Copa do Mundo Feminina: tudo o que você precisa saber sobre as semifinalistas
Espanha, Suécia, Austrália e Inglaterra buscam o título inédito
Depois de semanas de intensa ação na Copa do Mundo Feminina, apenas Espanha, Suécia, Austrália e Inglaterra permanecem na competição com a oportunidade de colocar as mãos no cobiçado troféu do Mundial.
- Espanha x Suécia – terça-feira (14), às 5h
- Austrália x Inglaterra – quarta-feira (15), às 7h
A eliminação do Japão para a Suécia nas quartas de final significa que o torneio deste ano verá um campeão mundial inédito, que entrará para a história da modalidade. Com apenas dois jogos entre eles e a glória na Copa do Mundo, vamos dar uma olhada em tudo o que você precisa saber sobre os quatro semifinalistas.
Espanha
A corrida de La Roja para sua primeira semifinal da Copa do Mundo Feminina não foi fácil e o caminho teve vários altos e baixos.
Os problemas começaram antes mesmo do início do torneio, quando 15 jogadores se declararam indisponíveis para a seleção em setembro do ano passado, alegando questões de saúde emocional e física, principalmente com foco nas práticas do técnico Jorge Vilda.
A federação espanhola (RFEF) optou por apoiar Vilda e seis jogadoras — incluindo Alexia Putellas, duas vezes vencedora da Bola de Ouro — eventualmente voltaram atrás, mas deixou em seu rastro um grupo fragmentado de jogadores, embora talentoso.
Apesar do barulho em torno dos preparativos para a Copa do Mundo, as jogadoras espanholas não mostraram sinais de instabilidade nas duas primeiras partidas da fase de grupos, superando Costa Rica e Zâmbia, com oito gols marcados e nenhum sofrido.
No entanto, em seu jogo final na fase de grupos, um aviso foi enviado a La Roja com a derrota por 4 a 0 contra o Japão em uma performance muito aquém.
Quando parecia que suas esperanças na Copa do Mundo Feminina poderiam estar no limite, a Espanha — com Putellas saindo do banco enquanto se recuperava de uma terrível lesão no ligamento cruzado anterior — se recuperou.
Derrotou confortavelmente a Suíça nas oitavas de final e avançou para sua primeira semifinal graças à vitória por 2 a 1 sobre a Holanda, com a revelação Salma Paralluelo marcando o gol decisivo na prorrogação.
Suécia
A Suécia mostrou uma determinação notável para chegar à sua segunda semifinal consecutiva da Copa do Mundo Feminina — e a quinta, no geral. A Blågult precisou de um gol no último minuto para vencer a África do Sul em seu jogo de abertura e uma disputa de pênaltis para derrotar os Estados Unidos nas oitavas de final.
E produziu indiscutivelmente seu melhor desempenho do torneio até agora contra um formidável time do Japão nas quartas de final, conseguindo segurar a vitória por 2 a 1, apesar de uma tentativa tardia de reviravolta japonesa.
Nada representa tanto a obstinação sueca como dois dos seus destaques: a goleira Zećira Mušović e a zagueira Amanda Ilestedt. Mušović tornou-se fundamental para a corrida do Blågult às semifinais, especialmente contra os Estados Unidos, quando ela teve uma atuação heroica, fazendo 11 defesas.
A jovem de 27 anos nasceu de pais sérvios que escaparam da guerra em seu país de origem. Ela preferia o tênis de mesa ao futebol na juventude, segundo a Fifa, mas rapidamente se sentiu em casa quando passou a atuar como goleira aos 12 anos. E sua presença quase mítica entre as traves continuou contra o Japão, até, enfim, sofrer um gol no final da partida.
Ilestedt também está gostando bastante do torneio, pessoalmente. A zagueira de 30 anos marcou o primeiro gol da Suécia contra o Japão, seu quarto no torneio, ficando apenas um atrás de Hinata Miyazawa na corrida pela Chuteira de Ouro do torneio como artilheira.
