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    Palmeiras encerra contrato com empresa responsável por gramado sintético

    Após polêmica, clube paulista rescinde contrato com fornecedora do Allianz Parque e do CT

    Grama do Allianz Parque, estádio do Palmeiras
    Grama do Allianz Parque, estádio do Palmeiras Álvaro Damião / Itatiaia

    Leonardo ParrelaBrenno Costada Itatiaia

    O Palmeiras rescindiu, de forma unilateral, o contrato com a Soccer Grass, nesta segunda-feira (29). A empresa não foi comunicada oficialmente. A empresa era responsável pelos gramados do Allianz Parque e da Academia de Futebol, o centro de treinamentos da equipe paulistana.

    A situação ficou insustentável, na visão do clube, após as reclamações no jogo desse domingo (28), na vitória do Palmeiras diante do Santos por 2 a 1, pelo Campeonato Paulista. O próprio clube emitiu nota oficial informando que, sem melhora do gramado, o time não mandará mais jogos no Allianz Parque.

    A informação da rescisão foi divulgada pelo ge.globo e confirmada pela Itatiaia. A reportagem procurou também a Soccer Grass, mas não obteve retorno. O texto será atualizado em caso de resposta.

    A Soccer Grass, apesar de não ter mais contrato com o Palmeiras, seguirá responsável pela manutenção e melhorias do gramado. Isso porque o vínculo com a WTorre, gestora do estádio, segue ativo. O clube agora busca um novo parceiro para o gramado da Academia de Futebol.

    Confira, a seguir, um passo a passo da irritação do Palmeiras com o gramado do Allianz

    Capítulo 1 – A reforma do gramado

    Era janeiro de 2020 quando quando o Palmeiras divulgou, nas redes sociais, fotos da troca do gramado do Allianz Parque. Naquele momento, iniciava-se a implantação de uma grama sintética, que prometia colocar fim à série de problemas na manutenção da grama natural, com a quantidade de jogos e eventos em sequência no estádio.

    O sistema implantado foi o chamado “Soccer Grass Stadium System”. Já a grama escolhida tem o nome de Soccer Grass MX Elite 50 e foi fabricada na Holanda. Ela possui 50 milímetros de altura e é formada por três tipos diferentes de fios.

    A obra no estádio palestrino iniciou no dia 12 de janeiro com a retirada do piso antigo e durou cinco semanas. A estreia aconteceu na vitória de 3 a 1 do Palmeiras sobre o Mirassol, pelo Campeonato Paulista. Era o começo de uma relação que parecia promissora.

    Capítulo 2 – Os elogios

    Em fevereiro de 2021, o piso do Allianz Parque completou um ano com bons números e sem qualquer problema de manutenção registrado oficialmente. Foram 33 jogos, com 20 vitórias, dez empates e três derrotas. Desempenho que rendeu ao clube os títulos do Campeonato Paulista e da Copa Libertadores.

    “Nós temos que estudar uma forma de conseguir aumentar a velocidade da bola, mas estamos satisfeitos com o que temos”, disse o técnico Abel Ferreira, após a vitória do Palmeiras sobre o Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro de 2020 – encerrado no ano seguinte por conta da pandemia da Covid-19.

    Capítulo 3 – Tudo mudou e sobrou até para fãs de Taylor Swift…

    O primeiro grande sinal de insatisfação do Palmeiras com o gramado do Allianz Parque veio do próprio técnico Abel Ferreira, que outrora elogiou as condições do palco de jogo.

    Após o Palmeiras vencer o Fluminense por 1 a 0 e praticamente assegurar o título do Campeonato Brasileiro do ano passado, o treinador disparou em uma coletiva de imprensa pedindo a troca do campo e se queixando de objetos que ficaram no terreno de jogo depois do show da cantora Taylor Swift.

    “Não dá para ter grama natural, e eu prefiro, mas não dá. Mas não podemos ter gramado cheio. Vejam a quantidade de coisinhas do espetáculo da Taylor Swift, bebidas que caíram. Teve ontem, mas teve da Taylor. Se o gramado teve dez anos de garantia, acho que na Holanda, que jogam de 15 em 15 (dias), sem poluição. Em São Paulo, shows e jogos de São Paulo. Equipe B, outros jogos… Não há garantia de 10 anos. O gramado está ruim, não tem como mais jogar. Se jogar, vai haver lesões. Eu avisei…”, queixou-se o treinador Abel Ferreira.

