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    Palmeiras x WTorre: como o clube se irritou até tirar jogos do Allianz Parque

    Campo sintético foi instalado em 2020 e rendeu muitos elogios no início; clube agora se queixa de falta de manutenção e só volta a jogar no estádio com melhorias

    Brenno Costada Itatiaia

    Foi a promessa de uma nova era. A decisão de implantar um gramado sintético no Allianz Parque, em 2020, parecia um sucesso e, nos primeiros atos, foi de fato. Entre shows e outros grandes eventos, o Palmeiras conseguiu mandar jogos no campo sem qualquer queixa, inclusive com elogios do técnico Abel Ferreira.

    Quatro temporadas depois, no entanto, o cenário mudou. O clube se queixa de falta de manutenção e decidiu não mandar mais jogos no estádio até que haja uma melhoria.

    Confira, a seguir, um passo a passo de como essa relação mudou tanto em quatro anos.

    Capítulo 1 – A reforma do gramado

    Era janeiro de 2020 quando quando o Palmeiras divulgou, nas redes sociais, fotos da troca do gramado do Allianz Parque. Naquele momento, iniciava-se a implantação de uma grama sintética, que prometia colocar fim à série de problemas na manutenção da grama natural, com a quantidade de jogos e eventos em sequência no estádio.

    O sistema implantado foi o chamado “Soccer Grass Stadium System”. Já a grama escolhida tem o nome de Soccer Grass MX Elite 50 e foi fabricada na Holanda. Ela possui 50 milímetros de altura e é formada por três tipos diferentes de fios.

    A obra no estádio palestrino iniciou no dia 12 de janeiro com a retirada do piso antigo e durou cinco semanas. A estreia aconteceu na vitória de 3 a 1 do Palmeiras sobre o Mirassol, pelo Campeonato Paulista. Era o começo de uma relação que parecia promissora.

    Capítulo 2 – Os elogios

    Em fevereiro de 2021, o piso do Allianz Parque completou um ano com bons números e sem qualquer problema de manutenção registrado oficialmente. Foram 33 jogos, com 20 vitórias, 10 empates e três derrotas. Desempenho que rendeu ao clube os títulos do Campeonato Paulista e da Copa Libertadores.

    “Nós temos que estudar uma forma de conseguir aumentar a velocidade da bola, mas estamos satisfeitos com o que temos”, disse o técnico Abel Ferreira, após a vitória do Palmeiras sobre o Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro de 2020 – encerrado no ano seguinte por conta da pandemia da Covid-19.

    Capítulo 3 – Sobrou até para os fã de Taylor Swift

    O primeiro grande sinal de insatisfação do Palmeiras com o gramado do Allianz Parque veio do próprio técnico Abel Ferreira.

    Após o Palmeiras vencer o Fluminense por 1 a 0 e praticamente assegurar o título do Campeonato Brasileiro do ano passado, o treinador disparou em uma coletiva de imprensa, pedindo a troca do campo e se queixando de objetos que ficaram no campo de jogo depois do show da cantora Taylor Swift.

    “Não dá para ter grama natural, e eu prefiro, mas não dá. Mas não podemos ter gramado cheio. Vejam a quantidade de coisinhas do espetáculo da Taylor Swift, bebidas que caíram. Teve ontem, mas teve da Taylor. Se o gramado teve dez anos de garantia, acho que na Holanda, que jogam de 15 em 15 (dias), sem poluição. Em São Paulo, shows e jogos de São Paulo. Equipe B, outros jogos… Não há garantia de 10 anos. O gramado está ruim, não tem como mais jogar. Se jogar, vai haver lesões. Eu avisei”, queixou-se o treinador Abel Ferreira.

    “Este gramado tem que ser trocado urgentemente. Não quero saber quem vai pagar. Este gramado não está em condições de jogar futebol. Este gramado é um risco por lesões […]. Espero que no próximo ano (2024) se troque o gramado. Que coloquem o de quando eu cheguei”, acrescentou o comandante português.

    Capítulo 4 – A lesão de Bruno Rodrigues

    Na última quarta-feira (24), o Palmeiras venceu a Inter de Limeira por 3 a 1 pela terceira rodada do Campeonato Paulista. No entanto, o time perdeu um jogador que foi titular no confronto. O atacante Bruno Rodrigues precisou ser substituído.

    Só no dia seguinte que foi divulgado o motivo da saída do atleta. Ele sofreu uma lesão grave no joelho, e o clube passou a discutir, internamente, se o gramado do Allianz Parque poderia ter influenciado no caso. Bruno Rodrigues fez uma artroscopia, no último domingo (28), e pode ficar de três a seis meses fora dos gramados.

    Capítulo 5 – Pasta grudada nas chuteiras durante clássico

    No último domingo (28), o Palmeiras venceu o Santos por 2 a 1, no Allianz Parque, e novas queixas de Abel Ferreira surgiram. Nesse confronto, um vídeo da arquibancada flagrou o goleiro Weverton recebendo a ajuda de um integrante da comissão do Palmeiras para retirar uma “pasta”, que grudou na chuteira. A cena viralizou.

    Capítulo 6 – nova reclamação de Abel Ferreira

    Depois dessa vitória sobre o Santos, o treinador palmeirense voltou a subir o tom em relação ao gramado.

    “Quando cheguei aqui, em 2020, não reclamava do gramado. Era top. Mas aqui no Brasil, por causa de shows, poluição, calor, muitos jogos, o gramado não dura dez anos, como se previa. É preciso manutenção. Soube que em 30 dias trocam, colocam grama nova e a película. Se me chamarem para uma reunião, vou dizer a minha opinião. Isso não está prejudicando só os adversários, está prejudicando o Palmeiras”, disse.

    Questionado se tem algum encontro agendado entre o Palmeiras e a WTorre, empresa que gerencia o estádio, o clube respondeu que não há atualizações sobre o caso.

    Capítulo 7 – Atletas se queixam

    Abel Ferreira não foi o único a comentar o estado do gramado do Allianz Parque. Embora em tom mais ameno, o atacante Flaco López também teceu críticas.

    “Está um pouco pior do que o ano passado, mas acho que Palmeiras já está trabalhando para melhorar as condições. Então, fico mais tranquilo. Acho que o clube vai acertar isso e melhorar”, afirmou.

    Capítulo 8 – A nota oficial do Palmeiras

    Ainda nesse domingo (28), o Palmeiras emitiu uma nota oficial com o capítulo mais tenso da relação com a administradora do estádio.

    A direção do Palmeiras informou que, enquanto o gramado do Allianz Parque não melhorar, o time não mandará mais os jogos no estádio. É provável que a equipe atue na Arena Barueri, praça que umas das empresas da presidente alviverde, Leila Pereira, administra.

    A reportagem entrou em contato com a Soccer Grass, empresa responsável pelo gramado do Allianz Parque, mas, até o momento, não recebeu retorno. Se houver resposta, a matéria será atualizada.


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