Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Ídolo da NBA sofre perseguição política na Turquia

    As críticas ao presidente Tayip Erdogan fizeram com que o governo turco o enquadrasse numa lei antiterrorismo

    Adalberto Leister Filho e Marcelo Favalli, da CNN em São Paulo

    Aos 28 anos de idade, Enes Kanter, pivô de origem turca, vive – ao mesmo tempo – a melhor e a pior fase de sua vida. Como jogador profissional pelo Boston Celtics da NBA, o gigante de 2,08 metros pode conquistar o troféu mais cobiçado do basquete profissional. Mas a vitória deve ter um gosto amargo. Enes sequer tem como celebrar com a família, que continua na Turquia. 

    As críticas ao presidente Tayip Erdogan fizeram com que o governo turco o enquadrasse numa lei antiterrorismo. O passaporte dele foi cancelado em 2017, e existe uma ordem de prisão internacional contra ele. Kanter continua em liberdade porque está protegido pelas leis de imigração dos Estados Unidos. 

    Leia também:

    Casos recentes mostram que o esporte ainda não superou o racismo

    Emocionante discurso de Marta na Copa do Mundo ainda ressoa

    “Eu não sou político, não sou jornalista, meu trabalho é jogar basquete. Mas só por conta de todos esses problemas que estão acontecendo na minha terra natal, Turquia, eu tenho que me posicionar e falar sobre o que realmente é importante”, diz ele. 

    Enes Kanter
     
    Foto: Reprodução/ NBA

    Erdogan se mantém no poder desde 2003 muito por conta da “mão de ferro” contra a oposição. Os protestos que têm como alvo o presidente, em geral, são dispersados pela polícia. Direito garantido à livre manifestação do pensamento só para as marchas pró-governo. 

    Em julho, o parlamento aprovou uma regulamentação que restringe o uso das redes sociais, na Turquia, aumentando a censura aos dissidentes. Erdogan não teve dificuldade para fazer a emenda passar pelo congresso, afinal, ele é líder do partido que comanda o legislativo do país há 17 anos. 

    “Eu estava falando sobre liberdade, democracia, direitos humanos. Sabe, porque o governo turco não gostou das conversas que eu falava sobre e eles começaram a boicotar minha família”, diz Kanter. “E meu irmão menor, na verdade, estava jogando basquete na Turquia e foi literalmente expulso de todos os times por conta da lista negra que estou. Na verdade, eles prenderam meu pai por um tempo, mas pressionamos tanto daqui para a Turquia, até o libertarem.”   

    Pesa ainda contra o jogador Enes Kanter o fato de ele ter sido aluno do religioso Fethullah Gulen, que vive exilado nos Estados Unidos desde 1999.  

    Cerca de 150 mil pessoas sofreram algum tipo de perseguição, na Turquia, suspeitas de terem apoiado o golpe de estado frustrado, em 2016. Para o então primeiro-ministro Tayip Erdogan, Gulen estava por trás da tentativa de tirá-lo do poder.  

    Kanter não sabe qual será seu destino. Ele está na fila para conseguir a nacionalidade americana, só que o processo enfrenta as burocracias impostas pela administração de Donald Trump que dificultam a permanência de refugiados nos Estados Unidos. Mesmo assim, o atleta diz que vai manter a postura de combater o que ele chama de “ditadura de Tayip Erdogan”. 

    “Então eu sinto que devo continuar falando sobre o que é importante para as pessoas e eu preciso falar sobre alguns dos problemas que estão acontecendo na minha terra natal, a Turquia”, finaliza Enes. 

     

    Tópicos