Conflito em Camarões se aproxima do local da Copa Africana das Nações

Veículos blindados patrulham as ruas de Limbe, na região sudoeste de Camarões, atingida por um conflito armado. Os conflitos seguem alguns dias antes do início da Copa Africana das Nações, que começa no próximo dia 9.

Camarões está sediando o torneio em seis cidades e grupos separatistas prometem interromper a competição. A ameaça maior está em Limbe, uma cidade na costa tropical do Atlântico quem tem sido afetada por ataques armados desde o início da guerra, em 2017.

O conflito, no qual grupos armados estão tentando formar um estado separatista chamado Ambazônia, matou pelo menos 3 mil pessoas e forçou quase um milhão a fugir.

A violência piorou este ano, à medida que os separatistas aumentaram o uso de explosivos improvisados.

“Meu medo… é que o fenômeno recente de explosões de bombas que têm acontecido em outras partes… possa ser um fato comum durante este período da Copa Africana das Nações”, disse o jornalista local Honore Kuma.

A insegurança é apenas um dos problemas que o torneio enfrenta. As preocupações sobre a disponibilidade dos estádios e a disseminação da variante Ômicron também chegaram às manchetes nas últimas semanas.

Jogos em Limbe

O Estádio Omnisport de Limbe receberá jogos do Grupo F, que inclui Tunísia, Mali, Mauritânia e Gâmbia. O primeiro jogo do grupo será entre Tunísia e Mali, no dia 12 de janeiro.

A cidade vizinha, Buea, capital regional, foi atingida por duas explosões em novembro, incluindo uma em uma universidade onde 11 alunos ficaram feridos. A cidade vai servir como centro de treinamento de seleções durante o torneio.

As autoridades mantiveram os planos de segurança em segredo, mas prometeram que não haverá interrupção nas partidas do Grupo F.

Policiais armados e soldados já estão posicionados nos arredores do estádio. Postos de controle foram montados nas estradas para a cidade.

“A Copa Africana das Nações vai acontecer em muito boas condições. Não há motivos para preocupação”, disse Emmanuel Ledoux Engamba, alto funcionário da região de Fako, que inclui Limbe e Buea.

O conflito separatista começou nas regiões noroeste e sudoeste de língua inglesa, em 2016, quando professores e advogados protestaram contra o governo nacional de língua francesa alegando que estava havendo uma marginalização dos anglófonos.

Uma violenta repressão pelas forças de segurança radicalizou o movimento. Grupos armados se formaram em meio às florestas e plantações de cacau da região.

Enquanto Limbe se prepara para receber muitos torcedores, alguns moradores de Camarões dizem que não estão focados no futebol.

“Como vou aproveitar enquanto meus irmãos e irmãs estão sofrendo por causa da crise anglófona? Todos os dias eles estão morrendo”, disse Roland, de 33 anos, que mora perto do estádio de Limbe.

(Texto traduzido. Leia o original aqui.)