Como a filha de Bob Marley ajudou a salvar o time de futebol feminino da Jamaica
"Eu cresci vendo ele jogar, e também via meus irmãos, Ziggy e Steve. Eles também cresceram jogando futebol, e era algo que eu adorava", disse
O futebol tem consumido boa parte da vida de Cedella Marley. Mas isso não é de surpreender.
Filha do ícone mundial do reggae Bob Marley, que era um famoso amante do esporte, Cedella nunca ficou longe de uma bola de futebol quando criança. Ela se lembra do pai lhe dizer que, se não fosse músico, gostaria de ter sido jogador de futebol.
“Papai jogava todos os dias”, contou Marley ao CNN Sport. “Ele jogava onde quer que estivesse: em turnê, ele encontrava um campo, achava um time”.
“Às vezes, eram os fotógrafos que jogavam; outras vezes, os repórteres, e aí era a banda contra os jornalistas”.
“Eu cresci vendo ele jogar, e também via meus irmãos, Ziggy e Steve. Eles também cresceram jogando futebol, e era algo que eu adorava. Adoro chutar uma bola e era muito competitiva quando meus irmãos me desafiavam.”
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A brasileira Marta é não só a maior artilheira das Copas do Mundo Femininas, mas de todos os Mundiais, incluindo os masculinos. Com 17 gols, ela ultrapassou o alemão Miroslav Klose, que era até então o maior goleador da história do torneio • Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images
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A alemã Birgit Prinz é a segunda maior goleadora da história das Copas femininas. Com 14 gols, está empatada com a norte-americana Abby Wambach. Prinz é bicampeã do mundo, tendo conquistado as taças de 2003 e 2007 • Boris Streubel/Getty Images
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Campeã mundial em 2015, Abby Wambach compartilha com Birgit Prinz o posto de segunda maior goleadora das Copas do Mundo Femininas, atrás apenas de Marta. Ela também tem um vice-campeonato mundial e duas medalhas de ouro olímpicas • Lars Baron - FIFA/FIFA via Getty Images
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A norte-americana Michelle Akers, com 12 gols em Copas, é a terceira maior goleadora da história da competição. Ela tem dois títulos mundiais, em 1991 e 1999 • Doug Pensinger /Allsport
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Bettina Wiegmann, camisa 10 da Alemanha, marcou 11 gols em Mundiais e conquistou o título mundial em 2003 • Stephen Dunn/Getty Image
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A brasileira Cristiane também marcou 11 gols em Copas do Mundo. A atacante, que não disputará o torneio na Austrália e Nova Zelândia, foi vice-campeã em 2007 • Zhizhao Wu/Getty Images
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A chinesa Sun Wen fecha a lista das atletas empatadas em quarto lugar no ranking. Com 11 gols no total, ela foi a goleadora do Mundial em 1999, quando a China terminou com o vice-campeonato • Stephen Dunn/Getty Images
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A canadense Christine Sinclair é uma das três jogadoras empatadas em quinto lugar no ranking de artilheiras das Copas, com 10 gols • Naomi Baker - FIFA/FIFA via Getty Images
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Heidi Mohr, da Alemanha (esq.), também marcou 10 gols em Mundiais. Ela faleceu em 2019, aos 51 anos, vítima de câncer • Bongarts/Getty Images
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Ann Kristin Aarones, jogadora da Noruega, foi campeã do mundo em 1995 com a seleção norueguesa. Empatada com Mohr e Sinclair, anotou 10 gols em Copas
Relembrando o conselho dado a ela por Pelé, Cedella abriu um sorriso largo ao repetir as palavras que o maior jogador brasileiro de todos os tempos lhe disse: “A bola é redonda e sempre bata o pênalti”.
“Então, tudo para mim era pênalti”, riu Marley. “Eu pensava: ‘vou só mirar o gol’, e esse amor é algo que está no meu DNA. E não trocaria isso por nada neste mundo”.
‘Peraí, a Jamaica tem um time de futebol feminino?’
Apesar de gostar de futebol desde sempre, por muito tempo o envolvimento de Cedella Marley com o esporte não ia além de bater uma bolinha com o pai e os irmãos.
Mas isso tudo mudou em 2014, quando um dia seu filho chegou da escola e lhe deu um pedaço de papel, dizendo que seu técnico de futebol tinha pedido para entregar.
“Eu li e pensei: ‘peraí, a Jamaica tem um time de futebol feminino’? De onde veio isso?”, questionou.
