Máfia das apostas: CBF afirma que “não há possibilidade de suspender competição”
Presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues defende "até o banimento do esporte em casos comprovados"
Em nota publicada na tarde desta quarta-feira (10), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) negou que haja possibilidade de suspensão das competições nacionais diante das suspeitas de envolvimento de atletas “em possíveis atos de manipulação de resultados de partidas”.
Por outro lado, a CBF “defende que a punição de atletas e demais participantes do esquema de fraudes aconteça de forma veemente”.
O presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, enviou ofício à Presidência da República e ao Ministério da Justiça, solicitando que a Polícia Federal entre no caso, com o objetivo de centralizar todas as informações a respeito dos casos em investigação. Enquanto isso, o próprio ministério confirmou que a PF vai abrir inquérito.
Rodrigues ainda afirmou que defende “a suspensão preventiva baseada em suspeitas concretas e até o banimento do esporte em casos comprovados”.
Quem comete crimes não deve fazer parte do futebol brasileiro e mundial
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF
Enquanto os desdobramentos da máfia da aposta esportiva correm, a Série A do Campeonato Brasileiro terá sua quinta rodada realizada entre esta quarta e quinta-feira. E volta para a sexta rodada a partir de sábado. Segundo a entidade, as partidas serão realizadas normalmente.
Alguns clubes, como Santos, Fluminense, Athletico-PR e América-MG, afastaram jogadores citados na Operação Penalidade Máxima.
Trabalho em conjunto com a FIFA
Ainda na nota, a CBF ressalta que vem trabalhando em conjunto com a FIFA e outras esferas internacionais para um modelo padrão de investigação. E “espera que as sanções cabíveis por parte do STJD sejam tomadas de forma exemplar”.
Venho trabalhando em conjunto com a FIFA, demais entidades internacionais, além de clubes e Federações brasileiros, com o intuito de combater todo e qualquer tipo de crime, fraude ou ilícito dentro do futebol.
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF
Entenda a Operação Penalidade Máxima
O Ministério Público de Goiás ofereceu nova denúncia contra 17 pessoas no âmbito da Operação Penalidade Máxima II. Os denunciados são divididos em três núcleos: financiadores, apostadores e intermediadores. Seis jogadores estão denunciados nessa nova fase. A CNN teve acesso à denúncia e detalha as argumentações do MP-GO.
Nove pessoas são investigadas por “dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva”. Efetivamente, são as pessoas que abordaram os jogadores oferecendo valores para cometer pênalti ou ser punido com cartão. A pena de reclusão vai de dois a seis anos e multa.
Os jogadores Eduardo Bauermann (Santos), Victor Ramos (à época na Portuguesa), Igor Carius (à época no Cuiabá), Paulo Miranda (à época no Juventude) e Fernando Neto (à época no Operário-PR) foram denunciados no Art. 41-C do Código Penal Brasileiro. A pena é de reclusão de dois a seis anos para quem solicita ou aceita vantagem ou promessa de vantagem para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva.
Aqui vale ressaltar que os jogadores não necessariamente receberam o dinheiro prometido. Victor Ramos, por exemplo, acertou os detalhes do acordo, mas não chegou a receber o dinheiro, pois a aposta não foi efetivada.
Outros quatro jogadores colaboraram com as investigações e não foram denunciados pelo MP-GO. Onitlasi Moraes Rodrigues Júnior (à época no Juventude), Kevin Lomónaco (Bragantino), Nikolas Santos de Farias (Novo Hamburgo) e Emilton Pedroso Domingues (Inter de Santa Maria) receberam valores e concordaram com a manipulação, mas auxiliaram o órgão público.
Kevin Lomónaco teria aceitado vantagem indevida em um jogo do Brasileirão e recebido R$ 30 mil, mas, quando foi abordado novamente pelos aliciadores para ser advertido num jogo do Campeonato Paulista, negou a proposta.
A investigação ainda está em andamento e o governo federal determinou que a Polícia Federal participará da apuração.
Veja a nota da CBF na íntegra
Com relação a suspeitas de envolvimento de atletas de clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022, em possíveis atos de manipulação de resultados de partidas, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informa que o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, enviou ofício à Presidência da República e ao Ministério da Justiça, solicitando que a Polícia Federal entre no caso, com o objetivo de centralizar todas as informações a respeito dos casos em investigação. A CBF, por sua vez, estará à disposição para dar todo o apoio necessário.
A CBF ressalta, ainda, que não há qualquer possibilidade de a competição atual ser suspensa. E vem trabalhando em conjunto com a FIFA e outras esferas internacionais para um modelo padrão de investigação. Vale lembrar que a entidade, que igualmente é vítima destes possíveis atos criminosos, não foi, até o momento, oficialmente informada pelas autoridades sobre os fatos.
Na reunião ocorrida no último dia 7/03, na sede da entidade, com a participação de Promotores e Procuradores de Justiça de diferentes estados do país e do Conselho Nacional do Ministério Público, a Confederação já havia se colocado à disposição para subsidiar situações desse tipo, sempre que acionada.
A CBF ressalta que, tão logo estejam comprovados os fatos, espera que as sanções cabíveis por parte do STJD sejam tomadas de forma exemplar. Mais uma vez, a entidade reforça que o campeonato não será suspenso, mas defende que a punição de atletas e demais participantes do esquema de fraudes aconteça de forma veemente.
“Venho trabalhando em conjunto com a FIFA, demais entidades internacionais, além de clubes e Federações brasileiros, com o intuito de combater todo e qualquer tipo de crime, fraude ou ilícito dentro do futebol. Defendo a suspensão preventiva baseada em suspeitas concretas e até o banimento do esporte em casos comprovados. Quem comete crimes não deve fazer parte do futebol brasileiro e mundial “, assinalou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.