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    Testosterona deixará de ser pré-requisito para atletas trans nas Olimpíadas

    Comitê Olímpico Internacional anunciou nova diretriz que será aplicada após Jogos de Inverno de 2022

    Becky Thompsonda CNN*

    O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou uma nova diretriz para atletas transgêneros, dizendo que nenhum atleta deveria ser excluído da competição por ter uma suposta vantagem por causa de seu gênero.

    A nova orientação do COI é o resultado de um processo de dois anos de consultas com mais de 250 atletas e outras partes interessadas.

    Publicada nesta terça-feira (16), a diretriz não é legalmente vinculante e deixará a cargo das federações esportivas determinar individualmente se um atleta possui vantagem desproporcional.

    O documento de dez tópicos será aplicado após os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, em Pequim, mas a expectativa é de que nem todos os esportes estejam preparados para encontrar uma solução para seus atletas antes da Olimpíada de Paris, em 2024.

    “O que estamos oferecendo a todas as federações internacionais é nossa expertise e um diálogo, ao invés de tirar conclusões precipitadas”, disse Kaveh Mehrabi, diretor do Departamento de Atletas do COI.

    “Esse é um processo que precisamos ir de federação em federação, consultar caso a caso, e ver quais as necessidades.”

    Essa nova orientação substitui as diretrizes anteriores do COI, emitidas em 2015.

    A política anterior do Comitê permitia que atletas transgêneros competissem, desde que comprovassem que seus níveis de testosterona estavam abaixo de um certo limite por pelo menos 12 meses antes de sua primeira competição.

    No anúncio, o COI disse que a nova diretriz abandonará essa postura, com o diretor médico do COI, Richard Budgett, dizendo: “Você não precisa usar testosterona (para decidir quem pode competir). Mas isso é uma orientação, não uma regra absoluta.”

    Há um debate na comunidade científica se os hormônios andrógenos, como a testosterona, são parâmetros úteis para se medir a vantagem atlética.

    As novas diretrizes também se aplicam a atletas com distúrbios de diferenciação sexual (DDS), como a corredora de 800 metros sul-africana Caster Semenya, cujos níveis de testosterona foram registrados como altos demais para competir como mulher em alguns eventos.

    O anúncio acontece após os Jogos de Tóquio de 2020, que foram rotulados como a Olimpíada mais inclusiva até o momento. O site Outsports reportou em julho de que haveria pelo menos 180 atletas olímpicos LGBTQIA+ em Tóquio e pelo menos quatro atletas trans ou não binários.

    A jogadora de futebol Quinn se tornou a primeira atleta transgênero e não binária a competir nos jogos, e a primeira a ganhar uma medalha com a equipe feminina canadense, que conquistou o ouro em Tóquio.

    Enquanto isso, a halterofilista neozelandesa Laurel Hubbard foi a primeira mulher trans a competir em Olimpíada. Ela competiu na categoria feminina superpesada (acima de 87 kg), mas não conseguiu realizar com sucesso nenhum levantamento.

    O COI também disse que os “testes de sexo” ou inspeções genitais usadas para verificar o sexo de um atleta eram “desrespeitosos” e “potencialmente prejudiciais”.

    “Nós realmente queremos ter certeza de que os atletas não sejam pressionados ou coagidos a tomar uma decisão prejudicial sobre seus corpos”, disse Magali Martowicz, chefe de direitos humanos do COI.

    A diretriz enfatiza que os atletas devem fazer parte do processo de tomada de decisão e diz que essas orientações estarão sujeitas a revisões periódicas para refletir “quaisquer desenvolvimentos éticos, de direitos humanos, jurídicos, científicos e médicos relevantes nesta área.”

    * (Matéria traduzida. Leia a original aqui).

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