Anderson Silva: policiais me seguiam até minha casa nos EUA
Lutador brasileiro comentou manifestações e relembrou caso de racismo contra sua irmã, “pintada por giz”
O lutador brasileiro Anderson Silva revelou nesta quarta-feira (03) em entrevista à CNN que já foi seguido por policiais durante a construção de sua residência em Los Angeles, nos Estados Unidos. ‘Spider’, como é conhecido, postou uma foto no Instagram acorrentando para se manifestar contra o racismo após a morte de Geiorge Floyd, homem negro assassinado por um policial branco durante uma abordagem na cidade de Minneapolis.
“Quando eu mudei pra cá, onde a gente mora agora, quando a gente estava construindo a casa, eu tive vários problemas aqui com a polícia da área. A gente vinha visitar a obra e até depois mesmo com a casa construída, dirigindo pra cá, a polícia parava e perguntava ‘você está indo aonde, onde você mora?’. Os policiais me seguiam até a frente da minha casa para realmente saber se eu morava aqui… existem os dois lados, que eles nunca me viram por aqui, outra que é a segurança do bairro, não sei, mas eu prefiro acreditar que seja por isso, pelo meu carro ser um carro que ninguém tinha visto ainda”, contou o lutador.
“Pararam meus filhos, esposa, todas as pessoas da minha casa, várias vezes”, completou o lutador, que vive há cerca de 10 anos nos Estados Unidos.
Anderson Silva também contou que sofreu e vivenciou situações de racismo antes da fama. “Passei por situações na minha infância de racismo, trabalhando numa rede de lanchonete muito famosa. Um senhor entrou e eu estava no balcão. Ele perguntou se tinha alguém para atender. Eu falei ‘claro’. Ele disse que não queria ser atendido por um negro. Minha irmã também, na escola, quando criança, as meninas seguraram ela e pintaram ela de giz.”
Manifestações
Sobre os protestos nos Estados Unidos e em vários lugares do mundo, Anderson Silva afirmou que as manifestações são legítimas, mas que não devem ter violência. “A gente espera que ocorra uma mudança, pois isso vem acontecendo há muitos anos, no Brasil também. Mas é importante que nossos governantes entendam que é o direito de sermos respeitados como negros. Isso que está faltando”.
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O lutador também disse que procura conversar com seus filhos e familiares sobre o assunto. “Digo que a primeira coisa é entender os direitos como cidadão. Quando você entende seus direitos e deveres de ir e vir, não existe diferença racial. Esse é o debate diário com meus filhos aqui, principalmente agora. É o conhecimento de causa que vai te dar o poder para que abra portas e imponha seus direitos sem ter de ser violento”.