A polêmica dos adoçantes e o diabetes
No mês de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma nova diretriz informando que não recomenda o uso de adoçantes sem açúcar para controle de peso ou para reduzir o risco de doenças crônicas não transmissíveis. A lista da entidade cita adoçantes como sacarina, sucralose, aspartame, stevia e derivados, mas não se aplica aos açúcares de baixa caloria ou álcoois de açúcar (os chamados polióis, como xilitol e sorbitol ou eritritol).
Agora, recentemente, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc) acrescentou na lista de substâncias “possivelmente cancerígenas” o aspartame. A Iarc é a entidade especializada na investigação de câncer da OMS. Nesta classificação é considerado o seguinte critério: Grupo 1 – Carcinogênico para humanos; Grupo 2A – Provavelmente cancerígeno para humanos; Grupo 2B – Possivelmente cancerígeno para humanos; Grupo 3 – Não classificável.
Em 2022, um estudo com 105 mil pessoas comparou pessoas que não consumiam adoçantes com aquelas que consumiam grandes quantidades. Altos níveis de adoçantes – incluindo aspartame – foram associados a um maior risco de câncer, mas existem muitas diferenças na saúde e estilos de vida entre os dois grupos.
A discussão sobre o uso adoçantes não é nova. Porém, até agora não há nenhum estudo robusto que faça com que especialistas cheguem a um consenso sobre seus benefícios e malefícios.
Há muitas pessoas que usam adoçante com o objetivo de emagrecer ou manter o peso e, agora, já não sabe se vale a pena continuar consumindo ou não. Porém, no caso de pessoas com diabetes, a discussão deve ser outra. A segurança dos adoçantes em substituição ao açúcar já foi comprovada em estudos clínicos, mas apenas quando são consumidas as quantidades consideradas permitidas. Ou seja, não é necessário parar de usar adoçante, basta não consumir com exagero. Como cada caso é um caso, o paciente deve falar com seu endocrinologista e nutricionista para que eles possam verificar a quantidade ideal de adoçante para cada um.
Seria um exagero substituir tudo o que a gente consome de açúcar por adoçante. Mas, por outro lado, retomar o consumo de açúcar, especialmente em bebidas (café, chá, sucos), pode piorar a glicemia de pessoas com diabetes.
O uso moderado do adoçante ou de alimentos dietéticos, o controle da quantidade e qualidade dos alimentos com carboidratos (que se transformam em açúcar no organismo) e um estilo de vida mais saudável, com o consumo grãos e cereais integrais, feijões, folhas, legumes, raízes e frutas, é o ideal. Desta forma, diminuindo o consumo de alimentos açucarados, sejam eles com açúcar ou adoçante, e reeducando nosso paladar, poderemos chegar ao ponto ideal. E, caso seja necessário, os adoçantes podem ser usados por pessoas que tenham diabetes como ferramenta para melhorar os níveis de glicemia.
Por fim, o uso de adoçantes é ferramenta no manejo do diabetes e da obesidade e não tratamento. Sendo assim, sua prescrição deve ser individualizada.
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