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    Tandara testou positivo para anabolizante, diz agência antidoping

    Exame feito no dia 7 de julho, no Rio de Janeiro, detectou presença de 'ostarina', substância proibida em competições e fora delas também

    Fernanda Zalcman, do Olimpíada Todo Dia

    Após o anúncio da suspensão provisória da jogadora brasileira de vôlei Tandara, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) afirmou nesta sexta-feira (6) que a atleta testou positivo para “ostarina”, substância do grupo de anabolizantes proibida em competições e fora delas também. 

    A jogadora já embarcou de volta ao Brasil e não esteve presente na vitória sobre a Coreia do Sul, por 3 a 0, na semifinal das Olimpíadas de 2020 – o triunfo garantiu a seleção feminina na decisão contra os Estados Unidos pela medalha de ouro.

    O exame antidoping foi feito no dia 7 de julho, em Saquarema, no Rio de Janeiro, antes do embarque da jogadora para os Jogos no Japão. O resultado, porém, só foi obtido na quinta-feira (5).

    “Ao receber, no dia 5 de agosto de 2021, o resultado do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), único credenciado pela [Agência Mundial Antidoping] WADA na América Latina, foi constatada a presença da substância Ostarina, que pelo Código Brasileiro Antidopagem implica na aplicação obrigatória de uma suspensão provisória da atleta”, disse a ABCD em nota.

    O que é a ostarina

    A Agência Mundial Antidoping classifica a ostarina, também chamada de enobosarm, como um agente anabolizante da categoria SARM – um modulador seletivo de receptores androgênicos, na tradução para o português. A substância produz efeitos semelhantes ao da testosterona, gerando aumento de massa muscular.

    No esporte, a ostarina e os anabolizantes SARM estão na lista de substâncias proibidas para uso em qualquer momento – ou seja, o atleta não pode utilizar nem mesmo fora do período de competição.

    Em abril, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou uma medida restritiva que proíbe a comercialização de qualquer produto da categoria SARM no Brasil. O motivo, segundo a agência, é que os efeitos dos produtos no corpo humano são desconhecidos a longo prazo. Apesar disso, há produtos que utilizam ostarina disponíveis para compra em farmácias online do país.

    A Agência Brasileira de Controle de Dopagem divulgou nota, em janeiro, dizendo ter reportado à Anvisa “o uso irregular da ostarina em farmácias de manipulação”. A ABCD afirmou ter registrado cinco casos de potenciais violações de regra antidopagem envolvendo SARMs, todos decorrentes “do uso de produto manipulado por farmácia magistral”.

    Na mesma nota, a agência brasileira antidoping fez uma recomendação aos atletas contra o consumo de suplementos ou produtos manipulados. “O atleta é o único responsável por toda e qualquer substância que entra em seu organismo, independentemente de conduta trapaceira ou não. A presença de substância proibida no organismo do atleta configura violação de regra antidopagem, ainda que decorrente do consumo de produto contaminado, e pode conduzir a uma sanção-base de dois ou quatro anos de suspensão, a depender do caso”, ressalta a ABCD.

    Veja o dia dos atletas brasileiros nesta sexta-feira:

    ‘Jogamos por ela’

    As jogadoras da seleção feminina de vôlei foram pegas de surpresa pela notícia do doping no dia da semifinal contra a Coreia do Sul. 

    Rosamaria, que substituiu Tandara no jogo, disse que a equipe jogou por ela. “A gente ficou sabendo hoje cedo, de manhã, fomos pegas de surpresa. Mas somos um grupos e tenho certeza que a Tandara também não ia querer que a gente desfocasse. Então focamos no jogo, claro que muito tristes. A gente jogou para ela e estamos torcendo pela sua inocência. Temos certeza que ela vai sair bem desse caso e que ela vai estar mandando força para gente”, afirmou a oposta.

    “A Tandara continua sendo parte desse grupo. Estamos jogando por ela e torcendo para que ela possa provar a inocência. E o foco é só um, o jogo de hoje e agora a final. E como a gente tem feito até agora: unidas e sem deixar anda tirar o nosso foco”, completou Rosamaria, que falou também sobre a oportunidade de ganhar uma vaga no time titular.

    “Eu não me preparei ontem. Tem muito tempo que eu venho esperando pela oportunidade e, enquanto ela estava ali jogando, eu estava fora dando força. E é aquela coisa, a gente tem que estar pronta quando a oportunidade aparecer. Então a minha cabeça vem esperando por isso há muito tempo e fico feliz de ter tido a oportunidade, claro que não por isso [pelo doping]”, completou.

    O técnico José Roberto Guimarães também comentou a ausência de Tandara e disse que a jogadora é um desfalque importante para a equipe. “É esperar para ver os acontecimentos. A gente acredita piamente que ela não consumiu absolutamente nada”, disse o treinador ao Bandsports.

    Zé Roberto também afirmou ter conversado com Tandara durante a manhã de Tóquio, antes do seu embarque para o Brasil e afirmou que a jogadora  estava “extremamente devastada.”

    Segundo o técnico brasileiro, o grupo conversou rapidamente sobre o caso e concluiu que, agora, deveria “jogar por” Tandara. “Todo mundo partiu desse princípio de se juntar e unir forças.”

    Jogadoras do Brasil de vôlei se cumprimentam após ponto na semifinal do vôlei
    Jogadoras do Brasil vibram em semifinal contra a Coreia do Sul
    Foto: ASSOCIATED PRESS

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