitalização de micro, pequenas e médias empresas industriais no Estado de SP. Este programa combina extensão tecnológica, conhecido como Jornada da Transformação Digital, com uma linha de crédito simplificada para financiar o plano de investimentos dessas empresas e alavancar o seu processo de digitalização. Essa experiência poderia ser replicada em todo o país por meio do SENAI nacional e do BNDES.

    Falando em BNDES, uma nova política industrial nacional não pode prescindir de um banco de desenvolvimento moderno e fortalecido, em linha com a atuação dos seus pares internacionais. Além da alta capacidade técnica do corpo de funcionários do BNDES para auxiliar o governo no desenho de políticas públicas, o BNDES pode recuperar o seu papel no financiamento para a indústria, em alinhamento com o planejamento fiscal da equipe econômica, com foco particular em três áreas que se combinam: enfrentamento das mudanças climáticas, digitalização dos processos produtivos e apoio focado nas micro, pequenas e médias empresas.

    A indústria da segunda década do século XXI está em transformação. Além da agenda climática mencionada aqui, o cenário geopolítico é bastante diferente. As implicações da pandemia, da guerra da Ucrânia e de cada vez mais tensionamento entre as duas principais economias do globo, serviram para nos lembrar da importância da localização da produção e das competências tecnológicas no país. O caso da indústria farmacêutica brasileira e dos nossos laboratórios na produção de vacinas é só um exemplo disso.

    O Brasil pode aproveitar esse contexto desafiador e se reposicionar internacionalmente não apenas na agenda climática, mas também como uma potência industrial verde emergente. Para isso, uma nova política industrial é necessária.

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