
O que acontece com árbitros afastados? Ex-árbitro Renato Marsiglia explica
Marsiglia vê o afastamento como uma punição e que a profissão precisa ser mais valorizada no país


Após a segunda rodada do Campeonato Brasileiro, dois árbitros foram afastados pela Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) após erros considerados graves.
No jogo entre Sport e Palmeiras, a equipe de arbitragem e do VAR foram afastados para a reciclagem. O juíz responsável por essa partida foi Bruno Arleu de Araujo, árbitro Fifa. O lance que determinou o afastamento do profissional foi o pênalti marcado a favor do Verdão no final do jogo.
Em Internacional e Cruzeiro, Marcelo de Lima Henrique, árbitro Fifa entre 2008 e 2014, e a árbitra do VAR, Daiane Muniz, foram afastados após expulsão do zagueiro Jonathan Jesus, no Beira-Rio.
Em conversa com a CNN Brasil, Renato Marsiglia, ex-árbitro Fifa, diz ser a favor da punição e da reclagem da arbitragem, principalmente quando o erro cometido foi grave.
“Ele fica marcado por um tempo e tira a visibilidade dele. A partir do momento em que houve um erro, tem que ter alguma punição, vai doendo o bolso. O erro é grave. O outro lado é a saída da escala. Ele passa por um processo de reciclagem dentro da comissão de arbitragem. Vão passar passar vídeos com ele uma série de lances para discussão para entender qual é a opinião dele sobre todos eles e saber porque que ele errou”, explicou.
O ex-árbitro ainda falou sobre uma atitude de Bruno Arleu de Araújo que poderia ter previnido o afastamento do juíz.
Bruno Arleu simplesmente atendeu o árbitro de vídeo quando ele poderia ter pedido o vídeo para para ver.
Renato Marsiglia, ex-árbitro
De acordo com Marsiglia, o tempo de afastamento depende da Comissão de Arbitragem, mas o longo tempo pode trazer prejuízos.
“Tem árbitro que fica 2 semanas afastadi, tem árbitro que fica 1 mês. Mas a verdade é o seguinte, se tirar o árbitro por 2 meses, quando ele voltar, volta pior. Porque árbitro não tem treino. O treinamento é dentro do campo, procurar o melhor espaço, o melhor posicionamento numa jogada. E apitando. Aí se tirar dois meses, ele perde esse condicionamento. Isso é normal”, disse.
Se tirar dois meses, vai voltar pior, com certeza
Renato Marsiglia, à CNN Brasil
Renato também explicou que o retorno do árbitro afastado para os jogos, depende da Comissão, mas há a tentativa de encaixar no jogo adequado.
“Você tem que procurar colocar o árbitro certo no jogo certo. Não é o árbitro serve para qualquer jogo, aí tem que tem que fazer com calma também”, explicou.
“Pode ser que ele volte para um jogo da Série A mesmo, mas um jogo que não seja um jogo de grande repercussão. Ou vai para um jogo da Série B importante. A Série B hoje tem 10, 12 clube disputando quatro vagas. A Série B é difícil. Vai depender da comissão de arbitragem”, finalizou.
Para Marsiglia, há uma falta de entendimento da CBF e dos clubes de que a arbitragem é um investimento e não uma despesa.
“A nível nacional, A, B, C e D, contando taxa de arbitragem, passagem, estadia, alimentação, hotel, o gasto num ano é de R$ 30 milhões. Os clubes recebem mais de 2 bilhões de reais. Só na televisão”, disse.
“Vai ter que sair do patrocínio, do dinheiro da televisão, 30 milhões de reais. Um presidente de clube muito conhecido que disse: “Não, 30 milhões é nós não podemos tirar esse dinheiro do nosso patrocínio”. Vai tirar 80 milhões de 40 clubes das séries A e B”, finalizou.