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    Serena Williams fez de tudo no tênis, mas ainda tem muito mais pela frente

    Atleta de 40 anos encerra o último capítulo de sua impressionante carreira tendo conquistado 39 títulos em torneios de Grand Slam

    Ben Churchda CNN

    Vinte e sete anos nos torneios profissionais, 23 Grand Slams e uma infinidade de recordes: Serena Williams deixa o tênis como uma das maiores jogadoras a pisar nas quadras.

    Depois de perder para Ajla Tomljanovic no US Open deste ano, a norte-americana fez uma despedida emocionada do esporte que ela ajudou a moldar nas últimas duas décadas.

    Considerando seus padrões impecáveis, provavelmente não era o final que ela esperava, mas a reação das pessoas no estádio Arthur Ashe foi mais uma prova da importância de Williams para o jogo.

    Durante toda a semana no US Open, jogadores e fãs contaram histórias de como a vida de Serena Williams influenciou a deles, e o reconhecimento foi visto desde banners nas arquibancadas a mensagens nas redes sociais.

    A atleta de 40 anos encerra o último capítulo de sua impressionante carreira tendo conquistado 39 títulos em torneios de Grand Slam: 23 em simples, 14 em duplas e dois em duplas mistas.

    Nas simples, no entanto, Williams encerra sua carreira com um título a menos que o recorde de todos os tempos, da australiana Margaret Court –mas ela diz ter feito as pazes com isso.

    “Eu estaria mentindo se dissesse que não queria esse recorde. Lógico que queria”, escreveu Williams quando anunciou sua aposentadoria na revista Vogue. “Queria, deveria, poderia. Eu não ganhei da forma como deveria ou poderia ter ganhado. Mas eu ganhei 23 vezes, então tudo bem. Na verdade, isso é extraordinário”.

    Junto com a irmã Vênus, Serena Williams inspirou uma geração de jovens a pegar numa raquete de tênis e deixou uma marca permanente na modalidade.

    As duas inspiraram Hollywood, em especial o filme “King Richard”, que retratou a dedicação e o foco necessários para toda a família Williams produzir duas das melhores jogadoras que já pisaram numa quadra.

    Seu pai, Richard Williams, é o foco desse filme e, como seu técnico, as treinou rigorosamente nas quadras públicas de Compton, em Los Angeles, nos anos 1990. Foi uma tutoria que cimentou as bases de suas carreiras e inspirou outras pessoas, de qualquer posição econômica ou social, a acreditar.

    “Acho que o legado dela é extremamente amplo, ao ponto de você nem conseguir descrever com palavras”, disse Naomi Osaka, tetracampeã do Grand Slam, ao comentar sobre a influência de Serena Williams antes do US Open. “Ela transformou muito o esporte. Ela colocou pessoas que nunca tinham ouvido falar de tênis nessa modalidade. Eu acho que sou um produto do que ela fez. Eu não estaria aqui se não fosse a Serena, a Vênus, toda a família dela. Eu sou muito, muito grata a ela”.

    A estreia profissional de Serena Williams foi em 1995, quando foi derrotada por Annie Miller com apenas 14 anos de idade. Em seguida, se desenvolveu rapidamente e não precisou esperar muito para ganhar seu primeiro título de Grand Slam no US Open, em 1999.

    Serena Williams comemora com pai, Richard, e irmã, Venus, conquista de Wimbledon
    Serena Williams comemora com o pai, Richard Williams, e irmã, Venus Williams, após final de simples de Wimbledon / PA Images via Getty Images

    Esse foi um troféu que ela ganharia mais outras cinco vezes, viajando pelo mundo e entretendo milhares de fãs no caminho.

    No total, ela conquistou sete títulos individuais em Wimbledon, três no Aberto da França e sete no Aberto da Austrália, tornando-se indiscutivelmente o maior nome do esporte no mundo todo.

    Ela deu adeus a gerações de tenistas, muitas vezes com seu poder e força mental implacáveis. No seu auge, ela era invencível –só ela podia ganhar de si mesma.

    Alguns dos maiores nomes do esporte têm feito homenagens a Williams e às suas conquistas durante o US Open. Após a derrota de sexta-feira (2), o tetracampeão da NBA LeBron James postou um vídeo no Twitter cumprimentando Williams por suas conquistas.

    “Uau, por onde começo?” disse James. “Em primeiro lugar, quero dar os parabéns por uma carreira incrível. Você é uma das “maiores de todos os tempos [do inglês GOAT, Greatest Of All Times]. O que você fez pelo tênis, o que você fez pelas mulheres, e o que você fez pela categoria do esporte é inédito. Ponto final”.

