Conmebol cobra Peñarol e pede prazo para definição sobre torcida do Botafogo
Conmebol exigiu garantidas para que botafoguenses tenham condições para assistir ao jogo no estádio
Após o Ministério do Interior do Uruguai determinar a realização da partida entre Peñarol e Botafogo, na quarta (30), sem a presença da torcida visitante, a Conmebol manifestou-se e exigiu garantias para que os alvinegros possam comparecer ao Estádio Campeón del Siglo, em Montevidéu, pela partida de volta da semifinal da Libertadores. A partida será disputada às 21h30, da quarta-feira.
No comunicado, a Conmebol reforça que o informe publicado pelo governo do Uruguai vai contra o regulamento da Libertadores – que exige uma antecedência de oito dias -, além de destacar que, em outras ocasiões, o Ministério do Interior classificou “jogos de alto risco” do Peñarol, que foi obrigado a tomar medidas de segurança e logística para realizar a partida conforme determina o regulamento geral da competição.
Por fim, a Conmebol solicitou ao Ministério do Interior do Uruguai, em conjunto com o Peñarol, que garantam por escrito que as condições de segurança necessárias para a realização da partida com as duas torcidas até às 10h desta terça (29), véspera da partida. Caso isso não ocorra, a Conmebol estará autorizada a tomar as seguintes decisões: transferir o jogo para outro local ou realizar a partida sem público.
Confira, na íntegra, o posicionamento do Botafogo
“O Botafogo foi surpreendido, na tarde desta segunda-feira (28), com um ofício do Ministério do Interior do Uruguai formalizando, por razões de segurança, o veto à presença de torcedores do Botafogo no jogo da volta da semifinal da Libertadores, contra o Peñarol, no Estádio Campeón del Siglo.
O Botafogo discorda veementemente das decisões das autoridades uruguaias. O Clube acredita que o Uruguai é um país que reúne plenas condições para garantir a realização do duelo com total segurança. O Botafogo reafirma ainda que é contra qualquer tipo de violência e que preza por uma disputa leal em campo.
O Regulamento é claro no sentido de que a obrigação da manutenção da segurança é de responsabilidade do Clube Local ou da Federação/Confederação Nacional. Em face do que foi apresentado, está evidente que o Peñarol e a Polícia de Montevidéu (Policia Nacional do Estado Maior – Ministério do Interior) assumiram a incapacidade em garantir a segurança de torcedores e delegações de ambas as equipes. O Botafogo acredita que essa infração do regulamento não deve passar impune pela CONMEBOL. Por este motivo, estamos acompanhando junto à entidade os desdobramentos para assegurar o estrito cumprimento do Regulamento da Competição.
Uma decisão unilateral como esta abre um precedente muito perigoso para a competição pois o critério de “falta de segurança” poderá ser usado por qualquer outra agremiação para impedir a entrada da torcida visitante nos jogos CONMEBOL. O Botafogo crê que o clube que não a garantir segurança da torcida visitante não pode ser beneficiado por suas próprias falhas.
As tensões existentes devem ser resolvidas de forma diplomática pelos clubes. Nesse sentido, o Botafogo tomou todas as providências possíveis — incluindo uma comunicação oficial antes do duelo de ida — onde reforçou a importância de que seus torcedores prezassem pela paz e respeito ao adversário, fato que culminou em um comportamento exemplar dos alvinegros. Porém, o que foi visto desde então, por parte da direção do Peñarol, são discursos inflamados e uma posição contrária à boa prática institucional. Em meio a isso, fica o questionamento: “Ora, se a direção do Peñarol mostrasse uma postura mais construtiva e pacificadora, estaríamos discutindo este tema de segurança no dia de hoje?”
O Botafogo confia na CONMEBOL para tomar as medidas cabíveis visando a segurança de todos os envolvidos e a manutenção do equilíbrio esportivo.
Por fim, o Botafogo acionou o Itamaraty, o Ministério dos Esportes e a Policia Federal/Interpol com o intuito de preservar a segurança dos torcedores que estão em Montevidéu.”
Entenda o caso
Um grupo de torcedores uruguaios chegou ao Rio de Janeiro em três ônibus de turismo, que permaneceram estacionados durante o dia da partida. Durante o período entre 12h e 12h40, às vias da orla, na Avenida Lúcio Costa, foram fechadas diversas vezes devido à aglomeração dos torcedores.
Um dos torcedores foi preso por roubo de celular em um quiosque, com o ato registrado por câmeras de segurança. Ele foi levado à 42ª Delegacia de Polícia e, posteriormente, transferido para a 16ª DP. Além disso, torcedores do Peñarol entraram em confronto com a Polícia Militar e moradores.
O confronto, que durou mais de 2h, terminou com a detenção de mais de 280 torcedores uruguaios após quiosques serem depredados e motos incendiadas, além de um ônibus dos estrangeiros.
Histórico de incidentes
Este não é o primeiro incidente envolvendo torcedores do Peñarol no Rio de Janeiro. Em setembro, uma briga ocorreu na Praia da Macumba entre torcedores de Peñarol e Flamengo, durante a partida de ida das quartas de final da Libertadores, em que os Carboneros venceram por 1 a 0 no Maracanã.
Em 2019, em outro jogo entre Peñarol e Flamengo pela Libertadores, um torcedor rubro-negro que veio do Espírito Santo morreu após ser agredido por uruguaios na orla de Copacabana.