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    Justiça acata ação contra Piquet por falas racistas sobre Lewis Hamilton

    Quatro entidades solicitam indenização de R$ 10 milhões em favor do britânico por danos morais coletivos; o brasileiro tem 15 dias para apresentar uma contestação ao tribunal

    Nelson Piquet no paddock antes do GP de Barcelona, em abril de 2008.
    Nelson Piquet no paddock antes do GP de Barcelona, em abril de 2008. Clive Mason/Getty Images

    Giulia AlecrimJúlia Vieirada CNN

    em São Paulo

    O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios acatou a ação pública impetrada por quatro entidades contra o ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet por falas racistas e homofóbicas sobre o heptacampeão mundial da categoria, Lewis Hamilton. O brasileiro tem 15 dias para apresentar uma contestação à Corte.

    O pedido de indenização de R$ 10 milhões em favor do britânico por danos morais coletivos foi protocolado em 5 de junho pela Aliança Nacional LGBTI+ em parceria com a Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas (Abrafh), Educafro e o Centro Santo Dias de Direitos Humanos.

    Em nota divulgada pelas entidades, o advogado Marlon Reis afirmou que “não foi uma ofensa ao Lewis Hamilton, mas a toda a coletividade e aos valores de inclusão e diversidade”.

    “A resposta de Hamilton foi elegante e precisa, um chamado para a ação contra todos os tipos de discriminação”, acrescentou Reis.

    Na ocasião, o piloto se manifestou dizendo que as “mentalidades arcaicas precisam mudar” e “não têm lugar na F1”. “Fui cercado por essas atitudes e fui alvo por minha vida toda. Já houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação”, escreveu Hamilton em suas redes sociais.

    A coordenadora da área jurídica, Amanda Souto Baliza, apontou que “as falas emitidas pelo ex-corredor são extremamente danosas e não podem ficar impunes, especialmente em razão da repercussão mundial que o caso tomou”.

    “Temos que lutar contra o racismo. O racismo é primo irmão da LGBTIfobia. Temos que enfrentar todas as formas de discriminação com base na interseccionalidade das pessoas. Juntos venceremos contra a LGBTIfobia, o racismo e outras formas de discriminação”, defendeu o Diretor Presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, na nota.

    Procurado pela CNN, Nelson Piquet ainda não respondeu à reportagem.

    Relembre o caso:

    No final de junho deste ano, começou a circular pela internet um vídeo em que Piquet, ao comentar o acidente que envolveu o inglês e Max Verstappen, durante o Grande Prêmio de Silverstone, em 2021, chamou Hamilton “neguinho”.

    “O neguinho [Lewis Hamilton] meteu o carro e deixou porque não tinha jeito de passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele é que só o outro [Verstappen] se f*deu”, afirmou Piquet em entrevista ao canal Motorsports Talk em novembro de 2021.

    Dias depois, um novo trecho da mesma entrevista veio à tona. Dessa vez, Piquet fez uma declaração homofóbica contra o heptacampeão mundial.

    As declarações foram feitas quando o brasileiro se referia a 2016, quando Hamilton perdeu a temporada para o seu companheiro de equipe, o alemão Nico Rosberg.

    No novo trecho divulgado, ele tinha sido perguntado sobre a temporada de 1982 da Fórmula 1, e sobre o que achava do campeão daquele ano, Keke Rosberg, pai de Nico.

    O ex-piloto brasileiro então declarou enquanto ria: “O Keke? Era um bosta, não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele. Ganhou um campeonato… O neguinho devia estar dando mais c* naquela época, aí tava meio ruim.”

    (Com informações de André Rosa, Léo Lopes e Lucas Schroeder)