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    Seleção Brasileira reduz contato, mas não isola jogadores de familiares na Copa

    Para Tite, esquema adotado na Copa do Mundo de 2018 para encontros entre jogadores e familiares possibilitou excessos

    Tite conversa com jogadores da Seleção Brasileira em Turim, na Itália, em meio a uma sessão de treinamento
    Tite conversa com jogadores da Seleção Brasileira em Turim, na Itália, em meio a uma sessão de treinamento Lucas Figueiredo/CBF

    Ricado Magattido Estadão Conteúdo

    O vídeo de Lucas Paquetá acalmando o filho na arquibancada do Estádio Grand Hamad Stadium, o centro de treinamento da Seleção Brasileira na Copa do Mundo no Catar, não provocou nenhum incômodo internamente, mas se tornou viral nas redes sociais.

    O motivo do burburinho: o momento entre pai e filho reavivou a discussão sobre a presença de familiares e amigos de jogadores na concentração do Brasil na Copa do Mundo.

    Paquetá saiu de campo para ir ao encontro da mulher e do filho com a anuencia da comissão técnica do Brasil e foi em um momento em que os jogadores estavam mais à vontade, em suas primeiras atividades em Doha, e não em meio a um treino tático, segundo apurou a reportagem.

    Ainda que tenha sido visto com normalidade intermanete, o momento não deixou de corroborar o entendimento da própria comissão técnica: o de que a família muito próxima pode tirar o foco dos jogadores.

    Em 2018, quando a seleção teve um período de preparação bem maior do que agora, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) criou uma área de convivência para os familiares no hotel onde o Brasil ficou concentrado. Dessa vez, isso foi feito no centro de treinamento, onde a delegação fica apenas algumas horas no período da tarde.

    A área de convencia no Grand Hamad conta com brinquedos para as crianças, sinuca, tênis de mesa e vídeo game. Os parentes e pessoas próximas aos atletas têm menos contato com os jogadores em comparação com os últimos Mundiais, mas não há um isolamento.

    Nas duas primeiras atividades da seleção em Doha, familiares de jogadores e convidados da CBF puderam acompanhar os treinos em áreas reservadas nas arquibancadas, em frente ao círculo central do gramado.

    Os parentes dos atletas ficam em uma área afastada da imprensa, mas também próximos ao campo. Foi por causa disso que Paquetá ouviu o choro do filho e pediu para ir acalmá-lo.

    “Primeiro treino no Catar e a gente acompanhando nosso herói de pertinho, não consigo descrever a emoção”, escreveu a mulher de Paquetá, Duda Fournier, na legenda da foto em que aparece com o marido e os dois filhos.

    A cena rendeu elogios a Paquetá nas redes sociais, visto que ele foi dar atenção a um dos filhos que estava chorando e à mulher. Há, porém, quem critique a presença de familiares e amigos dos atletas durante a preparação da Seleção Brasileiro em um Mundial.

    Muitos se recordam do oba-oba em Weggis, na Suíça, onde a seleção fez sua preparação para a Copa do Mundo na Alemanha, em 2006. Na ocasião, quase não havia privacidade durante os treinos, a ponto de uma torcedora ter invadido o gramado para abraçar Ronaldinho Gaúcho, uma das estrelas do time à época.

    A badalação fez a CBF contratar Dunga, que implantou um sistema linha-dura Copa na África do Sul, em 2010. Luiz Felipe Scolari fez o mesmo em 2014 no Brasil. Em 2018, em Sochi, na Rússia, era comum ver os atletas frequentando o hotel em que ficavam quase todos os parentes e amigos. A proximidade com as pessoas que faziam parte do convívio dos jogadores foi, inclusive, uma aposta de Edu Gaspar, coordenador da seleção naquele Mundial.

    Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo antes da Copa do Mundo, Tite admitiu que houve excessos e que seriam necessárias mudanças nesse ponto para o Mundial do Catar.

    “Havia familiares de jogadores gravando, enquanto a imprensa não podia. Esses ajustes têm de ser feitos”, reconheceu o técnico. Ele, entretanto, entende que o contato com a família não tira o foco do grupo e nem atrapalha.

    “No meu modo de ver, humanamente falando, eu não consigo conceber se alijar da família e como isso seja proveitoso. Eu vejo como ela potencializa as atividades”, argumentou.

    “Na Copa da Rússia, naquela parte onde é reservada para nós, não havia entrada de absolutamente ninguém que não fosse do trabalho. Quem fala o contrário é mentiroso”, disse.

    “As famílias que entravam eram nos momentos à noite, num grande salão, quando podiam nos visitar. Veio meu neto, minha nora. A gente perdeu por outros motivos”, acrescentou.

    Richarlison corroborou o discurso de Tite e considera ruim a distância da família.

    “Ter nosso familiar perto é importante para nos dar força. Isso não tira nosso foco. Ficar 20 minutos com a família não atrapalha nada. É um momento de alegria e de descontração”, opinou em entrevista coletiva na segunda-feira (21).