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    Salma Paralluelo: do atletismo ao prêmio de melhor jogadora jovem da Copa do Mundo

    Talismã da seleção espanhola e sensação do Mundial tem história de vida digna de conto de fadas

    Rafael Serrada CNN

    A Copa do Mundo é um torneio mágico. Às vezes, as memórias deixadas por um Mundial não têm somente relação com as conquistas do campo, mas com o tamanho das histórias que o torneio ajudou a contar. Uma dessas sagas surreais reveladas pela competição disputada na Austrália e Nova Zelândia é a da ex-velocista e atual sensação da Espanha, Salma Paralluelo.

    Na seleção estrelada pela melhor do mundo, Alexia Putellas, foi a atleta de 19 anos, eleita a melhor jogadora jovem da Copa, quem atraiu os olhares do mundo com gols decisivos e uma história incomum: até o ano passado, a atacante se dividia entre a bola e as pistas de atletismo. Em altíssimo nível.

    Treinei mais de 120 atletas desde 1982. Trabalhei com alguns que chegaram a estar entre os melhores do mundo. E nunca havia visto algo como Salma. Ela é extraordinária.

    Félix Laguna, técnico de atletismo de Salma, à revista espanhola Líbero

    Salma Celeste Paralluelo Ayingono nasceu em Zaragoza, a quinta maior cidade da Espanha. Filha de pai espanhol e mãe guinéu-equatoriana, começou a correr aos seis anos. Aos oito, já disputava a Jean Bouin, uma das corridas de rua mais tradicionais de Barcelona. Venceu a prova por cinco anos seguidos.

    Em 2012, Salma passou por um drama familiar. O irmão Florencio, que tinha deficiência visual, foi encontrado morto em um rio próximo a Zaragoza, após ficar desaparecido por mais de um mês. Não havia sinais de violência.

    Nesta idade, a pequena corredora já se alternava entre o atletismo e o futebol. A bola era capaz de dar a ela o que lhe faltava nas pistas: o prazer do trabalho coletivo.

    O tempo passou, mas as paixões seguiram lado a lado. Em 2018, Paralluelo conquistou com a Espanha os títulos europeu e mundial sub-17 de futebol.

    Na mesma temporada, Salma estreou como jogadora profissional pelo Zaragoza CFF, assim que completou 15 anos, idade mínima para competir na categoria adulta.

    Enquanto as conquistas começavam a surgir nos gramados, os ouros também se acumulavam nas pistas.

    Em 2019, tornou-se a segunda atleta mais jovem da história a disputar o Campeonato Europeu Indoor, batendo o recorde espanhol dos 400 m com barreiras sub-18. Ela também registrou o melhor tempo juvenil do mundo da prova naquela temporada.

    No mesmo ano, três clubes de futebol quiseram contratá-la. Paralluelo então impôs três condições: poder continuar se dividindo com o atletismo, seguir sendo treinada por Félix Laguna e levar a família aonde fosse. O vencedor da disputa foi o Villarreal.

    A tão temida escolha entre o atletismo e o futebol

    Como jogadora do Submarino Amarelo, conquistou o acesso à primeira divisão espanhola, o primeiro da história do clube. Mas foi também no Villarreal que Paralluelo viveu o momento mais difícil da carreira: uma ruptura de ligamento no joelho esquerdo.

    A lesão fez com que a atleta ficasse afastada do esporte por vários meses. Mais do que isso. A adversidade antecipou uma decisão que ela não queria tomar. Salma teve que escolher entre suas duas paixões.

    Por muito tempo, eu senti muita pressão, angústia e estresse. Com a ajuda dos meus pais, tirei esse pensamento da minha mente. O dia em que eu tiver a decisão tomada, eu saberei o que prefiro.

    Salma Paralluelo, em entrevista ao jornal El País, em 2020

    O dia então chegou. E Paralluelo escolheu o futebol.

    Pouco após voltar aos gramados, Salma foi contratada pelo Barcelona. Com a camisa de uma das maiores potências do futebol feminino mundial, a jogadora foi importante na campanha que culminou no mais recente título da Champions League feminina.

    No ano passado, estreou como uma veterana pela seleção principal da Espanha. Ficou em campo apenas 54 minutos em um amistoso contra a Argentina. Marcou três gols.

    Acabou sendo convocada para a Copa do Mundo por Jorge Vilda após somente uma temporada na elite. Começou como titular nos quatro primeiros jogos da Roja no Mundial.

    Salma Paralluelo comemora o gol na prorrogação que levou a Espanha a uma semifinal inédita
    Salma Paralluelo comemora o gol na prorrogação que levou a Espanha a uma semifinal inédita / Photo by Maja Hitij – FIFA/FIFA via Getty Images

    Por ironia do destino, foi nas quartas de final contra a Holanda, começando na reserva, que Paralluelo passou a ser uma das protagonistas desta Copa. A atacante marcou o gol da vitória espanhola sobre a Laranja no segundo tempo da prorrogação. O tento, é claro, teve a velocidade como assinatura. Mas a gloriosa arrancada da camisa 18 foi acompanhada de muita habilidade, com um belo drible curto e um chute preciso de canhota.

    No jogo seguinte, Salma voltou a entrar em campo no segundo tempo. Desta vez, no lugar da Bola de Ouro, Alexia Putellas. Minutos depois, a atacante voltou a ser decisiva, abrindo de cabeça o placar da vitória por 2 a 1 contra a Suécia.

    Triplete inédito na história do futebol

    Com a vitória sobre a Inglaterra neste domingo (20), que garantiu às espanholas o título inédito da Copa do Mundo Feminina, Paralluelo se tornou a primeira jogadora de futebol da história a conquistar os Mundiais Sub-17, Sub-20 e adulto.

    No ano passado, ela marcou dois gols na final do sub-20 contra o Japão, sendo eleita a melhor jogadora da final.

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