Nos últimos anos, a Suécia bateu na trave ao tentar ganhar um grande troféu internacional — perdeu na final da Copa do Mundo Feminina de 2003 e na disputa pela medalha de ouro nos dois Jogos Olímpicos mais recentes —, mas tem outra oportunidade para banir esses demônios de uma vez por todas.
Austrália
Tem sido um Mundial inesquecível para uma das anfitriãs do torneio, dentro e fora do campo. Esperava-se muito dos Matildas jogando em casa, lideradas por uma das melhores jogadoras do mundo, Sam Kerr, e diante da torcida.
Mas as coisas começaram de forma ameaçadora quando Kerr perdeu os dois primeiros jogos da fase de grupos da Austrália devido a uma lesão na panturrilha.
E o desempenho da equipe em campo também não deixou os torcedores com muita esperança, lutando para vencer a República da Irlanda por 1 a 0 na estreia e sendo derrotado pela Nigéria na segunda.
No entanto, como qualquer bom time de torneio e com o retorno de Kerr ao banco, a Austrália cresceu gradualmente no torneio. Uma goleada de 5 x 0 sobre o campeão olímpico Canadá levou o país à fase de mata-mata.
Nas oitavas de final, uma vitória sobre a Dinamarca levou as Matildas às quartas de final da Copa do Mundo Feminina pela primeira vez.
Indiscutivelmente, seu melhor desempenho no torneio veio nas quartas de final, com a Austrália mais do que se segurando contra a França antes de finalmente prevalecer em uma dramática disputa de pênaltis para continuar a trajetória histórica do país.
O sucesso do time também fez a cabeça de muitos australianos: segundo a Fifa, 7,2 milhões de pessoas assistiram ao time vencer a França nos pênaltis — 10% a mais do que na partida anterior —, com uma audiência média de 3,69 milhões, a transmissão esportiva nº 1 da TV australiana na última década.
A Fifa também informou que 472.000 pessoas assistiram ao jogo contra a França no 7Plus, o evento mais visto de todos os tempos na Austrália. O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, mostrou seu apoio à equipe, apoiando publicamente os apelos por um feriado nacional caso as Matildas vençam a Copa do Mundo Feminina.
“Eu disse que os líderes estaduais e territoriais deveriam considerá-lo e sei que a ideia recebeu uma recepção bastante calorosa na maioria dos setores”, disse Albanese em uma entrevista de rádio à emissora estatal ABC quando perguntado se os apelos para um feriado eram justificados.
“É muito mais do que um evento esportivo. Isso é uma inspiração para as meninas em particular, mas também para os meninos”.
Agora, com os problemas de condicionamento físico de Kerr aparentemente desaparecendo no espelho retrovisor e o apoio de uma nação por trás disso, a Austrália está à beira da glória na Copa do Mundo.
Inglaterra
A Inglaterra entrou no torneio como uma das favoritas, então a chegada às semifinais não é tão surpreendente. O time campeão europeu está repleto de talentos e estrelas, e é essa qualidade — assim como sua técnica, Sarina Wiegman — que tem sido a principal força motriz por trás de seu recente sucesso na Austrália e na Nova Zelândia.
Vitórias estreitas abriram a campanha, com Lauren James sendo um destaque particular entre algumas performances iniciais abaixo do esperado. Uma goleada de 6 a 1 sobre a China restabeleceu as credenciais da Inglaterra como candidata.
Nas oitavas e quartas de final, uma vitória na disputa de pênaltis sobre a Nigéria e uma virada sobre a Colômbia mostraram algumas das rachaduras nas armaduras das Lionesses.
O time não terá James na semifinal contra a Austrália, já que a estrela do Chelsea cumpre o segundo de sua suspensão de dois jogos depois de ser expulsa por pisar nas costas da nigeriana Michelle Alozie durante o jogo das oitavas de final no Brisbane Stadium.
Mas com uma espinha dorsal composta por Mary Earps, Millie Bright, Kiera Walsh, Georgia Stanway e Alessia Russo — para não mencionar Chloe Kelly e Bethany England no banco —, esta equipe da Inglaterra continua sendo uma ameaça, independentemente da oposição.