    “Foi uma honra testemunhar sua jornada, ver você conquistar todos os objetivos que quis, ver você quebrar recordes, ver você ser incrível e transcendente não só nas quadras, mas também fora delas”.

    “Eu literalmente posso ficar aqui falando por horas sobre sua jornada, sobre te observar de longe e sobre nossa relação hoje, mas eu não quero te aborrecer com coisas que você já sabe. Então, só quero dizer obrigado por ser essa inspiração para tanta gente”, escreveu o craque do basquete.

    Em um tuíte, Tiger Woods, 15 vezes campeão de golfe, disse: “você é literalmente a melhor dentro e fora das quadras. Obrigado por inspirar todos nós a correr atrás de nossos sonhos. Te amo irmãzinha!!!!!!”

    O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama cumprimentou: “parabéns, Serena, por sua coragem, habilidade, inteligência, dedicação e graça. Poucos atletas inspiraram mais pessoas dentro e fora do esporte!”

    Uma carreira de resiliência

    Ao chegar ao fim de sua carreira, porém, a sempre favorita dos Grand Slams teve de assumir um novo papel –um com o qual estava menos acostumada. Desde que voltou de um intervalo após o nascimento de sua filha, Williams não era mais a atleta de antes.

    A coragem estava lá, obviamente, e havia sinais mais do que suficientes de magia para crer que um 24º título era possível, mas no fim das contas o desafio era grande demais.

    Na verdade, é até notável que Williams estivesse na quadra jogando após correr risco de morte ao dar à luz. Sua filha Olympia nasceu de uma cesariana de emergência e, embora a cirurgia tenha corrido bem, Williams sofreu complicações no pós-parto.

    “Começou com uma embolia pulmonar, uma condição em que uma ou mais artérias dos pulmões ficam bloqueadas por um coágulo sanguíneo”, escreveu a jogadora para a CNN.

    Serena Williams durante partida em Eastbourne, na Inglaterra / 21/06/2022 Action Images via Reuters/Andrew Boyers

    “Por conta do meu histórico médico com esse problema, vivo com medo dessa situação. Então, quando fiquei sem fôlego, não esperei um segundo para avisar as enfermeiras. Isso gerou uma série de complicações de saúde, e tenho a sorte de ter sobrevivido. Primeiro, minha cicatriz da cesariana se abriu com as fortes tosses que acabei tendo por causa da embolia”.

    “Fiz uma nova operação, onde os médicos encontraram um grande hematoma, um inchaço de sangue coagulado, no meu abdômen. E depois ainda voltei para a cirurgia para fazer um procedimento que impede que os coágulos se desloquem para meus pulmões. Quando finalmente fui pra casa e pude ficar com minha família, tive que passar as primeiras seis semanas de maternidade na cama”, contou.

    Assumindo novos empreendimentos

    Essa é uma história de resiliência, uma que é um microcosmo de sua carreira. Serena sempre encontrou uma maneira de estar presente, lutando contra várias lesões e jogando enquanto sofria de depressão pós-parto.

    É por isso que ela será lembrada por muito mais do que suas conquistas no tênis e contratos de patrocínio.

    Ao longo de sua vida, ela sacrificou tudo por sua profissão –é, em última análise, o que a tornou uma das maiores e mais memoráveis atletas do mundo–, mas agora ela está pronta para “evoluir” longe do esporte.

    De acordo com a Reuters, Serena ganhou mais de US$ 94 milhões (cerca de R$ 484 milhões) em prêmios em dinheiro, aproximadamente US$ 340 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão) em contratos de licença e uso de imagem, e seus patrocínios estão longe de diminuir.

    Com a aposentadoria, terá mais tempo para buscar novos empreendimentos, e ela quer muito retribuir por meio de sua atuação como embaixadora de instituições de caridade.

    Serena, sem dúvida, terá uma carreira de sucesso após o tênis, mas o esporte vai sofrer sem ela nos torneios.

    “Eu sou péssima pra despedidas, a pior do mundo. Mas, por favor, saibam que sou muito mais grata a vocês do que consigo expressar em palavras”, escreveu em seu artigo na Vogue.

    “Vocês me levaram a tantas vitórias e tantos troféus. Vou sentir falta dessa minha versão, daquela menina que jogava tênis. E vou sentir saudade de vocês”, finalizou.

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