Sport e Fortaleza vão se reencontrar em Pernambuco após atentado a ônibus
Partida pela semifinal da Copa do Nordeste ainda terá data marcada pela CBF, e clube pernambucano jogará com torcida
Pouco mais de dois meses depois de o ônibus da delegação do Fortaleza ser atacado por membros de torcida organizada do Sport após jogo pela fase de grupos da Copa do Nordeste, os dois times vão se encontrar novamente na Arena de Pernambuco, na região metropolitana do Recife, nas próximas semanas, pela semifinal do regional.
A vitória por 5 a 0 sobre o Altos-PI neste domingo (21), pelas quartas de final do regional, classificou o time cearense para enfrentar na semi, em partida única, justamente o clube pernambucano. O Sport havia passado pelo Ceará por 2 a 1, em 10 de abril.
O jogo ainda não tem data certa. O calendário da CBF apontava as semifinais da Copa do Nordeste para este meio de semana, mas o Fortaleza joga na quinta-feira (25) contra o Boca Juniors-ARG, pela Copa Sul-Americana. Mas a entidade adiou até mesmo o confronto entre Bahia e CRB, que fazem a outra semifinal, times que não têm compromissos nos próximos dias.
O jogo terá a presença de torcedores, já que o Sport já cumpriu pena imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pelo episódio. Nos próximos dias deve haver uma reunião das forças de segurança de Pernambuco para tratar da segurança da delegação do Fortaleza para a partida.
Novamente a Federação Cearense e Futebol (FCF) deve pedir que o jogo não ocorra em Pernambuco, mas é improvável que a CBF ou o STJD aceitem a solicitação, que já foi feita outras vezes.
O ataque
O ataque com bomba e pedras ocorreu no trajeto do ônibus da Arena de Pernambuco, na região metropolitana do Recife, até o hotel na capital pernambucana onde o grupo do Fortaleza dormiria após o 1 a 1 contra o Sport pela Copa do Nordeste, em 22 de fevereiro.
Seis jogadores ficaram feridos: o goleiro João Ricardo, os laterais Gonzalo Escobar e Dudu, os zagueiros Titi e Brítez e o volante Lucas Sasha. Escobar apresentou o caso mais grave, ao levar uma pancada na cabeça de um estilhaço maior.
Titi teve que retirar um fragmento da perna direita e perdeu vários dias de treinamento. Todos já voltaram a jogar.
O atacante Marinho e o lateral-direito Tinga relataram momentos de terror, e o CEO da SAF do clube, Marcelo Paz, disse que o time não entraria em campo até os culpados serem punidos. No fim, o Fortaleza teve dois jogos adiados, mas por causa do calendário teve que cumprir seus compromissos.
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), após julgamento da Segunda Comissão, puniu o Sport com oito jogos sem torcida como mandante e multa de R$80 mil ao entender a responsabilidade do clube na segurança do time visitante, inclusive no trajeto do estádio ao hotel. Após recurso, a pena caiu para quatro partidas, já cumpridas.
Operação Hooligans
No início de abril, o presidente e o vice-presidente da Torcida Jovem do Sport, principal organizada do clube, foram presos pela Polícia Civil de Pernambuco, por envolvimento no atentado contra o ônibus do Fortaleza. Com isso, cinco pessoas já foram detidas desde o início das investigações batizada de Operação Hooligans, que investiga o episódio ocorrido no dia 22 de fevereiro.
No dia 15 de março, a Polícia Civil de Pernambuco deflagrou a Operação Hooligans, que identificou três grupos dentro da Jovem como responsáveis pelo ataque: Bonde Jovem Camaragibe, Bonde Jovem Torrões e Casa Amarela.
Pelo modus operandi da ação, com o ataque sendo feito em uma área de pouca iluminação na BR-101, na Zona Oeste do Recife, em um terreno com entulhos de uma obra, não há dúvida para os investigadores de que a ação foi premeditada.
Só não há certeza de que os integrantes da torcida sabiam que era a delegação do time do Fortaleza que vinha sendo escoltada pela polícia ou se achavam que era um veículo com uma torcida uniformizada do time rival.
A Operação Hooligans tem como objetivo capturar pessoas suspeitas de tentativa de homicídio, provocação de tumulto, associação criminosa e dano. Novas etapas devem ser deflagradas à procura de mais suspeitos de terem participado do ataque.