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A maranhense Camila tem 22 anos e vai jogar uma Copa do Mundo pela primeira vez. A goleira defende o Santos e a primeira convocação na carreira foi em abril deste ano. Começou a carreira no Sampaio Corrêa e teve passagens por Viana-MA, Chapecoense, Internacional, Iranduba-AM. • Chris Hyde / Getty Images
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Letícia Izidoro deixou a casa dos pais para ser jogadora de futebol. Queria ser atacante, mas se tornou uma das melhores goleiras do Brasil. Começou na Seleção Brasileira Sub-17, vai para a terceira Copa do Mundo como profissional e pela primeira vez como titular. Aos 28 anos, defende o Corinthians. • Chris Hyde / Getty Images
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A pernambucana Bárbara tem 35 anos e defende o Flamengo. É a goleira com mais Copas do Mundo pela Seleção Feminina: já disputou o Mundial quatro vezes na carreira. • Chris Hyde / Getty Images
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Lateral-direita, Antonia é o combustível do grupo. Nasceu no Rio Grande do Norte, tem 29 anos e vai disputar uma Copa do Mundo pela primeira vez. A jogadora já defendeu a Ponte-Preta, Audax, Madrid CFF e atualmente está no Levante (ESP) • Chris Hyde / Getty Images
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Bruninha: Aos 21 anos, a lateral-direita Bruninha disputará a primeira Copa do Mundo Feminina após uma trajetória de conquistas na base. Ela é do Paraná e já jogou pela Chapecoense, pelo Santos, Internacional e atualmente defende o NJ/NY Gotham FC (EUA). • Chris Hyde / Getty Images
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Aos 27 anos, Kathellen vai disputar a segunda Copa do Mundo da carreira. A zagueira é de São Paulo, começou a carreira no Monroe Mustangs (EUA), já defendeu a Inter de Milão e atualmente defende o Real Madrid. • Chris Hyde / Getty Images
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Aos 20 anos, Lauren vai disputar a primeira Copa do Mundo da carreira. A zagueira é cria da base do São Paulo e hoje está no Madrid CFF. A jogadora é de São Paulo e é a jogadora mais jovem convocada pela técnica Pia Sundhage • Chris Hyde / Getty Images
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Aos 36 anos, Mônica vai para a terceira Copa do Mundo da carreira. A zagueira tem 36 anos, é de Porto Alegre, já passou pelo Internacional, Ferroviária, Flamengo, Orlando Pride, Atlético de Madrid e hoje está no Corinthians. Foi a primeira brasileira a atuar pelo Orlando Pride. • Chris Hyde / Getty Images
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Aos 32 anos, Rafaelle Souza vai disputar a segunda Copa do Mundo da carreira. A zagueira é de Cipó (Bahia) e chegou a ser convocada para o Mundial de 2019, na França, mas não jogou por conta de uma lesão. Já defendeu o Arsenal e atualmente está no Orlando Pride (EUA). • Chris Hyde / Getty Images
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Nascida em Maragogi, Alagoas, e com 25 anos, Geyse defende o Barcelona. Com a equipe, foi campeã da Liga dos Campeões neste ano e ela quer mais, e é a Copa do Mundo Feminina. • Chris Hyde / Getty Images
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Na última convocação antes da lista final para a Copa do Mundo, Andressa Alves reconquistou seu lugar na equipe após um gol nos acréscimos na Finalíssima. Agora, a número 7 do Brasil vai defender o país pela terceira vez em uma Copa do Mundo. A meia-atacante é de São Paulo, tem 30 anos e é jogadora da Roma desde 2019. • Chris Hyde / Getty Images
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Ary Borges: Aos 10 anos, deixou a capital São Luís (MA), onde nasceu e cresceu sob os cuidados da avó, para ir morar com os pais em São Paulo. O futebol foi fundamental para a construção da relação entre pais e filha. Ela tem 23 anos, já jogou no Palmeiras e no São Paulo e atualmente defende o Racing Louisville FC. Está vai ser a primeira Copa do Mundo da meia. • Chris Hyde / Getty Images
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Pela primeira vez em uma Copa do Mundo, a mato-grossense Ana Vitória é meia-atacante e tem 23 anos de idade. Atualmente defende o Benfica e é a jogadora brasileira com mais títulos e jogos pelo clube português. • Chris Hyde / Getty Images
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Após ficar fora de duas Copas do Mundo e uma Olimpíada por conta de lesões no joelho, Adriana vai disputar o Mundial pela primeira vez. A meia-atacante tem 26 anos, defende o Orlando Pride (EUA) e vai ser a primeira piauiense a jogar uma Copa do Mundo.
