Zé Roberto se emociona com morte de Walewska: “Perdi uma filha, estou sem chão”
Técnico e jogadora foram campeões olímpicos pela seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008
Uma perda irreparável para o vôlei. De luto pela morte da central Walewska, aos 43 anos, em São Paulo, o técnico da Seleção Brasileira, Zé Roberto Guimarães, “abriu o coração” e disse ter perdido uma filha. A declaração foi feita logo após a derrota para a Turquia no Pré-Olímpico nesta sexta-feira (22), no Japão.
Em entrevista ao canal SporTV, Zé Roberto relembrou a convivência com Walewska na Seleção Brasileira e, principalmente, a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
“Ela era excepcional. Todo técnico, toda comissão gostaria de ter uma atleta como ela. Madura, tranquila, mas com uma vontade de fazer e realizar as coisas. A gente fica sem chão, perde a noção de muita coisa. Eu perdi uma filha, é muito duro. É um momento muito difícil para nós”, ponderou.
Segundo o treinador da Seleção, a informação sobre a morte de Walewska foi confirmada durante a preparação para o duelo com a Turquia. Em um primeiro momento, a comissão técnica optou por falar sobre o assunto com as jogadoras minutos antes de entrar em quadra. As atletas entraram com uma faixa no braço, enquanto Zé Roberto e os auxiliares utilizaram uma tarja preta no uniforme.
“É um momento muito difícil, muito complicado. Estávamos perto de ir para o vídeo quando chegou a notícia. A gente não sabia ainda exatamente. Preferimos, naquele momento, não falar absolutamente nada. Não era o momento adequado até entender um pouco o que estava acontecendo. Um pouco antes do jogo que a gente falou sobre. Colocar tarja, enfim. É um momento de muita tristeza e dificuldade para todo mundo”, complementou.
Walewska deixará um legado, diz Zé Roberto
Multicampeão no vôlei mundial e um dos técnicos mais importantes da história, Zé Roberto também afirmou que Walewska deixa um legado e uma saudade eterna no coração de quem conviveu com ela.
“Conhecendo a Walewska como nós conhecíamos, ela foi um exemplo de dedicação, de comprometimento. De tudo de bom que uma jogadora, atleta, pessoa pode ter. Ela sempre se cuidou muito, ajudou o time. Sempre fez o que podia fazer da melhor maneira possível desde pequena. Jogou com várias jogadoras e com a gente por vários anos. A gente fica sem chão para saber exatamente e entender as coisas. É difícil falar sobre isso. Abalou todo mundo nesse momento”, disse o técnico.
“Ela deixou um legado na vida dela como atleta, um dos maiores exemplos que eu já vi, que eu pude vivenciar com ela. Com todos os momentos que nós tivemos juntos no clube e na seleção. Ela vai deixar muita saudade. Saudade para essas meninas que jogaram com ela, que participaram com ela de várias etapas, caminhadas e jornadas. Vai deixar o exemplo para as meninas mais novas, o significado de ser uma grande atleta, uma atleta campeã olímpica. Uma atleta que fez a melhor coisa para o seu país, que trouxe uma medalha de ouro, que cantava o hino bem alto, que tinha maior orgulho de representar e estar ali o tempo inteiro brigando e fazendo o seu melhor. Nós vamos sentir muita saudade. É um pecado”, encerrou Zé Roberto.
Morte de Walewska
Walewska Oliveira, ex-jogadora da Seleção Brasileira de Vôlei, do Minas e do Praia Clube, morreu nesta quinta-feira (21), aos 43 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada. A informação foi confirmada pela Itatiaia com pessoas próximas à família.
Walewska estava em São Paulo para a divulgação de sua biografia. Nesta quinta-feira, ela esteve em um evento onde apresentou o livro. Nessa quarta-feira (20), ela gravou um podcast na capital paulista.
Carreira de Walewska
A ex-jogadora foi revelada pelo Minas, em 1995 e ficou no clube até 1998. Ela voltou ao time da capital mineira em 2014 e ficou até o ano seguinte. A meio-de-rede ainda defendeu Rexona/Ades, São Caetano, Sirio Perugia da Itália, Murcia da Espanha, Zarechie da Rússia, Vôlei Futuro, Vôlei Amil, Minas, Osasco e Praia Clube, onde encerrou a carreira em 2022.
Walewska também teve duas passagens pelo Praia Clube, de Uberlândia. A primeira foi entre 2015 e 2018, quando conquistou o título da Superliga Feminina de Vôlei pela segunda vez na carreira (ela já havia sido campeã em 2000 pelo Rexona/Ades).
A última passagem de Walewska pelo Praia Clube começou em 2019 e terminou no ano passado, quando ela anunciou a aposentadoria.
Walewska foi duas vezes campeã da Superliga (1999-2000 e 2017-18). A meio-de-rede ainda levantou as taças da Supercopa (2019, 2020 e 2021), do Troféu Super Vôlei e do Campeonato Mineiro (2019 e 2021).
Ela ainda conquistou o título Sul-Americano em 2021, pelo Praia Clube.
Super campeã pela Seleção Brasileira
Walewska defendeu a Seleção Brasileira durante boa parte da carreira. A primeira convocação foi em 1999, com Bernardinho. No mesmo ano, ela conquistou o título dos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá.
O auge da carreira de Walewska foi o título dos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, na China. Ela também ganhou a medalha de bronze nos jogos de 2000, em Atenas, na Grécia.
Ela também conquistou três vezes o título do Grand Prix de Vôlei: 2004, 2006 e 2008. Na última conquista, foi eleita a melhor bloqueadora do torneio.