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    Disputas internas e guerra da Ucrânia ameaçam o boxe olímpico

    Federação de Boxe dos EUA acusou a Associação Internacional de Boxe (IBA), liderada pela Rússia, de uma possível “sabotagem”

    Ben Morseda CNN

    O boxe é um esporte olímpico que tem suas origens na Grécia Antiga, e ajudou estrelas do ringue como Muhammad Ali, George Foreman, Joe Frazier, Nicola Adams, Claressa Shields e Katie Taylor a se tornarem conhecidas do público global. Hoje em dia, no entanto, o boxe olímpico está em risco.

    A USA Boxing acusou a Associação Internacional de Boxe (IBA), liderada pela Rússia, de uma possível “sabotagem”, dizendo que a IBA havia anunciado um processo de qualificação “falso e enganoso” para os Jogos Olímpicos de 2024.

    Essa disputa ocorre após a tensão entre a IBA e o Comitê Olímpico Internacional (COI), bem como várias federações de boxe ao redor do mundo, que levou oito países, incluindo os Estados Unidos, a boicotar os próximos campeonatos mundiais feminino e masculino.

    Começo dos Problemas

    As tensões começaram a surgir em 2019. Um relatório, sancionado pelo COI, sobre a gestão do esporte pela IBA, recomendou que a associação fosse suspensa de seu direito de organizar o torneio de boxe nas Olimpíadas de 2020, devido à “gravidade contínua das questões nas áreas de finanças, governança, ética, arbitragem e julgamento”.

    O membro do COI, Nenad Lalovic, entregou o relatório ao executivo do COI, dizendo que a IBA pode atingir uma dívida de até US$ 31 milhões até o final de junho de 2021.

    Na época, o presidente interino da IBA, Mohamed Moustahsane, disse que era imperativo que a organização “se unisse e trabalhasse como uma unidade” para que pudesse “continuar lutando pelo nosso futuro olímpico”.

    O COI votou unanimemente pela implementação das recomendações. Em um comunicado, o presidente do COI, Thomas Bach, disse que precisava haver uma “mudança fundamental” antes que a suspensão não fosse aplicada, e que a decisão do órgão olímpico foi “tomada no interesse dos atletas e do boxe”.

    Como resultado de sua exclusão do processo de qualificação e dos Jogos oficiais de Tóquio, a IBA perdeu o direito de realizar as eliminatórias para os Jogos de 2020. Uma força-tarefa do COI realizou a qualificação para as Olimpíadas de 2020, bem como os próprios Jogos.

    Em junho de 2022, o COI manteve a suspensão, tornando público o roteiro que o IBA teria que seguir, incluindo transparência financeira e alterando seu processo de arbitragem e julgamento, antes que o COI pudesse considerar o levantamento das sanções em 2023.

    Uma preocupação particular para o COI era a “dependência financeira” da IBA pela estatal russa de petróleo Gazprom, empresa essa que foi sancionada pelos governos do Reino Unido e dos Estados Unidos.

    IBA faz anúncio surpresa

    Na segunda-feira (20), a IBA disse que seus próximos campeonatos mundiais femininos e masculinos, que acontecerão em Nova Delhi, na Índia, no mês de março e Tashkent, no Uzbequistão, em maio, serão os “principais eventos de qualificação” para Paris 2024.

    O anúncio veio depois que oito grandes nações do boxe, incluindo os EUA e o Reino Unido, anunciaram que iriam boicotar os eventos devido ao IBA permitir que lutadores russos e bielorrussos competissem com suas bandeiras e hinos nacionais.

    Atletas de ambos os países foram impedidos de competir sob as bandeiras de seus países em muitos esportes após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

    No ano passado, a IBA anunciou que estava permitindo que atletas da Rússia e de Belarus competissem sob suas bandeiras, na época contrariando as diretrizes do COI, que recomendavam que atletas desses dois países fossem banidos das competições.

    Em janeiro de 2023, o COI delineou um plano de várias etapas para os atletas russos e bielorrussos participarem dos próximos Jogos, em Paris 2024, e dos Jogos de Inverno de 2026 em Milão, como “atletas neutros”.

    Cerca de um mês depois, os EUA e mais de 30 outros países divulgaram um comunicado pedindo ao Comitê Olímpico Internacional que reconsiderasse sua decisão, e anunciaram que apoiavam uma proposta de proibição de atletas russos e bielorrussos de competir em esportes internacionais.

    Os países – incluindo Reino Unido, Canadá e a maior parte da Europa – disseram em uma declaração conjunta que “não há razão prática para abandonar o regime de exclusão para atletas russos e bielorrussos”.

    Na quarta-feira (22), o COI reiterou sua condenação à guerra na Ucrânia, dizendo que o “Movimento Olímpico permanece firme em seu compromisso de ajudar os atletas ucranianos de todas as maneiras possíveis”. A IBA disse que oferecerá apoio a qualquer atleta de uma nação boicotada para competir.

    Uma série de torneios regionais fornecerá a base da qualificação para os Jogos Olímpicos do ano que vem, depois que o sistema foi aprovado pelo COI, em setembro do ano passado. Haverão também dois torneios de qualificação mundial no início do próximo ano para concluir o processo.

    Em comunicado enviado à CNN, o COI contradisse o anúncio da IBA, dizendo que “a IBA não estará envolvida nas eliminatórias e no torneio de boxe de Paris 2024”.

    O comunicado disse que a suspensão “ainda está em vigor” e que “o único sistema de qualificação de boxe válido para Paris 2024 é o aprovado pelo COI em setembro de 2022, publicado e distribuído aos CONs e Federações Nacionais de boxe em 6 de dezembro de 2022”.

    Segundo a Reuters, o boxe ainda não foi confirmado para os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028, dependendo das reformas exigidas pelo COI.

    Federação de Boxe do EUA reage

    Em uma declaração em 20 de fevereiro, o diretor executivo do USA Boxing, Mike McAtee, chamou o anúncio da IBA sobre os torneios de qualificação de “totalmente inaceitável”, e disse que “claramente pretende causar confusão nos Estados Unidos e na comunidade mundial de boxe”.

    “O IBA é, na melhor das hipóteses, incompetente. Na pior das hipóteses, o USA Boxing acredita que isso pode ser uma tentativa de sabotar a qualificação para os Jogos Olímpicos de Paris”, disse ele.

    McAtee acrescentou que o USA Boxing permanece “comprometido com o movimento olímpico” seguindo os princípios do COI de “governança adequada, promovendo a supervisão neutra de terceiros do campo de jogo, condenando informações falsas e enganosas da liderança da IBA e exigindo gestão financeira transparente”.

    Na quarta-feira, a federação de boxe da Ucrânia (FBU) juntou-se às outras oito federações no boicote aos campeonatos mundiais da IBA.

    O vice-presidente da FBU, Oleg Ilchenko, disse à emissora pública Suspilne que os atletas ucranianos não participarão dos campeonatos masculino e feminino.

    “Nossa resposta é clara – nossos atletas e representantes da Federação de Boxe da Ucrânia não competem onde irão competir representantes dos países agressores, como Rússia e Bielorrússia”, disse Ilchenko.

    “Enquanto a guerra continuar e as tropas russas estiverem no território de nosso país… elas não participarão”, completou.

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