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Desde novinha, Luana já sabia que seria jogadora de futebol. Com apoio do pai, batalhou para realizar o sonho da família. Aos 30 anos, vai disputar a segunda Copa do Mundo da carreira. A meia-atacante é de São Paulo, já jogou no PSG e atualmente defende o Corinthians. • Chris Hyde / Getty Images
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Em 2019, Kerolin testou positivo no exame anti-doping poucos meses antes da Copa do Mundo. O que parecia um sonho próximo: defender a Seleção em um Mundial, virou um pesadelo. Mas ela deu a volta por cima e, hoje, é uma das principais referências do país no meio de campo. A meia tem 24 anos e defende o North Carolina Courage (EUA) • Chris Hyde / Getty Images
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Duda Sampaio nasceu em Jequeti, interior de Minas Gerais, e cresceu jogando bola na zona rural com o irmão. Não pensava em ser atleta profissional, mas aos 22 anos vai disputar a primeira Copa do Mundo da carreira. Atualmente, a meia atacante defende o Corinthians. • Chris Hyde / Getty Images
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Tamires, que disputará a terceira Copa do Mundo da carreira, é uma das líderes da equipe. A zagueira do Corinthians tem 35 anos, é de Minas Gerais e já defendeu Santos e Atlético-MG, além de ser bicampeã da Libertadores pelo Timão. • Chris Hyde / Getty Images
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Esta será a quarta Copa do Mundo da Imperatriz, Bia Zaneratto. A atacante tem 29 anos, é de São Paulo, jogadora do Palmeiras e tem passagens pela Ferroviária, pelo Santos e Wuhan Jianghan, da China. • Chris Hyde / Getty Images
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Uma das principais referências da Era Pia, Debinha é a artilheira no comando da treinadora e peça fundamental no ataque da Canarinho. A atacante defende o Kansas City, tem 31 anos é de Brazópolis, Minas Gerais, e vai disputar a Copa do Mundo pela segunda vez na carreira. • Chris Hyde / Getty Images
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Foram três lesões graves no joelho e quase três anos afastada dos gramados, mas Gabi Nunes deu a volta por cima e vai disputar a Copa do Mundo pela primeira vez. A atacante tem 26 anos, é de São Paulo, já defendeu o Corinthians e atualmente está sem clube após deixar o Madrid CFF. • Chris Hyde / Getty Images
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Seis títulos de Melhor Jogadora do Mundo: nossa rainha Marta. Infelizmente, esta vai ser a última Copa do Mundo da maior artilheira da história das Copas. No total, são seis participações. A alagoana defende o Orlando Pride e tem 37 anos. • Chris Hyde / Getty Images
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Há um ano, Angelina sofreu uma lesão do ligamento cruzado anterior. Foram 10 meses de recuperação até a volta aos gramados. Após muitas incertezas, a atacante do OL Reign (EUA) de 23 anos foi convocada como suplente da Seleção Brasileira no mundial. No entanto, a atacante Nycole foi cortada por lesão, e Angelina foi convocada no lugar. • Chris Hyde / Getty Images
Seis anos antes, em 2008, o subfinanciamento levou a Federação Jamaicana de Futebol (JFF) a dissolver o programa da seleção feminina. O panfleto que o filho de Marley trouxe para casa era um pedido de arrecadação de fundos da JFF para ajudar a reiniciar o programa.
Marley começou a trabalhar quase que imediatamente, e ligou para a federação na manhã seguinte para perguntar do que precisavam.
“As necessidades eram muitas”, relatou Marley, repetindo a frase como se quisesse enfatizar a gravidade da situação.
De viagens e alimentação a alojamento e campos de treinamento, todas as áreas da organização da equipe nacional precisavam de financiamento.
Artista talentosa e vencedora de vários Grammys com a banda Ziggy Marley and the Melody Makers, Marley colocou seus talentos musicais em prática.
“Minha família se uniu a mim e meus irmãos, Damien e Steve, e gravamos uma música chamada ‘Strike Hard’ para arrecadar recursos”, contou.
Com a junção de diversos fatores, como os royalties obtidos com ‘Strike Hard’, uma página do GoFundMe e ter se tornado embaixadora e patrocinadora da seleção feminina com a Bob Marley Foundation, Marley disse que conseguiram arrecadar US$ 300 mil no primeiro ano.
