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    COI investiga caso de atleta de Belarus e retira técnicos da Vila Olímpica

    Comitê apurará o caso de Krystsina Tsimanouskaya e retirou o credenciamento dos treinadores de atletismo do país

    Daniel Fernandes*, da CNN, em São Paulo

    O Comitê Olímpico Internacional (COI) afirmou nesta quinta-feira (5), em suas redes sociais, que uma comissão foi formada para investigar o caso da velocista de Belarus Krystsina Tsimanouskaya e que os treinadores da equipe de atletismo do país tiveram o credenciamento removido e foram retirados da Vila Olímpica.

    A atleta de 24 anos deveria competir nos 200 metros femininos nas Olimpíadas de Tóquio na segunda-feira (2), mas, em vez disso, disse que os dirigentes da equipe tentaram mandá-la de volta à força para Belarus contra sua vontade, depois que ela criticou as autoridades esportivas. 

    Tsimanouskaya disse que foi ameaçada por funcionários da equipe por ir contra a decisão de inscrevê-la no revezamento 4×400 — um evento em que ela não havia competido antes — sem seu consentimento. Ela disse que seus treinadores não lhe contaram quem tomou a decisão de mandá-la para casa.

    Em uma postagem no Instagram, Tsimanouskaya disse que os oficiais da equipe a fizeram empacotar seus pertences, dizendo que ela estava sendo cortada da equipe olímpica e levada de volta para Minsk. Ela foi levada ao aeroporto de Haneda no domingo (1º), mas se recusou a embarcar no voo no Japão, dizendo que temia por sua segurança e que seria presa em seu país de origem.

    No aeroporto, Tsimanouskaya disse que usou um aplicativo de tradução em seu telefone para digitar que precisava de ajuda e mostrou a um policial japonês. Ela, então, foi atendida pelas autoridades japonesas.

    Krystsina Tsimanouskaya
    Foto: Kyodo News/AP

    “Uma comissão disciplinar do COI foi criada no caso de Krystsina Tsimanouskaya para esclarecer as circunstâncias do incidente e os papéis que os treinadores Artur Shimak e Yury Maisevich exerceram. No interesse do bem-estar dos atletas do comitê de Belarus que ainda estão em Tóquio e como medida provisória, o COI cancelou e removeu na noite passada os credenciamentos dos dois treinadores”, diz o comunicado do comitê.  

    Segundo o COI, os treinadores já “foram convidados a deixar a Vila Olímpica imediatamente e assim fizeram”.

    O comitê olímpico de Belarus informou que os dois treinadores retornarão em breve a Minsk, e que pode apelar da decisão do COI, de acordo com a agência de notícias Belta, controlada pelo governo do país.

    Atleta busca refúgio na Polônia 

    Na quarta-feira (4), Tsimanouskaya foi vista chegando ao aeroporto de Narita, no Japão. Mais tarde, ela embarcou no voo OS52 da Austrian Airlines com destino à Viena e, depois, viajou da Áustria para a Polônia, onde recebeu refúgio seguro e um visto humanitário do primeiro-ministro do país, Mateusz Morawiecki.

    Em declarações à CNN na terça-feira (3), Tsimanouskaya disse que estava chateada por ter tido negada sua chance de estar nas Olimpíadas.

    “Estava pronta para os Jogos, principalmente para os 200 metros. Tiraram meu sonho de me apresentar nas Olimpíadas. Tiraram essa chance de mim”, disse ela.

    Sua situação dramática dominou as manchetes globais em torno dos Jogos e, embora seus comentários não tenham sido abertamente políticos, seu caso aumentou os temores sobre a segurança daqueles que falam contra as autoridades belarrussas.

    Krystsina Tsimanouskaya
    Foto: Koji Sasahara/AP

    Retaliações

    Atletas belarrussos enfrentaram retaliação, foram detidos e excluídos das seleções por criticarem o governo após protestos em massa no ano passado contra o presidente Alexander Lukashenko, que governa o país do leste europeu desde 1994.

    Milhares de pessoas foram presas nos protestos, que foram brutalmente reprimidos pelas autoridades em meio a relatos generalizados de abuso e tortura.

    O comitê do país afirma que Tsimanouskaya foi retirada dos Jogos devido a seu “estado emocional e psicológico”. No entanto, a atleta refuta essa afirmação, dizendo que nenhum médico a examinou e que ela não tinha problemas de saúde ou problemas mentais.

    Krystsina Tsimanouskaya
    Foto: Andrea Rosa/AP

    Tsimanouskaya disse à CNN que percebeu que poderia estar em perigo quando ligou para a avó antes de ser levada ao aeroporto pelos funcionários da equipe.

    “Ela disse que eu não deveria voltar para Belarus porque não era seguro para mim lá. Ela disse que eles estavam falando mal de mim na televisão (estatal), que eu estava doente; que tinha problemas psicológicos”, disse Tsimanouskaya.

    “Meus pais entenderam que, se disseram esse tipo de coisa sobre mim na TV, eu provavelmente não poderia voltar para minha casa em Belarus… Não sei para onde eles me levariam. Talvez para a prisão, ou talvez, mais provavelmente, para um hospital psiquiátrico.”

    (Com informações de Taylor Barnes, Sara Turnbull e Helen Regan, da CNN, e da Reuters)

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