Após despedida, Formiga pede mudanças na CBF e diz que não deixará futebol
Se ficar longe, acho que vou enlouquecer, são quase 30 anos de entrega total ao futebol então ficar fora está fora de cogitação, disse Formiga à CNN
Quarenta e três anos de vida, vinte e seis de Seleção Brasileira, 7 Copas do Mundo, 2 medalhas olímpicas, 3 vezes campeã do Pan-Americano e da Libertadores. Números que resumem, mas estão longe de serem suficientes para contar a história de Miraildes Maciel Mota, a Formiga.
Em entrevista à CNN, a mulher que é simbolo de resistência e transformação no futebol feminino contou os bastidores da sua despedida da Seleção Brasileira, os desafios que ainda precisam ser vencidos na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de seu futuro e o destino não poderia ser outro: seguir no futebol.
A meio-campista fez sua última aparição com a camisa verde e amarela na partida de estreia da Seleção Feminina no Torneio Initernacional contra a Índia, no dia 25 de novembro, na Arena Amazônia, em Manaus.
“Eu queria que algumas jogadoras estivessem por lá, mas era Data-Fifa e muitas não puderam. Mas o que me deixou feliz, foi a presença da minha mãe. Então eu tive que segurar a emoção e foi maravilhoso” contou.
Perguntei à Formiga quando foi que ela percebeu que realmente tinha conseguido realizar o sonho que para muitas era impossível, e ela disse: “Foi quando comecei no primeiro clube que joguei. Muitas pessoas duvidavam de que eu poderia chegar onde cheguei e até me puxavam para trás”, declarou.
“Mas ainda mais quando ganhei minha primeira medalha. Aí sim foi sensacional, pois era um sonho. Além de ganhar, mas também de expor aquilo que eu carregava por tantos anos. Meu grito de liberdade: podemos! E ninguém teria como falar que não conquistei nenhum medalha”, completou.
A caminhada na Seleção começou em 1995 e desde então, somou 26 anos de estrada representando o país e formou com Marta e Cristiane o trio mais emblemático do futebol disputado pelas mulheres. Agora que estará fora dos gramados, sonha que o projeto voltado para a base seja um modelo a ser seguido também por aqui.
“A reformulação do trabalho de base é super importante para as meninas chegarem mais experientes nos torneios internacionais, e que elas tenham a consciência de que precisam trabalhar para se manter na Seleção. Que tenham gana de construir sua história e dar suas contribuições para o futebol feminino no país.”
Ainda ressalta que há ainda muito o que ser mudado dentro da CBF. “Ainda existem pessoas lá dentro que são contra o futebol feminino. A gente encontra essa pequena resistência, mas aos poucos vamos conquistando e fazendo esses corações de pedra entenderem que o futebol feminino é realidade no país, que a camisa da Seleção Brasileira é muito valiosa e que existem muitas meninas sonhando em um dia vesti-la.”
Por isso, a soteropolitana deseja trilhar novos caminhos dentro do futebol para, segundo ela, fazer as mudanças acontecerem.
“Eu vinha pensando em fazer o curso da CBF para ser treinadora ou o curso de gestão. Mas acredito que vou me encaixar mais em gestão do que ali na beira do campo. Mas claro, se puder fazer os dois cursos, farei.”
“E no que eu puder ajudar nos bastidores, buscar melhorias quero bater de frente. Pois tem coisas que quando você está dentro das quatro linhas não está ao seu alcance. Mas espero que na gestão eu consiga. Porque vou meter o pé na porta e não sei pedir licença (risos)”, finalizou.