Brasileiro é esperança de medalha olímpica no mountain bike em Tóquio
Bons resultados e adaptação à pista dão confiança para atleta Henrique Avancini
Ver o ciclista Henrique Avancini cruzar a linha de chegada em primeiro lugar em provas ao redor do mundo tem acontecido cada vez mais vezes. O atleta é o principal nome do Brasil no mountain bike e vai representar o país nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Essa será a segunda Olimpíada na carreira do ciclista. No Rio de Janeiro, em 2016, ele foi o 23º colocado, a melhor posição de um brasileiro naquela edição. Em Tóquio, a expectativa é alta para um resultado bem melhor.
“Venci muitas provas no ano passado, como a Copa do Mundo. Isso tem sido constante nos meus resultados. Se eu fosse um expert do esporte ou um jornalista fazendo uma lista de possíveis favoritos para medalha, acho que me colocaria na lista dos candidatos”, explicou.
Além dos bons resultados, o período de quase três semanas que passou treinando no Japão em 2019 trouxe ainda mais confiança. “Foi uma viagem bastante produtiva. Já rodei boa parte do mundo competindo e treinando, e acho que o Japão talvez seja um dos lugares mais distantes que fui. A prova é disputada em terrenos naturais, então, você precisa entender como é o solo, a tração, a umidade, a temperatura. Eu diria que em relação ao mountain bike a gente encontrou uma condição muito similar ao Brasil, por incrível que pareça, principalmente com a região onde eu moro, em Petrópolis, RJ, por causa da região montanhosa”, contou.
Até o ano passado, Avancini era o líder do ranking mundial. Atualmente, é o quarto. Caso consiga subir ao pódio nos Jogos Olímpicos será um feito histórico para o ciclismo brasileiro em Olimpíadas, já que a melhor colocação do Brasil na modalidade foi um quinto lugar nos Jogos de Roma, em 1960.
Para o jornalista especializado em ciclismo, Fábio Piza, o atleta chega em Tóquio em um momento muito bom. “Talvez nos últimos trinta, quarenta anos, tanto no mountain bike quanto no ciclismo de pista ou de estrada, ele seja o atleta mais próximo dessa chance porque liderou o ranking o ano passado inteiro. Mesmo com a pandemia, teve excelentes resultados. Ele anda muito bem e tem o respeito dos seus concorrentes”, disse.
A pandemia forçou a mudança na programação dos treinos. A preparação final, que deveria ter sido feita em solo olímpico, foi cancelada, e a saída foi treinar perto de casa. Diante dos rivais suíços, franceses e italianos, que carregam a tradição no esporte, Avancini vê uma vantagem.
“Geralmente, os atletas europeus não estão habituados a viajar tanto, a lidar com diferenças climáticas, a estar presente em uma cultura que não é a deles. Isso tem sido a minha vida, há mais de 10 anos é o que eu faço. Fico viajando o mundo, competindo com os melhores na casa deles, no clima deles e no calendário deles. Tenho crescido ano a ano e isso, obvio, traz experiência, certa bagagem, que pesa a meu favor”, explicou.
Confiante no bom momento que vive e com as condições da pista que vai encarar, Avancini espera voltar de Tóquio com uma medalha no peito.