Clássico com duas torcidas resiste no Brasil, mas é cada vez mais raro; veja levantamento
Principal clássico de Minas Gerais, Atlético-MG x Cruzeiro já viveu essa realidade, depois contou com torcida visitante em minoria e agora terá torcida única
Um acordo entre Atlético-MG e Cruzeiro, divulgado na última segunda-feira (29) pelos clubes, definiu que o principal clássico de Minas Gerais contará somente com torcida única pelo menos até o fim de 2025. Fora em ocasiões pontuais, o fato é novidade no confronto histórico, que já contou com torcida visitante em minoria e, até o início dos anos 2010, geralmente com o estádio meio a meio.
O clássico com 50% do estádio para cada torcida, inclusive, é algo que resiste no Brasil. De acordo com levantamento feito pela Itatiaia, levando em consideração os principais clássicos de 11 estados do Brasil. Somente em três praças o clássico segue nesse estilo: no Pará, no Ceará e no Rio de Janeiro, sendo que neste último isso é uma realidade mais viável para jogos do Campeonato Carioca.
Belém, capital paraense, inclusive se prepara para o clássico entre Paysandu e Remo. Os times vão duelar no RePa pela quinta rodada do Campeonato Paraense, às 17h (de Brasília) de domingo (4), em um Mangueirão dividido com as duas torcidas.
No Ceará, o Clássico-Rei entre Fortaleza e Ceará foi com torcida dividida em 2023 e assim deve seguir para esta temporada. CEO do Fortaleza, Marcelo Paz disse, à Itatiaia, que essa é a oportunidade de uma festa dos torcedores para a partida, geralmente disputada no Castelão.
“Acho que a essência do futebol são as duas torcidas. O clássico aqui no nosso estado é algo muito bonito de se ver, as torcidas vibrando de lado a lado, fazendo duelo de músicas, de mosaico, de quem traz mais gente. Isso é a essência do futebol, é onde a gente foi criado, onde a gente cresceu, e torço e trabalho para que o futebol, os clássicos, sempre possam ter duas torcidas”, afirmou.
“Não estou aqui fazendo qualquer crítica a qualquer realidade de cada estado, aí são questões locais. Bem verdade que a violência hoje no futebol atrapalha um pouco que isso aconteça. Mas enquanto puder trabalhar, ter relação harmônica com diretoria do nosso rival para que a gente possa promover ambiente de paz nos estádios e que sejam ambiente de a torcida estar vibrando, a gente vai trabalhar. Espero que a gente continue assim no nosso estado”, completou.
À reportagem, o presidente do Ceará, João Paulo Silva, ratificou a importância do Castelão meio a meio em clássicos. “Sem dúvida nenhuma que o Clássico-Rei fica ainda mais relevante e empolgante com as duas torcidas no estádio. Juntamente com o poder público, nós, enquanto clubes, temos o dever de conscientizar os nossos torcedores para que os confrontos se limitem ao campo de jogo”, disse.