A equipe feminina voltou a ser dissolvida em 2016, mas Marley nunca deixou de se empenhar no programa. Em 2019, seus esforços – e o trabalho de inúmeras outras pessoas igualmente dedicadas à causa – culminaram com a seleção se tornando o primeiro país caribenho a se classificar para uma Copa do Mundo Feminina.
O trabalho de Marley ajudou não só a melhorar os padrões e as condições das jogadoras, mas também a mudar a atitude do país em relação à equipe nacional feminina.
“Durante muito tempo, foi dito a essas meninas que as mulheres nos esportes, especialmente no futebol da Jamaica, não eram assim tão importantes”, relatou Marley. “Tipo, não interessa. ‘Vocês não ganham dinheiro. Não trazem multidões. Não fazem isso, não fazem aquilo'”.
“Ninguém queria negociar acordos de marca conosco porque é a equipe feminina, mas é engraçado ver agora como tudo mudou drasticamente, não só para nossas mulheres, mas em todo o mundo… e isso me empolga muito.”
‘Modo guerreira ativado’
Marley estava falando sobre o treinamento da Jamaica pré-Copa do Mundo em Amsterdã, na Holanda, organizado pelo Ajax e pela Adidas. As jogadoras tiveram todas as suas necessidades satisfeitas com as instalações “fantásticas” que foram oferecidas, prosseguiu.
Com campos de treinamento de primeira, academia, piscina e quadra de basquete, o Friendship Sports Centre (Centro Esportivo da Amizade, em tradução livre) tem “tudo” que as jogadoras jamaicanas precisam para se preparar melhor para a Copa do Mundo, afirmou Marley.
“Lembro-me da época em que era só um salão escuro, em um porão ou algo assim”, recordou Marley com uma risada meio sem graça.
“É uma grande diferença ver como elas estão treinando agora.”
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Pia em campo contra a Noruega, durante a Copa do Mundo Feminina de 1991 • Fifa
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Pia Sundhage no sorteio dos grupos da Copa do Mundo Feminina de 2011, em Frankfurt • Stuart Franklin - FIFA/FIFA via Getty Images
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Pia Sundhage comemora vitória dos Estados Unidos contra a Coreia do Norte, no Mundial de 2011 • Alex Livesey - FIFA/FIFA via Getty Images
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Pia recebeu a medalha de prata do Mundial de 2011 das mãos do então presidente da Fifa, Joseph Blatter • Christof Koepsel/Getty Images
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Pia Sundhage com a comissão técnica da Suécia na Copa do Mundo Feminina de 2015 • Maddie Meyer - FIFA/FIFA via Getty Images
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Foto oficial de Pia Sundhage para a Copa do Mundo Feminina de 2023 • Thais Magalhães/CBF
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Onze das jogadoras que estiveram na última Copa do Mundo também fazem parte da seleção da Jamaica para o torneio na Austrália e Nova Zelândia, e essa experiência adicional significa que as expectativas são ainda maiores desta vez.
Em 2019, na França, a Jamaica caiu num grupo difícil, com Itália, Austrália e Brasil. As “Reggae Girlz” perderam as três partidas, mas fizeram história ao marcar o primeiro gol do país em uma Copa do Mundo Feminina, quando Havana Solaun balançou as redes na derrota por 4 a 1 para a Austrália.
A equipe deste ano conta com várias jogadoras que atuam no mais alto nível em todo o mundo, com destaque para a atacante do Manchester City, Khadija “Bunny” Shaw, que marcou impressionantes 20 gols – além de sete assistências – durante a campanha da Superliga Feminina da última temporada.
O fato de a Jamaica ter tantas jogadoras talentosas para convocar se deve, em parte, ao ex-técnico Hue Menzies, que teve a visão de enviar as melhores promessas do país para escolas nos Estados Unidos quando a liga feminina do país foi dissolvida em 2015 e a seleção ficou inativa.
O crescimento individual e coletivo da equipe nos últimos quatro anos deu à Jamaica uma confiança renovada de que pode melhorar o desempenho visto na França em 2019.
“Queremos ir para lá e queremos ganhar”, afirmou Marley com convicção, sendo que, desta vez, a Jamaica vai enfrentar o Brasil, a França e o Panamá. A classificação para as oitavas de final será difícil, mas a equipe fez história no jogo de abertura contra a França, conquistando o primeiro ponto no torneio após um heroico empate por 0 a 0.
“É simplesmente lindo assistir ao jogo e ver nossas meninas. Elas estão muito concentradas, isso é algo que posso dizer com certeza, e estão entrando em campo com o modo guerreira ativado”.
