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    EUA: Comissária da liga de futebol renuncia após denúncias de assédio contra técnico

    Lisa Baird deixou comando da Liga Nacional de Futebol Feminino (NWSL) após atletas e ex-jogadoras relatarem casos de assédio sexual e má conduta de Paul Riley

    Kevin DotsonDavid CloseSteve Almasyda CNN

    A comissária da Liga Nacional Feminina de Futebol (NWSL, em inglês) renunciou ao cargo, e a competição cancelou todas as partidas programadas para este fim de semana depois de o jornal The Athletic detalhar alegações de assédio sexual e má conduta contra Paul Riley, que treinou três equipes norte-americanas ao longo de oito temporadas.

    Riley foi demitido pelo North Carolina Courage na quinta-feira (30) após a reportagem investigativa citar jogadoras que alegam que, por anos, ele usou sua influência e poder para assediá-las sexualmente e, em um caso, coagir uma jogadora a fazer sexo com ele.

    Riley negou as acusações do relatório. A CNN não conseguiu entrar em contato com o treinador para comentar.

    A liga divulgou um comunicado sobre a comissária Lisa Baird, dizendo que ela apresentou sua renúncia e a NWSL aceitou.

    Mais cedo, a NWSL anunciou que as partidas deste fim de semana foram canceladas, em decisão tomada em colaboração com o sindicato das jogadoras, com base na “gravidade dos eventos da semana passada”.

    Um comunicado do sindicato das jogadoras afirmou que foi uma decisão difícil pedir o cancelamento dos jogos, reconhecendo que os torcedores fazem planos de viagem e gastam dinheiro para ir aos jogos.

    “Não permitiremos que essa alegria seja tirada de nós. Também reconhecemos, no entanto, que as lutas pela saúde mental são reais”, disse o comunicado. “A prioridade neste fim de semana será que as jogadoras se cuidem”, completou o texto.

    Baird pediu desc

    ulpas pelas consequências. “Esta semana, e grande parte desta temporada, foi incrivelmente traumática para nossas jogadoras e equipes, e eu assumo total responsabilidade pelo papel que desempenhei”.

    “Lamento a dor que tantos estão sentindo. Reconhecendo esse trauma, decidimos não entrar em campo neste fim de semana para dar algum espaço para refletir. Negócios como de costume não são nossa preocupação agora.”

    “Toda a nossa liga tem muito a curar, e nossas jogadoras merecem muito mais. Tomamos essa decisão em colaboração com a associação de jogadoras e esta pausa será o primeiro passo enquanto trabalhamos coletivamente para transformar a cultura desta liga, algo que está muito atrasado”, completou.

    A bicampeã da Copa do Mundo Christie Pearce Rampone, que deveria ser indicada para o Hall da Fama do Futebol neste sábado (2), optou por adiar a cerimônia até 2022.

    Ela disse que tomou a decisão “após digerir tudo o que aconteceu nos últimos dias” e quer entrar no Hall da Fama no próximo ano, quando “poderemos comemorar devidamente o futebol feminino”.

    ‘Me senti reivindicada’, diz ex-jogadora

    A NWSL, que reúne 10 times, tinha cinco jogos agendados na sexta-feira (1) e neste sábado (2). As próximas partidas programadas serão na quarta-feira (6), quando estão previstas três partidas, incluindo um jogo em casa do North Carolina Courage.

    O Athletic relatou que entrevistou mais de uma dúzia de jogadoras que atuavam sob o comando de Riley desde 2010 e outras pessoas que estão envolvidas com o futebol feminino.

    Sinead Farrelly, ex-jogadora que foi treinada por Riley em três times diferentes, o descreveu como uma pessoa que, apesar de casada, a forçou a entrar em seu quarto de hotel para fazer sexo.

    Farrelly descreveu estar sob o controle de Riley, dizendo: “Eu me senti [como uma propriedade] reivindicada. Essa palavra honestamente descreve isso perfeitamente para mim, porque eu tenho a sensação de que ele deu uma volta e olhou para suas perspectivas, e ele se concentrou em mim. Ele me reivindicou; era assim que parecia o toque dele. Só me lembro de ter pensado: ‘alguém mais está vendo isso?’ Eu me senti sob seu controle”.

    Técnico de time feminino dos EUA é demitido após denúncias de assédio sexual
    Paul Riley, técnico de time feminino dos EUA, foi demitido após denúncias de assédio sexual / Reprodução/CNN Brasil (01.out.2021)

    Outro relato descreve como Riley coagiu Farrelly e sua companheira de equipe Mana Shim a voltarem ao apartamento dele, onde as pressionou que se beijassem.

    Shim descreveu um momento em que Riley a convidou para uma ver filmagem de um jogo em seu quarto de hotel e a cumprimentou vestindo apenas cueca. Outras ex-jogadoras, que preferiram não ser identificadas, disseram que o ex-técnico fez comentários inadequados sobre peso e orientação sexual.

    O Athletic pediu a Riley para comentar sobre sua suposta má conduta, ao qual ele respondeu que as alegações das ex-jogadoras eram “completamente falsas”.

    Segudo a publicação, Riley disse por e-mail: “Eu nunca fiz sexo ou fiz propostas sexuais para essas jogadoras”.

    Em suas negativas ao Athletic, Riley disse: “há uma chance de eu ter dito algo ao longo do caminho que ofendeu alguém”. Ele disse que não “menosprezou” as jogadoras e também negou ter revisado filmagens de jogos em seu quarto de hotel.

    Riley treinou o Portland Thorns de 2014 a 2015, o Western New York Flash em 2016 e o ​​Courage depois que o Flash foi dissolvido e os direitos da franquia foram vendidos para um grupo na Carolina do Norte. Ele foi escolhido o técnico do ano em 2017 e 2018.

    Órgãos investigarão denúncias

    O US Soccer, a Federação de Futebol dos Estados Unidos, disse na sexta-feira (1) que contratará um especialista para conduzir uma investigação independente das acusações.

    “Levamos a sério nossa responsabilidade de investigar vigorosamente o comportamento abominável que foi relatado e obter uma compreensão plena e franca dos fatores que permitiram que isso acontecesse”, disseram as autoridades em um comunicado.

    O órgão, além de responsável pelo futebol no país, também apoia financeiramente a NWSL. E até esta temporada, o US Soccer administrava as operações da liga.

    A federação disse estar em busca de um investigador com experiência em alegações de má conduta no local de trabalho para liderar a investigação.

    A Fifa, órgão internacional que dirige o esporte, também anunciou a abertura de uma investigação.

    “Quando se trata de má conduta no futebol, gostaríamos de reiterar que a posição da Fifa é clara: qualquer pessoa considerada culpada de má conduta e abuso no futebol deve ser julgada, sancionada e removida do jogo”, disseram autoridades.

    Jill Martin e Jacob Lev contribuíram para esta reportagem

    (Texto traduzido; leia o original em inglês)