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      Patrícia Ellen - Ex-secretária Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo

      Patricia Ellen é formada em administração pela Universidade de São Paulo (USP) e foi Secretária Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo.

      Patrícia é empreendedora da economia verde, sócia líder da Systemiq na América Latina e co-fundadora da Aya Earth Partners.

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    COP27

    Brasil e a economia de baixo carbono para 8 bilhões de pessoas

    Foi uma experiência pessoal única participar da COP no Egito em um novo papel profissional, sem crachá governamental, e em um momento de transição econômica para o setor privado pós-pandemia, virada política para o Brasil e inflexão climática e social para o mundo.

    O fundo de compensação de perdas e danos climáticos foi sem dúvida nenhuma um dos maiores avanços da COP27. A manutenção das metas estabelecidas no Acordo de Paris e, em especial, o compromisso do limite do aumento de temperatura em 1,5ºC nos traz uma esperança, mas deixamos a COP sem um plano claro para chegar lá e com dois retrocessos: a ausência de metas claras para a transição energética, sobretudo no que tange ao uso de combustíveis fósseis, e a indefinição do pico de emissões globais que precisamos atingir até 2025.

    Neste contexto, nunca foi mais urgente unir atores-chave de todo o mundo para a criação de um novo modelo de desenvolvimento econômico que possa viabilizar a geração de prosperidade para todos e reduzir as emissões globais o mais rápido possível. O modelo econômico extrativista pode ter funcionado relativamente bem para muitas nações desde a revolução industrial, mas, certamente, não se sustenta para um planeta que durante a COP alcançou o marco de 8 bilhões de pessoas. Estimativas recentes confirmam a saturação do modelo vigente e sugerem a probabilidade de mais de 50% de aquecimento global acima de 1.5ºC ao menos mais uma vez nos próximos cinco anos, além da exposição de 4 bilhões de pessoas em condições vulneráveis que serão impactadas de forma desproporcional pelas mudanças climáticas. Ainda há tempo de mudar esta realidade, mas precisamos agir agora.

    Realizar a transição para uma economia global de baixo carbono requer uma abordagem sistêmica e o engajamento de atores públicos, privados e sociais, bem como um urgente reequilíbrio de poder entre o Sul e o Norte global. A menção inédita a “soluções baseadas na natureza” é um excelente gancho para uma discussão pragmática sobre esta oportunidade para muito além da reparação, dado que o maior potencial destas soluções se encontra no chamado Sul Global e, sobretudo, na Amazônia, nas floretas do Congo e Indonésia.

    Com este cenário de incertezas, surge uma oportunidade para que o Brasil se torne a primeira grande nação carbono zero ainda em 2030 e um dos protagonistas na corrida climática mundial gerando valor para a economia, para as pessoas e para o planeta. Uma aspiração como esta poderia transformar o curso de um país dividido pelo corredor do desmatamento que voltou ao mapa da fome e escancarou sua realidade de desigualdades, mesmo sendo um dos maiores provedores de alimentos do mundo.

    Para que isto aconteça, é necessária uma transição estrutural e estruturada de uma economia de baixo valor agregado ou “resource-inefficient” para uma economia de alto valor baseada em soluções da natureza positiva para os negócios, para o clima e para as pessoas. Por isso, levamos para a mesa de debates na COP27 a “A Maratona da Amazônia”, um estudo coordenado pela Systemiq com organizações multilaterais, setor privado, cientistas e comunidades originárias, como parte da coalizão AYA Earth Partners, mostrando 11 caminhos possíveis para o Brasil se tornar carbono zero até 2030 mitigando 1,3 GTCO2, reflorestando ou regenerando mais de 40 milhões de hectares, e podendo chegar a um total de mitigação de mais de 3GTCO2 até 2050.

    As projeções de criação de valor para os negócios também são otimistas para o Brasil: giram em torno de US$ 100 bilhões e US$ 150 bilhões de valor adicional por ano até 2030 e com um PIB duas vezes maior que o atual até 2050. Além disso, projetamos a geração de 8 milhões de empregos na economia verde na região amazônica. Este estudo preliminar busca contribuir com a realização desta aspiração provendo informações sobre os desafios e oportunidades para os negócios, as pessoas e a natureza mostrando o potencial de uma nova economia verde bem como os investimentos necessários para valorizar a floresta em pé, acelerar a transição para uma agricultura sustentável e uma indústria de baixo carbono.

    A maratona da Amazônia é, acima de tudo, um convite para a colaboração e engajamento de especialistas, cientistas, comunidades locais, empreendedores e gestores públicos para duas corridas lançadas há um ano na COP26: “Race-to-Zero” e “Race-to-Resilience”. Para vencermos estas corridas precisamos organizar projetos e programas com escala e impacto sem precedentes. É uma maratona em vários aspectos, uma longa jornada colaborativa e um chamado para que todos e cada um de nós tenha a aceleração da transição para uma nova economia de baixo carbono, inovadora, próspera e inclusiva, a nossa maior prioridade.

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