
Cruzeiro pede ao STJD para Wallace jogar os playoffs da Superliga de Vôlei
Jogador foi suspenso pelo COB por enquete sobre dar tiro em Lula; clube alega que "as punições foram aplicadas de forma severa"


O Cruzeiro informou, nesta segunda-feira (10), que pediu ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para que o oposto Wallace atue na reta final da Superliga. Na última segunda (3), o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) suspendeu o atleta por 90 dias, o que o impede de jogar os playoffs da competição.
Por meio de um mandado de garantia, as defesas do Cruzeiro e de Wallace alegam que, como a decisão foi tomada pelo COB, não há motivo para que o campeão olímpico enfrente o São José nas semifinais da Superliga, já que o torneio é organizado pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV).
Na tarde desta segunda-feira (10), o clube celeste defendeu Wallace das acusações e ressaltou que as punições foram aplicadas de forma severa.
Caso Wallace
Em 31 de janeiro, Wallace publicou uma foto no Instagram em que segurava uma arma em um estande de tiro. Na oportunidade, o jogador perguntou aos seguidores em uma enquete se “dariam um tiro no Lula”, presidente da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
Nos últimos meses, o caso Wallace foi analisado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do Voleibol. Contudo, a denúncia foi arquivada após o órgão ter entendido não haver relações entre o esporte e o comportamento de Wallace.
Veja nota completa do Sada Cruzeiro
“O Sada Cruzeiro, juntamente com a defesa do atleta Wallace, entrou nesta segunda-feira, 10/04, com um mandado de garantia no Superior Tribunal de Justiça Desportiva – STJD, em relação à suspensão do jogador. As defesas do atleta e do clube questionam a validade da decisão no âmbito das competições, especialmente as promovidas pela Confederação Brasileira de Voleibol – CBV, impedindo o atleta de exercer sua profissão.
A suspensão de Wallace, após compartilhamento de uma postagem em uma rede social, foi uma decisão exclusiva do Conselho de Ética do Comitê Olímpico Brasileiro – COB, que não pode expandir para competições como a Superliga, por um motivo alheio à profissão do atleta, que não tem contra si qualquer indiciamento, investigação ou condenação.
É importante ressaltar que o jogador, logo em seguida ao ocorrido, se arrependeu, se retratou e pediu desculpas.
No final de fevereiro, o próprio STJD arquivou a notícia de infração, alegando não ter encontrado requisitos para um eventual processo desportivo disciplinar.
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A defesa de Wallace entende que a suspensão do jogador das competições nacionais está sendo interpretada de forma irregular, ilegal e equivocada por parte da CBV, além de punir um atleta, campeão olímpico, sem qualquer antecedente.
A defesa do atleta também destaca que o Código de Conduta Ética do COB, de acordo com seu artigo 3º, não alcança atos privados de atletas, limitando a sua aplicação apenas aos atos por eles praticados no âmbito da atividade esportiva, e impossibilitando a aplicação de qualquer outro artigo do código. Ao praticar um ato sem conexão com a atividade esportiva, o atleta não poderia sequer ter sido julgado pelo Conselho de Ética, justamente por ausência de regra que o permita. Não há nenhum caso antecedente a este.
O Sada Cruzeiro destaca novamente, que não compactua com condutas que instiguem violência, e que acredita que os atletas, como figuras públicas que são, devem ter consciência da importância de seus atos também nas redes sociais.
O Sada Cruzeiro acredita que o ocorrido deve servir como um importante aprendizado para a sociedade como um todo, entretanto o time não compactua com a severidade de sanções sem lastro legal, ainda na ausência de base jurídica que impedem um atleta de exercer sua profissão e prover, como pai, o arrimo de sua família.
E pede que as autoridades, CBV e COB, revejam a severidade de medidas que não se encontram amparadas em regras explícitas, e terminem com uma suspensão em jogos por atos que não têm ligação ou correlação com o esporte.
Uma punição precisa estar amparada em regras claras, e em políticas geradas a partir de diálogo entre clubes, atletas, federações e demais atores do sistema”.