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    Tenistas fazem história com 1º jogo entre negros na fase quartas de final do US Open

    Ben Shelton venceu Francis Tiafoe por 3 sets a 1 no Arthur Ashe Stadium e enfrentará Novak Djokovic na semifinal

    Chandelis Dusterda CNN

    Não importava quem vencesse a partida de terça-feira (5) das quartas de final do US Open entre Frances Tiafoe e Ben Shelton, pois os dois já tinham feito história: pela primeira vez, dois tenistas negros se enfrentaram em uma partida nesta fase do Aberto dos Estados Unidos.

    Shelton saiu vitorioso, derrotando o número dez do mundo por 3 sets a 1, parciais de por 6-2, 3-6, 7-6 (7) e 6-2, e avançando para um duelo na semifinal contra o sérvio Novak Djokovic.

    Também foi a primeira vez desde 2008 que dois negros se enfrentaram no Arthur Ashe Stadium. E já se passaram quase duas décadas desde que um americano venceu o US Open.

    Embora grande parte do foco esteja em saber se 2023 será o ano em que a seca de títulos finalmente terminará, os fãs do tênis estão aproveitando para saborear esta partida histórica.

    “Isso é algo especial, um evento cósmico”, disse Art Carrington, ex-tenista profissional que hoje é treinador, à CNN antes da partida. “As personalidades de Tiafoe e Shelton vão enriquecer o jogo”.

    https://twitter.com/usopen/status/1699269615178666446

    A partida entre as duas estrelas em ascensão também renovou o foco nos homens negros que jogam tênis. Tiafoe, 25, e Shelton, 20, se enfrentaram em um estádio batizado em homenagem à lenda negra do tênis, uma figura que quebrou barreiras no jogo.

    Arthur Ashe foi o primeiro afro-americano a ocupar o primeiro lugar no tênis e o primeiro a ganhar vários títulos no esporte, incluindo títulos de simples no US Open, no Australian Open e em Wimbledon. Ele também foi o primeiro negro americano a jogar na equipe da Copa Davis pelos Estados Unidos.

    Carrington, que já foi parceiro de treino de Ashe, disse à CNN que é importante que as gerações mais jovens vejam os homens negros se destacando no tênis.

    “Precisamos ter tênis onde seja visível, onde as pessoas possam ver os [negros] que estão jogando”, disse.

    Ele também disse que embora as pessoas conheçam a história da trajetória de Venus e Serena Williams no tênis, “simplesmente não ouvimos histórias familiares suficientes sobre homens afro-americanos. Este é um ponto importante.”

    Tanto Tiafoe quanto Shelton foram cercados pelo esporte desde muito jovens. Filho de imigrantes serra-leoneses, Tiafoe e sua família moravam em um centro júnior de campeões de tênis, onde seu pai trabalhava na manutenção. Alguns anos depois, ele se matriculou em uma clínica de tênis.

    Em 2022, Tiafoe se tornou o primeiro negro americano a chegar à semifinal do Aberto dos Estados Unidos desde Arthur Ashe em 1972.

    Shelton está seguindo os passos de seu pai, Bryan, um campeão de tênis que conquistou dois títulos profissionais.

    No início deste ano, o pai de Shelton renunciou ao cargo de treinador na Universidade da Flórida para treinar seu filho no tênis profissional.

    Carrington disse que para os jovens negros americanos, ter exposição ao tênis é essencial para o esporte. Cabe às gerações mais velhas, disse ele, transmitir o seu amor pelo jogo.

    Mas antes da partida de terça-feira, Carrington disse que, se estivesse treinando Tiafoe e Shelton, diria a eles para não se concentrarem no peso desse momento histórico. “Tente se divertir”, disse ele. “Deixe o estresse ir.”

    (Ben Church, da CNN contribuiu com a reportagem)

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