
Ex-jogador Richarlyson se declara bissexual: “O mais importante não vai mudar, que é a homofobia.”
Ex-volante é o primeiro atleta da história abertamente não heterossexual a ter vestido a camisa de clubes da elite do futebol brasileiro e da Seleção


O ex-jogador de futebol Richarlyson pela primeira vez se declarou bissexual, nesta sexta-feira (24).
A revelação foi feita em uma entrevista ao podcast “Nos Armários dos Vestiários”, da TV Globo.
O ex-volante multicampeão é o primeiro atleta brasileiro com passagem por clubes da Série A e pela Seleção Brasileira a se declarar não heterossexual.
“A vida inteira me perguntaram se sou gay. Eu já me relacionei com homem e já me relacionei com mulher também. Só que aí eu falo hoje aqui e daqui a pouco estará estampada a notícia: “Richarlyson é bissexual”. E o meme já vem pronto. Dirão: “Nossa, mas jura? Eu nem imaginava”. Cara, eu sou normal, eu tenho vontades e desejos”, disse Richarlyson durante a entrevista.
“Vai chover de reportagens, e o mais importante, que é pauta, não vai mudar, que é a questão da homofobia. Infelizmente, o mundo não está preparado para ter essa discussão e lidar com naturalidade com isso”, acrescentou.
O podcast relembra que, no futebol brasileiro, o único relato existente até então de um jogador da comunidade LGBTQIA+ se tratava de um goleiro da Série D, o Messi, que jogava pelo clube potiguar Palmeira de Goianinha.
“Pelo tanto de pessoas que falam que é importante meu posicionamento, hoje eu resolvi falar: sou bissexual. Se era isso que faltava, ok. Pronto. Agora eu quero ver se realmente vai melhorar, porque é esse o meu questionamento”, disse Richarlyson na entrevista.
Richarlyson viu sua sexualidade virar tema de debate público em 2007, quando o então diretor administrativo do Palmeiras, José Cyrillo Júnior, insinuou em um programa de televisão, com tom preconceituoso, que o jogador seria gay.

O então jogador são-paulino registrou queixa-crime contra o dirigente, que se desculpou. A denúncia foi arquivada pelo juiz Manoel Maximiniano Junqueira Filho, em uma decisão que gerou revolta.
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), por exemplo, manifestou repúdio à fundamentação da sentença. Ao fazer a denúncia, o então deputado Bruno Covas, leu trechos da sentença nos quais o juiz alegava que “futebol é jogo viril, varonil, não homossexual”.
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados também aprovou uma moção de repúdio, dizendo que o “juiz inverte a lógica do Direito e transforma a vítima, que demandou justiça e pede a reparação do dano, em ré”.
Jogador de futebol de 2001 a 2021, Richarlyson teve passagem por grandes clubes como Fortaleza, Atlético-MG, no qual conquistou a Libertadores de 2013, e, principalmente, o São Paulo.

Vestindo a camisa do tricolor paulista durante, o ex-volante conquistou o tri da era Muricy Ramalho: os Campeonatos Brasileiros de 2006, 2007 e 2008, além do Mundial de Clubes da Fifa, em 2005.
Em 2008, Richarlyson foi convocado duas vezes para vestir a camisa da Seleção Brasileira sob o comando do técnico Dunga. Em fevereiro de 2008, para um amistoso contra a Irlanda, e, em março, um amistoso contra a Suécia. O Brasil venceu as duas partidas por 1 a 0.
“Com certeza minha carreira poderia ter sido muito melhor em termos midiáticos por aquilo que eu construí dentro do futebol se não tivesse essa pauta (sexualidade). Isso é visível, todo mundo sabe disso, mas chegou num ponto em que eu fiquei saturado mesmo”, disse na entrevista ao podcast divulgada nesta sexta (24).
Confira fotos da Parada do Orgulho LGBTQIA+ em São Paulo
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Participantes durante a Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo, na Avenida Paulista, na região central da capital paulista • Joca Duarte/PhotoPress/Estadão Conteúdo
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Com 19 trios elétricos espalhados pela via, a expectativa da organização é atrair até 3,5 milhões de pessoas • Joca Duarte/PhotoPress/Estadão Conteúdo
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Parada do Orgulho LGBTQIA+ está na 26ª edição em São Paulo, e retomou formato presencial após dois anos • Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Movimentação durante a 26ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ na Avenida Paulista • André Ribeiro/PhotoPress/Estadão Conteúdo
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A concentração do evento ocorre perto do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista • Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo
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A Parada conta com 19 trios elétricos e shows de artistas como Pabllo Vittar, Luísa Sonza, Lexa e Ludmilla • Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo
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A expectativa da organização do evento é que cerca de 3 milhões de pessoas participem • Roberto Sungi/Futura Press/Estadão Conteúdo
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A Parada LGBTQIA+ é um dos eventos mais importantes para a economia paulistana • Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Em 2019, último ano antes da pandemia, a Parada LGBTQIA+ movimentou R$ 403 milhões na economia da cidade. A projeção para esse ano é entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões • Roberto Sungi/Futura Press/Estadão Conteúdo
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O tema deste ano é “Vote com orgulho – por uma política que representa”, e o evento busca reafirmar o compromisso com a luta contra qualquer tipo de discriminação • Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Para que o público possa completar o trajeto, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) interditou a Avenida Paulista, entre a Praça Oswaldo Cruz e a Rua da Consolação • Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo
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O primeiro dos 19 trios elétricos estava previsto para iniciar o percurso até a Praça Franklin Roosevelt às 12 horas • Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Em 2020 e 2021, a parada ocorreu apenas de forma virtual, com lives • Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Em 2019, último ano antes da pandemia, a Parada LGBTQIA+ movimentou R$ 403 milhões na economia da cidade • Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Movimentação durante a 26ª Parada do Orgulho LGBT+ na Avenida Paulista em São Paulo (SP), neste domingo (19) • Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Parada do Orgulho LGBTQIA+ é realizada anualmente em São Paulo • Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
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A drag queen Tchaka durante a 26ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ na Avenida Paulista, em São Paulo • Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Parada ocorre durante o Mês do Orgulho LGBTQIA+, em junho • Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Avenida Paulista foi interditada para a passagem da Parada LGBTQIA+ • CNN Brasil/Reprodução
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Registro feito por um drone na Parada LGBTQIA+ • CNN Brasil/Reprodução
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Movimentação durante a 26ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ na Avenida Paulista • Danilo M. Yoshioka/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Evento é promovido pela Associação da Parada do Orgulho LGTB+ e pela Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) de São Paulo • Celso Luix/Código19/Estadão Conteúdo
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Parada deste ano alerta para a importância do voto às vésperas das eleições de outubro • Bruno Rocha/Enquadrar/Estadão Conteúdo
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Participantes durante a 26ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, na Avenida Paulista • Bruno Rocha/Enquadrar/Estadão Conteúdo
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Movimentação durante a 26ª Parada do Orgulho LGBT+ em São Paulo • Renato S; Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Cantora e Drag Queen Pabllo Vittar se apresenta durante a 26ª Parada do Orgulho LGBT+ na Avenida Paulista em São Paulo • ESTADÃO CONTEÚDO
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Parada é promovida pela Associação da Parada do Orgulho LGTB+ e pela Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) de São Paulo • WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Cantora Luísa Sonza também se apresentou na 26ª Parada LGBT+ de São Paulo (SP), na Avenida Paulista, neste domingo • ESTADÃO CONTEÚDO