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    Clubes ingleses desistem de iniciativa e colocam a Superliga em risco

    Clubes cederam à pressão de torcida e se movimentam para sair do grupo após polêmica e protestos

    Adalberto Leister Filho, da CNN, em São Paulo

    A iniciativa de criação da Superliga Europeia de clubes começou a naufragar nesta terça-feira (20) após uma onda de manifestação de torcidas e a oposição geral à iniciativa.

    Todos seis clubes ingleses que integrariam o grupo – Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham – desistiram de integrar o grupo de elite formado por 12 clubes europeus após protestos de torcedores. 

    No caso do Chelsea, a manifestação da torcida chegou a atrasar em 15 minutos o início do jogo do clube londrino contra o Brighton, pelo Campeonato Inglês.

    Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram torcedores do Chelsea em frente ao estádio Stamford Bridge, em Londres, comemorando como se fosse um título a notícia da desistência da participação do clube na Superliga.

    A desistência do Manchester City foi confirmada em nota. O clube enfrentava resistência interna, com críticas à Superliga externadas pelo próprio técnico, Pep Guardiola.

    Jogadores do Manchester City comemoram vitória contra o Arsenal
    Jogadores do Manchester City comemoram vitória contra o Arsenal; eles vestiram uniforme com as inscrições ‘Vidas Negras Importam’
    Foto: Peter Powell/Reuters

     

    “Manchester City Football Club pode confirmar que formalmente iniciou os procedimentos para deixar o grupo que desenvolve planos para uma Superliga Europeia”, afirma o comunicado. 

    Em comunicado nas redes sociais, o Arsenal informou a desistência de integrar a Superliga e afirmou que a decisão foi tomada após ouvir os torcedores e a comunidade do futebol. “Cometemos um erro e pedimos desculpas por isso”, disse o clube.

    Também em um comunicado, o Liverpool afirmou que recebeu posicionamentos de diversas “partes interessadas importantes, tanto interna quanto externamente”, e que, após analisar os posicionamentos, decidiu desistir da ideia de integrar a nova competição. 

    No mesmo dia o Tottenham também divulgou uma nota para comunicar que havia iniciado o processo de saída do grupo de times que desejam fundar a Superliga. 

    “Lamentamos a ansiedade e aborrecimento causados ??pela proposta. Sentimos que era importante que o nosso clube participasse no desenvolvimento de uma possível nova estrutura que buscava melhor garantir o fair play e a sustentabilidade financeira, ao mesmo tempo que fornecia um apoio significativamente maior para a pirâmide futebolística mais ampla” disse o presidente do time, Daniel Levy, no comunicado. 

    “Acreditamos que nunca devemos ficar parados e que o esporte deve revisar constantemente as competições e a governança para garantir que o jogo que todos amamos continue a evoluir e entusiasmar os fãs em todo o mundo.”

    Último a abandonar o projeto, o Manchester United afirmou que deixará o grupo de fundadores da Superliga depois de ouvir “atentamente a reação de nossos fãs, do governo do Reino Unido e de outras partes interessadas importantes”.

    A Superliga é uma iniciativa de um grupo de 12 clubes, da Inglaterra, Espanha e Itália, que criariam uma competição concorrente da atual Uefa Champions League. Os clubes fundadores teriam presença garantida em todas as edições da competição, independentemente do resultado em seus campeonatos nacionais, como ocorre atualmente.

    Espanha

    Na Espanha as notícias também não eram boas para os chefões da Superliga.

    “O Barcelona não entrará na Superliga até que nossos sócios votem a favor. O clube é deles, então a decisão é deles”, afirmou Joan Laporta, presidente do time catalão, após sentir a pressão dos torcedores.

    Segundo o diário Daily Express, o Atlético de Madrid, por sua vez, se preparava para enviar uma carta comunicando a saída da Superliga, cujo presidente é o mandatário do rival Real Madrid, Florentino Pérez.

    Em Munique, fãs do Bayern se manifestaram antes do jogo contra o Bayer Leverkusen pelo Campeonato Alemão. O curioso é que o atual campeão europeu nem integrava o grupo de clubes que lançou a ideia da Superliga.

    Na véspera, um protesto tinha acontecido em frente ao estádio de Anfield, casa do Liverpool. Torcedores pregaram faixas nos portões da arena, apelidados de Shankly Gates em homenagem a Bill Shankly, que por 15 anos ocupou o cargo de treinador do clube, tirando o Liverpool da segunda divisão até formar o time que se tornaria potência europeia.

    Foi Shankly, morto em 1981, o técnico que forjou alguns dos principais valores do clube. Nos cartazes, a torcida dizia: “Vergonha” e “Descanse em paz, Liverpool (1892-2021)”.

    Uma reunião entre os capitães de todos os times da Premier League foi convocada pelo meia Jordan Henderson, do Liverpool. Até entre os jogadores a insatisfação era grande com a criação de uma liga sem depender das competições nacionais para conseguir vaga no torneio continental e sem o risco de rebaixamento.

    Dirigente renuncia confrontado por jogadores

    No Manchester United, Ed Woodward, chefe executivo do time, renunciou ao cargo. Ele era o vice-presidente da Superliga. Na véspera, Woodward tivera uma dura reunião com os jogadores e fora confrontado pelo capitão da equipe, Harry Maguire.

    Os atletas só souberam da intenção do United de integrar a Superliga horas antes de enfrentarem o Burnley, pelo Campeonato Inglês. Para o elenco, o técnico Ole Gunnar Solskjaer ficou exposto porque teve que enfrentar as perguntas dos repórteres na entrevista coletiva do pós-jogo sem que estivesse preparado.

    Técnicos mais badalados da Premier League, Jurgen Klopp, do Liverpool, e Pep Guardiola, do Manchester City, já haviam se posicionado contrários à criação da Superliga.

    “Se você me perguntar por que esses clubes foram escolhidos, eu não sei a razão deles jogarem essa competição hipotética no futuro. Não é esporte quando a relação entre esforço e sucesso não existe. Não é esporte quando o sucesso está garantido. Não é esporte quando a derrota não importa”, comentou Guardiola.