Vini Jr demonstra apoio a Igor Paixão, que sofreu racismo de jornal espanhol
Jornal espanhol AS chamou o jogador do Feyenoord, da Holanda, de "descendente de escravos"
Vinícius Jr, grande nome do Real Madrid e da Seleção Brasileira, demonstrou apoio ao atacante Igor Paixão. Nas redes sociais, Vini comentou sobre o caso de racismo sofrido pelo atacante brasileiro, que atua no Feyenoord, da Holanda.
https://twitter.com/vinijr/status/1729943079912706504?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1729943079912706504%7Ctwgr%5E86be5d9406382df0579af23af4d938bd20b54e0e%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.itatiaia.com.br%2Feditorias%2Ffamosos-do-esporte%2F2023%2F11%2F29%2Fvini-jr-demonstra-apoio-a-igor-paixao-que-sofreu-racismo-de-jornal-espanhol
“Nem sempre eles disfarçam, nem sempre são sutis, nem sempre são espertos. VAMOS SEGUIR JUNTOS PRA ACABAR!!! NÃO PASSARÃO!!!”, diz a postagem.
Entenda a situação
O atacante brasileiro Igor Paixão, que foi chamado de “descendente de escravos” pelo jornal espanhol AS e não se calou. Nas redes sociais, o jogador, que é destaque do Feyenoord, da Holanda, publicou um texto no qual condena o que foi escrito pelo portal antes da partida contra o Atlético de Madrid, pela Champions League.
“Ao falar de minha trajetória, logo no título, o racismo “não-tão-velado”: o descendente de escravos. Fosse por minha realidade humilde, a mesma de muitos dos meus companheiros. Fosse por minha cor, a mesma de grande parte do mundo. Fosse por minha forma de ser ou a “ameaça” que trago a eles”, diz trecho do texto publicado pelo brasileiro.
A matéria publicada apresentava o brasileiro, destaque do time holandês, como “descendente de escravos”. Depois da repercussão negativa no X (antigo Twitter), o jornal apagou a publicação e editou a matéria.
Origem Quilombola
Com sucesso no início da passagem pela Europa, Igor Paixão, que foi revelado pelo Coritiba, tem origem quilombola. Os avós do jogador nascido em Macapá faziam parte de uma comunidade formada por descendentes de escravizados fugitivos do período de escravidão no Brasil, que perdurou oficialmente até 1888.
Veja o texto de Igor Paixão na íntegra:
Eles sempre se disfarçam. Por meios de palavras elegantes, de dinheiro, de formas de se portar e até mesmo dos cargos que ocupam.
Eles são sutis. Nem sempre deixam a mostra todo o preconceito que carregam por gerações e gerações.
Eles são espertos. Porque na maioria das vezes se safam ao cometerem um dos mais hediondos crimes da história: o racismo.
Mas nem sempre eles disfarçam, nem sempre são sutis e nem sempre são espertos. Às vezes são explícitos e descarados, resultado de anos e anos de impunidade. E esperam o momento certo para destilar o preconceito que carregam dentro de si.
Nesta semana, foi a vez do Jornal AS, do país onde joga meu companheiro de profissão, de vida e de cor, Vinicius Junior, que sofre diariamente com o ódio de quem simplesmente não aprendeu a superar um mal que jamais deveria ter existido, mas que há tanto tempo é criminoso.
Ao falar de minha trajetória, logo no título, o racismo “não-tão-velado”: o descendente de escravos.
Fosse por minha realidade humilde, a mesma de muitos dos meus companheiros. Fosse por minha cor, a mesma de grande parte do mundo. Fosse por minha forma de ser ou a “ameaça” que trago a eles. Fosse pelo que fosse, só há uma palavra para descrever isso: racismo.
Se somos descendentes de escravos, o somos porque fomos escravizados. Nos roubaram de nossas casas, de nossas famílias, de nosso livre arbítrio e de nossas vidas. Mas hoje não somos mais.
Somos livres para pensar, falar e ser o que queremos, e isso ninguém irá roubar de nós.
Sutis, como são, dirão que “entendi errado o contexto”, e irão disfarçar “tirando o texto do ar”, e de forma esperta continuarão fazendo, com outros, e me tornarão um alvo.
Mas tudo bem. Porque juntos somos mais fortes. Sempre seremos mais fortes. E nunca, nunca mais, caminharemos sozinhos.
Racistas jamais passarão.”