Porém, nem todos os preparativos para o torneio foram fáceis.
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Estádio Olímpico de Sidney, em Sidney, na Austrália • Photo by David Gray/Getty Images
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Estádio Olímpico de Sidney: Utilizado apenas no mata-mata, o estádio será sede da grande final da Copa do Mundo Feminina, em 20 de agosto • Photo by Cameron Spencer/Getty Images
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Sidney Football Stadium, em Sidney, na Austrália • Photo by Cameron Spencer/Getty Images
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Sidney Football Stadium
Jogos na Fase de Grupos: Austrália x Irlanda; Inglaterra x Dinamarca; França x Jamaica; Panamá x França; Colômbia x Coreia do Sul; e Alemanha x Colômbia • Photo by Matt King/Getty Images
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Suncorp Stadium, em Brisbane, na Austrália • Photo by Jono Searle/Getty Images
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Suncorp Stadium
Jogos na Fase de Grupos: Austrália x Nigéria; Irlanda x Nigéria; Inglaterra x Haiti; França x Brasil; e Coreia do Sul x Alemanha • Photo by Ian Hitchcock/Getty Images
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AAMI Park, em Melbourne, na Austrália • Photo by Scott Barbour/Getty Images
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AAMI Park
Jogos na Fase de Grupos: Nigéria x Canadá; Canadá x Austrália; Jamaica x Brasil; e Alemanha x Marrocos • Photo by Darrian Traynor/Getty Images
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Perth Rectangular Stadium, em Perth, na Austrália • Photo by Paul Kane/Getty Images for FIFA
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Perth Rectangular Stadium
Jogos na Fase de Grupos: Canadá x Irlanda; Dinamarca x China; Haiti x Dinamarca; Panamá x Jamaica; e Marrocos x Colômbia • Photo by Paul Kane/Getty Images
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Hindmarsh Stadium, em Adelaide, na Austrália • Photo by Morne de Klerk/Getty Images
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Hindmarsh Stadium
Jogos na Fase de Grupos: China x Haiti; China x Inglaterra; Brasil x Panamá; e Coreia do Sul x Marrocos • Photo by Robert Cianflone/Getty Images
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Eden Park, em Auckland, na Nova Zelândia • Photo by Bastiaan Beentjes/Getty Images
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Eden Park
Jogos na Fase de Grupos: Nova Zelândia x Noruega; Noruega x Filipinas; Espanha x Zâmbia; EUA x Vietnã; Portugal x EUA; e Itália x Argentina • Photo by Hannah Peters/Getty Images
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Wellington Regional Stadium, em Wellington, na Nova Zelândia • Photo by Masanori Udagawa/Getty Images
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Wellington Regional Stadium
Jogos na Fase de Grupos: Nova Zelândia x Filipinas; Espanha x Costa Rica; Japão x Espanha; EUA x Países Baixos; Suécia x África do Sul; Suécia x Itália; e África do Sul x Itália • Photo by Hagen Hopkins/Getty Images
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Forsyth Barr Stadium, em Dunedin, na Nova Zelândia • Photo by Joe Allison/Getty Images
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Jogos na Fase de Grupos: Filipinas x Suíça; Suíça x Nova Zelândia; Japão x Costa Rica; Países Baixos x Portugal; Vietnã x Países Baixos e Argentina x África do Sul • Photo by Shaun Botterill/Getty Images
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Waikato Stadium, em Hamilton, na Nova Zelândia • (Photo by Phil Walter/Getty Images
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Jogos na Fase de Grupos: Suíça x Noruega; Zâmbia x Japão; Costa Rica x Zâmbia; Portugal x Vietnã e Argentina x Suécia • Photo by Dean Mouhtaropoulos - FIFA/FIFA via Getty Images
No mês passado, muitas das jogadoras da equipe principal escreveram uma carta aberta à JFF expressando sua “maior decepção” com o que descreveram como condições “inferiores” durante a preparação para a Copa do Mundo.
A carta também alegava que a JFF não cumpriu com os “pagamentos acordados contratualmente”.
A CNN entrou em contato com a JFF para comentar o assunto, mas ainda não obteve resposta. Numa declaração publicada em seu site, a JFF reconheceu que “as coisas não foram feitas com perfeição”, mas que está “trabalhando assiduamente para resolver” as preocupações das jogadoras.
Além disso, o presidente da JFF, Michael Ricketts, disse no mês passado que a federação queria “garantir o máximo possível para as meninas”, informou a Reuters.
