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    Pesquisadores dizem que liberar público em estádios é ‘contra o bom senso’

    Membros da Fundação Oswaldo Cruz e da Sociedade Brasileira de Infectologia dizem que arenas são ambientes fora de controle no combate à Covid-19

    Luiza Muttoni e Maria Mazzei, da CNN no Rio de Janeiro

    Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) são contrários ao retorno do público aos estádios de futebol, e classificam a medida como “contrária a qualquer norma sanitária de bom senso”.

    “Estádio de futebol é um ambiente fora de controle. Por mais vigilância que se faça, não tem como garantir que todos usarão máscaras, que irão respeitar 1,5 metro de distância, e que se locomoverão dentro do estádio seguindo esse distanciamento. Permitir torcida é uma grande falta de bom senso por parte das autoridades. No lugar de medidas sanitárias, estamos vivendo um paradoxo entre o que o que a ciência diz e as medidas adotadas pelo poder público”, avaliou Margareth Dalcolmo, pneumologista e pesquisadora da Fiocruz.

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    A Sociedade Brasileira de Infectologia avaliou, através de nota, que a Prefeitura do Rio “dá sinais invertidos” ao autorizar o funcionamento de setores não essenciais da economia, e “depois responsabiliza a população pelo aumento de casos de Covid-19”.

    A Prefeitura do Rio já anunciou o retorno das torcidas aos estádios de futebol, e a primeira partida com público será no dia 4 de outubro, no Maracanã, considerado o “estádio piloto” da volta do público.

    A partida entre Flamengo e Atlético Paranaense, válida pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro, terá venda de ingressos pela internet e ocupação de 30% em cada setor do Maracanã.

    Em entrevista coletiva na última semana, o pefeito Marcelo Crivella culpou a população pelo aumento de casos de Covid-19 na cidade, citando aglomerações nos bares e nas praias, e anunciou o endurecimento da punição a estabelecimentos que descumprirem as regras de ouro.

    Falta de consenso

    O governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, informou que só vai liberar a volta das torcidas aos estádios se o Ministério da Saúde autorizar.

    Castro prorrogou as medidas restritivas de prevenção à Covid-19 até o dia 6 de outubro, mantendo suspensos eventos com público, incluindo competições esportivas.

    A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se reúne nesta semana com os governos do estado e do município do Rio de Janeiro para discutir a questão.

    A expectativa é de que a reunião aconteça nesta terça-feira (22).

    O que dizem os clubes

    A proposta de alguns clubes é de que autoridades de saúde sejam ouvidas e aprovem um protocolo específico de retornada.

    Tanto os grandes times do Rio quanto a Federação de Futebol do Estado adotam medidas mais cautelosas com relação ao assunto.

    O Flamengo informou que não vai se posicionar neste momento.

    O Fluminense vai aguardar o posicionamento da CBF.

    O Botafogo defendeu o princípio da isonomia, “uma premissa básica quando se fala em competição”, segundo nota emitida pelo clube. “É uma discussão que precisa contemplar o coletivo, ou seja, todos os clubes e cenários vivenciados em todo o país, sob os mesmos critérios. É imprescindível que haja o respaldo dos órgãos de saúde, e que ocorra sem açodamentos”.

    O Vasco, até o fechamento desta matéria, não se pronunciou.

    A CNN procurou, também, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que informou que o Grupo Técnico Multidisciplinar para o Enfrentamento da Covid-19 não irá emitir nota técnica.

    No entanto, o professor Roberto Medronho – que coordena o grupo – tem uma opinião pessoal contrária ao retorno das torcidas.

    Já a Fiocruz informou que até este momento não deve se posicionar.

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