Simone Biles é bronze na trave, em prova que marca vitória pessoal da ginasta
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A norte-americana Simone Biles retornou ao tablado da Arena Ariake, em Tóquio, nesta terça-feira (3), buscando uma vitória pessoal. Depois de abandonar a disputa de quatro finais, alegando questões de saúde mental, Biles voltou para competir em sua última decisão nas Olimpíadas 2020, na trave.
Biles fez uma apresentação segura, tirou 14.000 e conquistou o bronze na prova pela segunda Olimpíada consecutiva. A China ficou com as duas primeiras posições: Chenchen Guan, que já havia liderado a classificatória, foi ouro (14.633), e Xijing Tang levou a prata (14.233).
A brasileira Flavia Saraiva, que competiu depois de sofrer uma lesão na classificatória, tirou 13.133 e ficou com o sétimo lugar.

Biles foi a terceira ginasta a se apresentar. Ela simplificou alguns de seus movimentos e teve uma nota de partida mais baixa em relação à classificatória - 6.100, contra 6.500 da performance da semana passada.
Em sua apresentação nesta terça, a norte-americana recebeu 0.066 abaixo em relação à classificatória, quando havia ficado com a sétima melhor nota. Após a performance, no entanto, abriu um sorriso, abraçou as colegas e foi aplaudida pelos presentes na Arena Ariaki.
O desempenho da norte-americana a colocou momentaneamente na segunda posição, atrás de Xijing Tang. Mas Chenchen Guan, última a se apresentar, executou a série mais difícil entre as favoritas, com nota de partida de 6.600, e confirmou o favoritismo, garantindo a medalha de ouro com a nota de 14.633.

Mais do que resultado
Simone Biles surpreendeu o mundo esportivo no último dia 27, quando desistiu da final por equipes após competir em apenas um dos quatro aparelhos, o salto. Ela foi substituída por outra ginasta, Sunisa Lee, e ficou com a medalha de prata junto com o time norte-americano.
A ginasta afirmou que precisava abandonar a disputa por questões de saúde mental, que a colocavam em risco na execução dos movimentos. Posteriormente, ela explicou que estava sofrendo de ‘twisties’, um bloqueio mental a perda de orientação espacial, ligada a sensações como estresse.
Biles acabou ficando de fora das finais do individual geral, salto e solo, onde havia conquistado três medalhas de ouro no Rio-2016, e também das barras assimétricas. Ela retornou apenas para a disputa da trave, onde já havia sido bronze na Olimpíada passada.
Biles encerra sua participação nas Olimpíadas 2020 com duas medalhas - a prata na disputa por equipes e o bronze na trave - que se somam aos cinco pódios conquistados no Rio. O currículo de sete premiações olímpicas coloca Biles como a ginasta com o maior número de medalhas entre as norte-americanas, igualando Shannon Miller, que competiu em Barcelona-1992 e Atlanta-1996.
Brasileira supera lesão para disputar final
Foi a segunda vez que Flávia Saraiva, 21, chegou à final olímpica da trave, três anos depois de terminar em quinto na decisão disputada no Rio de Janeiro. Em Tóquio, a brasileira sofreu com uma lesão no tornozelo direito que a fez abandonar a disputa da classificatória ainda no meio da disputa. Recuperada para a final, ela executou uma série com nota de partida 5.700, com alguns momentos de desequilíbrio. A nota de 13.133 a deixou na sétima posição.
“Eu estou me sentindo muito feliz. Por tudo que eu passei, essa semana, nos últimos três meses, estar numa final olímpica já é a minha medalha”, disse a brasileira.

“Eu lutei todos os dias para estar aqui e isso é o mais importante de tudo. Eu tive um mês e meio para treinar para vir a Tóquio. Eu treino há mais de cinco anos, mas quando você sofre uma lesão, fica três a quatro meses parado para tentar recuperar”, afirmou, ao citar a contusão que atrapalhou sua preparação para as Olimpíadas 2020.
A brasileira ainda elogiou a participação e a postura de Simone Biles. “É muito importante ela falar o que realmente acontece na vida dos atletas. Eu sei o que ela passou, porque isso já aconteceu comigo e acontece na vida de vários atletas. E ver ela aqui hoje, conseguindo quebrar essa barreira, é uma vitória muito grande. Eu acho que esse reconhecimento vale mais que a medalha pra ela”, disse.
A prova da trave fecha a participação brasileira na ginástica artística dos Jogos Olímpicos. A modalidade rendeu duas medalhas para o país, ambas com Rebeca Andrade: o ouro no salto e a prata no individual geral.