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    “O esporte não deve ser politizado”, diz Macron antes do início da Copa do Catar

    Presidente francês respondeu questionamentos a respeito da violação de direitos humanos por parte da península árabe

    Martin Goillandeauda CNN

    “O esporte não deve ser politizado”, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, nesta quinta-feira (17), três dias antes do início da Copa do Mundo de 2022 no Catar.

    “Essas perguntas devem ser feitas sempre que os eventos forem premiados”, disse Macron.

    “Deve ser quando você decide sediar o evento, seja a Copa do Mundo ou as Olimpíadas, que honestamente temos que fazer a pergunta.”

    “E se a pergunta for sobre clima ou direitos humanos, não é preciso perguntar na hora do evento.”

    “A pergunta deve ser feita toda vez que o anfitrião for decidido”, insistiu o presidente francês, falando a repórteres em uma cúpula do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico em Bangcoc.

    Macron, que viajou para a Rússia em 2018 para ver os Bleus conquistarem seu segundo título da Copa do Mundo, também refletiu sobre seu país sediar os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris.

    “A vocação destes grandes eventos é permitir que atletas de todos os países, mesmo por vezes de países em guerra, permitam que o esporte exista e por vezes encontrem, através do esporte, formas de discutir quando as pessoas já não podem falar”, disse.

    Desde que a Copa do Mundo foi concedida ao Catar, há mais de uma década, o evento foi atormentado por polêmicas, com o país anfitrião fortemente criticado por supostas violações de direitos humanos no estado do Golfo, o tratamento de trabalhadores migrantes e o aparente custo ambiental do evento.

    A controvérsia em torno do tratamento da comunidade LGBT também ganhou as manchetes antes do torneio.

    O ex-presidente da Fifa Joseph Blatter, que liderou a organização quando o Catar ganhou os direitos de hospedagem, disse recentemente ao jornal suíço Tages Anzeiger que “o Catar é um erro”, acrescentando que “a escolha foi ruim”.

    Enquanto isso, o time de futebol masculino dinamarquês está proibido de usar camisetas de treinamento que digam “Direitos humanos para todos”, revelou na semana passada o diretor-geral da Federação Dinamarquesa de Futebol (DBU), Jakob Jensen.

    O capitão da França e jogador do Tottenham Hotspur, Hugo Lloris, disse no início desta semana que não se juntaria a outros capitães europeus ao usar uma braçadeira anti-discriminação com as cores do arco-íris durante o torneio, argumentando que “deve-se mostrar respeito” ao país anfitrião, Catar, onde a homossexualidade é criminalizado.

    Um relatório da Human Rights Watch (HRW) publicado em outubro documentou supostos casos de espancamento e assédio sexual.

    Segundo as vítimas entrevistadas pela Human Rights Watch, as forças de segurança supostamente forçaram mulheres transgênero a participar de sessões de terapia de conversão em um centro de saúde mental patrocinado pelo governo.

    “As autoridades do Catar devem acabar com a impunidade da violência contra pessoas LGBT. O mundo está assistindo”, disse Rasha Younes, da Human Rights Watch.

    Um funcionário do Catar disse à CNN que as alegações da HRW “contêm informações que são categórica e inequivocamente falsas”.

    A Human Rights Watch também destacou recentemente “prisões arbitrárias e maus-tratos” de pessoas LGBTQ no Catar.

    “Faltam apenas alguns dias para a Copa do Mundo, mas é muito tempo para o governo do Catar acabar com os maus-tratos às pessoas LGBT”, disse o HRW em um comunicado à imprensa datado de novembro.

    Matt Foster, Zayn Nabbi e Sammy Mngqosini contribuíram para esta reportagem.

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