Comissão de Ética da CBF recomenda suspensão de Caboclo por 15 meses
Presidente afastado é investigado por assédio sexual e moral contra funcionária da entidade; outros dois processos seguem em andamento
A Comissão de Ética do Futebol Brasileiro, vinculada à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), recomendou, na terça-feira (24), a suspensão por 15 meses do presidente afastado Rogério Caboclo no primeiro dos três processos que ele responde.
Caboclo é acusado de ter cometido assédio moral e sexual contra uma funcionária que trabalha há mais de nove anos na entidade. As informações foram confirmadas à CNN por pessoas ligadas à comissão.
As investigações usaram como base gravações entregues pela vítima, além de relatos de episódios em que ela teria sido assediada. Os advogados protocolaram a denúncia no início do mês de junho. Dois dias depois ele foi afastado. Como já foram cumpridos três meses de afastamento, ele teria mais 12 meses fora do cargo pela frente.
A investigação correu em uma câmara interna da Comissão presidida pela delegada federal aposentada Gladys Regina Miranda. Ela ouviu, além da denunciante e do próprio Caboclo, outras testemunhas indicadas. Mas a decisão foi tomada em outra instância, a Câmara de Julgamento.
A recomendação de afastamento feita pela Comissão de Ética precisa agora ser avaliada pela Assembleia-Geral da CBF, que tem autonomia ainda para destituir o presidente, segundo o Código de Ética.
Compõem a Assembleia-Geral os 27 dirigentes de federações estaduais do futebol brasileiro. Atualmente, um deles comanda a instituição – Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como ‘Coronel Nunes’, que como presidente da federação paraense foi alçado ao cargo de vice-presidente da CBF e, agora, presidente em exercício.
Para que a punição seja aplicada definitivamente, 3/4 dos membros da Assembleia precisam ratificar a decisão da Comissão. A Assembleia, que aconteceria nesta quarta-feira (25), foi adiada.
O presidente afastado ainda será investigado e julgado pela Comissão de Ética em outros dois processos, um sobre mais uma funcionária da entidade e outro aberto depois da denúncia de um diretor da CBF. No que se refere à funcionária, a CNN apurou que ela acusa Caboclo de tentar assediá-la em pelo menos três oportunidades durante um voo internacional em 2020.
Membros da diretoria da entidade revelaram à CNN que o presidente afastado tentou usar R$ 8 milhões da entidade em troca do silêncio da vítima. Rogério Caboclo nega todas as denúncias de assédio.
Caboclo vai recorrer
“Recebo com tranquilidade a decisão da Comissão de Ética do Futebol. A rejeição da acusação de assédio é correta e era esperada, uma vez que nunca cometi esse ato e minha defesa comprovou minha inocência. Essa decisão mostra o quão ilegal e açodada foi a decisão da mesma comissão de me afastar do cargo antes de abrir espaço para que eu me defendesse”, disse Caboclo em nota.
Ele ainda chama de “injusto e ilegal” o afastamento por mais 12 meses, atribuindo a punição a uma suposta articulação de oponentes políticos dentro da entidade. O dirigente de futebol afirmou que a defesa dele recorrerá da punição nas ‘instâncias adequadas’.
Como tem feito ao longo do processo, a CBF informou que não se manifestará sobre a decisão da Comissão de Ética, que trata como órgão independente. A CNN procurou os advogados da denunciante e aguarda resposta.