    “Este gramado tem que ser trocado urgentemente. Não quero saber quem vai pagar. Este gramado não está em condições de jogar futebol. Este gramado é um risco por lesões […]. Espero que no próximo ano (2024) se troque o gramado. Que coloquem o de quando eu cheguei”, acrescentou o comandante português.

    Capítulo 4 – A lesão de Bruno Rodrigues

    Na última quarta-feira (24), o Palmeiras venceu a Inter de Limeira por 3 a 1 pela terceira rodada do Campeonato Paulista. No entanto, o time perdeu um jogador que foi titular no confronto. O atacante Bruno Rodrigues precisou ser substituído.

    Só no dia seguinte que foi divulgado o motivo da saída do atleta. Ele sofreu uma lesão grave no joelho, e o clube passou a discutir, internamente, se o gramado do Allianz Parque poderia ter influenciado no caso. Bruno Rodrigues fez uma artroscopia, no último domingo (28), e pode ficar de três a seis meses fora dos gramados.

    Capítulo 5 – Pasta grudada nas chuteiras durante clássico

    No último domingo (28), o Palmeiras venceu o Santos por 2 a 1, no Allianz Parque, e novas queixas de Abel Ferreira surgiram. Nesse confronto, um vídeo da arquibancada flagrou o goleiro Weverton recebendo a ajuda de um integrante da comissão do Palmeiras para retirar uma “pasta”, que grudou na chuteira. A cena viralizou.

    Depois dessa vitória sobre o Santos, o treinador palmeirense voltou a subir o tom em relação ao gramado.

    Weverton precisa de ajuda para retirar “pasta” grudada em chuteira / Reprodução / Twitter

    “Quando cheguei aqui, em 2020, não reclamava do gramado. Era top. Mas aqui no Brasil, por causa de shows, poluição, calor, muitos jogos, o gramado não dura dez anos, como se previa. É preciso manutenção. Soube que em 30 dias trocam, colocam grama nova e a película. Se me chamarem para uma reunião, vou dizer a minha opinião. Isso não está prejudicando só os adversários, está prejudicando o Palmeiras”, disse.

    Capítulo 6 – Atletas se queixam

    Abel Ferreira não foi o único a comentar o estado do gramado do Allianz Parque. Embora em tom mais ameno, o atacante Flaco López também teceu críticas.

    “Está um pouco pior do que o ano passado, mas acho que Palmeiras já está trabalhando para melhorar as condições. Então, fico mais tranquilo. Acho que o clube vai acertar isso e melhorar”, afirmou.

    Capítulo 7 – A nota oficial do Palmeiras

    Ainda nesse domingo (28), o Palmeiras emitiu uma nota oficial com o capítulo mais tenso da relação com a administradora do estádio.

    A direção alviverde informou que, enquanto o gramado do Allianz Parque, não melhorar, o time não mandará mais os jogos no estádio. É provável que a equipe atue na Arena Barueri, praça que umas das empresas da presidente alviverde, Leila Pereira, administra.

    A reportagem entrou em contato com a Soccer Grass, empresa responsável pela manutenção gramado do Allianz Parque. Por nota, a responsável pela administração do estádio afirmou que pediu a troca total do gramado. “Real Arenas informa que solicitou à Soccer Grass e à fabricante holandesa a troca integral e imediata do composto termoplástico, para que voltemos a ter, no menor prazo possível, o melhor campo do futebol brasileiro. O laudo foi feito a partir de uma solicitação da Real Arenas no final de 2023, como procedimento de acompanhamento da qualidade do gramado feito ao final da temporada de competições…a Soccer Grass apontou a existência de um problema no composto termoplástico, decorrente das altas temperaturas e poluição, e se pronunciou sobre a necessidade da troca.O gramado está ainda no prazo de garantia e passou desde 2020 por todos os rigorosos procedimentos de manutenção previstos pelo fabricante”, diz a nota.

    Nesta segunda-feira, a WTorre solicitou a troca de um composto do gramado, que causou a cena inusitada com o goleiro Weverton. Não há prazo oficial para que a mudança seja concluída.

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    Este conteúdo foi criado originalmente em Itatiaia.

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