A resposta para o futuro do planeta está no solo
Neste 5 de junho celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, data importante para refletir como ele está sendo preservado. E, em tempos em que o foco é a descarbonização, a agricultura e a mudança do uso da terra ganham destaque, pois são responsáveis pela emissão de 20% de gases de efeito estufa. Ao mesmo tempo, porém, representam um dos setores com maior potencial para reduzir esse índice e capturar carbono, com um aliado capaz de virar o jogo: o solo.
O solo é o principal ativo dos agricultores. Saudável, traz inúmeros benefícios, como o aprimoramento da capacidade de retenção de água, a redução da erosão e prevenção à desertificação e o maior potencial de acúmulo de carbono. A saúde dele afeta todo o sistema, das plantas ao bem-estar humano. Para tanto, adotar boas práticas agrícolas, da rotação de culturas ao correto uso de nitrogênio, são essenciais para tornar o solo mais fértil, resiliente e produtivo, pois é a partir dele que mudaremos a forma de cultivar e consumir alimentos.
O solo ocupa posição central na chamada “Agricultura Regenerativa”. Apontada como uma das grandes tendências, ela se baseia em promover não apenas a saúde do solo, mas também mitigar impactos climáticos, aumentar a biodiversidade, fazer uso racional e eficiente de insumos e aumentar a prosperidade dos agricultores. Neste aspecto, os fertilizantes desempenham papel-chave, já que utilizar produtos para nutrição de plantas e práticas corretas de manejo agrícola são atitudes fundamentais para aumentar a biodiversidade dos microrganismos do solo, melhorar a sua fertilidade e estrutura, além de prevenir a degradação.
Dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA) indicam que 140 milhões de hectares de terras brasileiras estão degradadas, 16,5% do território. No mundo, 33% do solo sofre degradação de moderada a alta, segundo informações da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Os números, alarmantes, podem ser revertidos, e mostram o potencial para expandir a produção de alimentos, sem abrir novas áreas, apenas restaurando os hectares em mau uso.
Além do desafio de aumentar a produção de alimentos para suprir a crescente demanda, é um momento de nos conscientizarmos sobre o uso correto do solo para seguir produzindo na qualidade e volume necessários, sem impacto ambiental – ao contrário, colaborando para a restauração da natureza, devolvendo ao ecossistema aquilo que um dia foi retirado dele.
Uma das mais relevantes discussões atualmente é se a origem do alimento e a forma como ele é produzido traz impacto ao planeta. O consumidor está mais atento. Pesquisa feita na Europa pela Yara, em parceria com a IPSOS, mostrou que 58% consideram o impacto climático importante na escolha de alimentos e bebidas e 69% comprariam um alimento produzido em linha com os preceitos de boas práticas produtivas, sem agredir o meio ambiente, em detrimento a uma opção de menor custo – movimento que deve se intensificar nos próximos anos mundialmente.
O Brasil, considerado um dos maiores produtores e exportadores de alimentos, assumirá cada vez mais a posição de liderar a “Agricultura Regenerativa”. Fatores que o colocam em vantagem para isso não faltam: disponibilidade de área, energia renovável, agricultores tecnificados, pesquisa agronômica. Nesta jornada de preservação, cada um de nós tem uma função: empresas, reduzindo a emissão de carbono e ajudando os agricultores nessa transformação; produtores, seguindo recomendações agronômicas e levando em conta o impacto ambiental em seu dia a dia na lavoura priorizando a saúde do solo; governo, estimulando boas práticas; consumidor final, fazendo escolhas conscientes para a natureza.
Juntos podemos não apenas transformar a maneira como cultivamos e entregamos nossos alimentos, mas também criar um sistema alimentar mais sustentável. É imperativo refletir sobre o quão frágil é o nosso planeta e nos comprometermos em cultivar boas práticas para as gerações futuras.
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