Chefe da Mercedes põe em dúvida GP do Brasil de Fórmula 1
'Não podemos imaginar que iremos para lá', disse o chefe da equipe da montadora
O chefe da equipe Mercedes, a principal da Fórmula 1, Toto Wolff, colocou em dúvida a realização dos GPs do Brasil e dos Estados Unidos nesta temporada diante da pandemia do novo coronavírus.
“Olhando para esses países neste momento, a gente não pode imaginar que iremos para lá”, afirmou o dirigente, que apimentou ainda mais a declaração.
“Com base nas minhas conversas com Chase Carey [CEO da Fórmula 1], ele não quer fechar nenhuma porta. Mas não parece que iremos para lá. Eles são muito cuidadosos e não iriam para lá se fosse um risco para nosso pessoal”, acrescentou.
O GP do Brasil estava inicialmente programado para 15 de novembro. Mas, por conta das eleições municipais, deve ser disputado com uma semana de antecedência. A nova data ainda não foi confirmada pela Liberty Media, detentora dos direitos comerciais da F-1. Já a etapa dos EUA, marcada para Austin, no Texas, está marcada para 25 de outubro.
EUA e Brasil são os dois países mais atingidos pela pandemia do novo coronavírus. Segundo números da Universidade John Hopkins, os EUA têm 2,78 milhões de infectados e somam 129.192 mortos. Já o Brasil confirmou mais de 1,5 milhão de infectados e 63 mil vítimas.
A Fórmula 1 espera finalizar a temporada com 15 a 18 corridas em 2020. Seis etapas já foram canceladas: Austrália, Mônaco, Azerbaijão, França, Cingapura e Japão. As corridas de Bahrein, Vietnã, Holanda e Canadá foram adiadas, mas ainda não têm data para acontecer.
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Procurada para comentar o caso, a organização do GP do Brasil afirmou que nem a Liberty Media poderia tomar a decisão pelo cancelamento da etapa nacional da F-1.
“O único fator que justificaria o cancelamento de um evento seria um motivo de força maior, o que está fora do controle das partes envolvidas (tanto contratada quanto contratante). Não seria uma decisão das equipes, mas, sim, da FIA, baseada em evidências do que pode constituir um caso de força maior. A evolução da pandemia em São Paulo não é diferente do que ocorre na Inglaterra ou na Itália e, pelas projeções, certamente diminuirá até novembro. A organização do GP Brasil acompanha a situação e mantém a comissão médica da FIA atualizada. As decisões saem de lá, e não de dirigentes de equipes”, afirmaram os organizadores da corrida brasileira.
A FIA (Federação Internacional de Automobilismo), porém, afirmou que não tem poder de decisão sobre as etapas da F-1.
“O calendário não é algo que a FIA vai especular – é uma questão para o detentor dos direitos comerciais [da Fórmula 1] que organiza o calendário. A FIA apenas o aprova. Não está envolvida nas discussões a que você está se referindo”, afirmou Tom Wood, diretor de comunicações da F-1, ao ser questionado pela CNN.
Procurada, a Liberty Media não se pronunciou.