Chinyelu Asher, que jogou pela Jamaica na última Copa do Mundo, disse à CNN que o objetivo da declaração era “envolver” a federação e fazê-la levar a equipe feminina mais a sério.
“As pessoas querem saber qual foi o progresso em relação à última Copa do Mundo e eu digo: ‘Bom, aqui estamos nós fazendo tudo de novo'”, disse Asher, referindo-se aos problemas anteriores que a equipe enfrentou.
Segundo Asher, as Reggae Girlz agora têm um acordo contratual com a federação nacional, mas mesmo assim tiveram de fazer uma declaração pública para garantir que recebessem o melhor apoio possível para uma Copa do Mundo.
Marley afirma que não entrou em contato com a federação desde a carta aberta das jogadoras, preferindo focar apenas em como ela pode ajudar diretamente a equipe feminina. Mesmo quando se envolveu pela primeira vez com o time em 2014, Marley diz que teve pouco contato com a JFF.
“Eu falei com as meninas para saber quais eram as suas necessidades, porque não podia ser eficaz só sabendo qual é o problema da JFF”, esclareceu. “Prefiro saber quais são as necessidades da equipe feminina”. “Não me preocupo com assuntos que não me dizem respeito. As meninas falaram; espero que a federação tenha ouvido.”
“Mas o que faço primeiro é ter conversas diretas com as meninas, para ver como posso ajudá-las depois, porque não acho que a federação jamaicana seja diferente de qualquer outra federação”, acrescentou Marley, mencionando a disputa em andamento entre as “Lionesses” da Inglaterra e a federação sobre o pagamento de bônus.
‘Futebol é liberdade’
Mesmo com tudo o que conquistou ao lado da seleção feminina, talvez o maior feito de Marley no futebol seja a fundação de sua iniciativa “Futebol é liberdade” (“Football is Freedom”, no original em inglês).
O nome foi tirado de uma das célebres citações de seu pai e, em outubro de 2021, a iniciativa foi lançada com um treinamento de uma semana em Fort Lauderdale, Flórida, proporcionando às seleções femininas da Jamaica e da Costa Rica instalações de treino antes de se enfrentarem em um amistoso.
Desde então, a iniciativa se expandiu. Em fevereiro do ano passado – no que seria o 77º aniversário de seu pai – a “Football is Freedom” organizou a primeira clínica de futebol feminino na Jamaica, com foco no desenvolvimento das jovens como jogadoras e como pessoas.
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Bola da Adidas para a Copa do Mundo Feminina 2023 • Divulgação/Adidas
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Jogadora alemã Jule Brand • Divulgação/Adidas
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Atacante australiana Mary Fowler • Divulgação/Adidas
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Atacante espanhola Athenea del Castillo • Divulgação/Adidas
Marley explica que sua iniciativa visa ajudar as meninas a desenvolver habilidades para a vida, oferecendo-lhes mentoria e oportunidades de educação superior.
“Peguei tudo o que aprendi nos últimos nove anos e apliquei na construção do que espero ser um futuro melhor, não apenas para meu país; e espero que a ‘Football is Freedom’ seja uma iniciativa que o mundo irá adotar”, declarou Marley.
“Estamos começando com a base na Jamaica agora… e estamos dando a todas as meninas a oportunidade de virarem o jogo, não apenas no campo, mas em suas casas, em suas comunidades e na vida como um todo.”
Marley admite que nunca entendeu a citação do pai quando era mais nova, mas agora ela bate profundamente com tudo aquilo que viveu nos últimos nove anos.
“É como se eu estivesse vivendo isso”, refletiu.
O futebol pode ser uma saída para as meninas que vivem em “comunidades difíceis” na Jamaica, comentou Marley. Algumas jogadoras já ganharam bolsas de estudo, e o sucesso da “Football is Freedom” fez com que a iniciativa fechasse parcerias com a Adidas e a “Common Goal”.
Ela viu em primeira mão como algumas das meninas são talentosas e diz que esse talento natural para o futebol “pode mudar suas vidas”. Tudo o que elas precisam, segundo ela, é receber a “estrutura adequada”.
“Sinto que tive sorte até agora, mas sei que não é fácil fazer o que estou tentando fazer”, ponderou Marley. “Será necessário um grupo de pessoas que acreditam na mesma coisa para fazer a diferença.
“Por isso, estou buscando aqueles que acreditam que, de alguma forma, podem mudar a mentalidade das pessoas, porque essas meninas merecem essa oportunidade.
“Toda e qualquer oportunidade que pudermos dar a elas.”