Mayra leva bronze e é a 1ª brasileira com 3 medalhas em esportes individuais
Judoca repetiu o terceiro lugar que já havia conquistado nos Jogos de 2012 e 2016
A judoca Mayra Aguiar, 29 anos, conquistou o bronze nas Olimpíadas 2020 nesta quinta-feira (29) e se tornou a primeira brasileira a ganhar três medalhas olímpicas em esportes individuais.
Ela também se consagrou como a primeira atleta do judô do Brasil a conseguir três pódios olímpicos, repetindo o terceiro lugar na categoria até 78 kg que já havia conquistado nos Jogos de Londres-2012 e Rio-2016.
Na disputa do bronze em Tóquio, Mayra venceu a sul-coreana Hyunji Yoon por ippon, com uma imobilização sobre a adversária com apenas 1 minuto e 18 segundos de luta.
A medalha de Mayra é a sexta do Brasil nos Jogos de 2020 — veja o quadro de medalhas atualizado.
“Eu tive medo”, diz judoca
A trajetória até as Olimpíadas 2020 sofreu um baque em setembro do ano passado, quando ela precisou passar por uma cirurgia no joelho esquerdo. Ela retornou às disputas no Mundial realizado em Budapeste, na Hungria, e foi eliminada na segunda rodada.
Mesmo assim, Mayra conseguiu se recuperar a tempo de disputar sua quarta Olimpíada – ela também competiu em Pequim-2008, com uma derrota na estreia da categoria até 70 kg. “Estou bem emocionada mesmo. Acho que é a conquista mais importante para mim”, disse, à TV Globo, logo após conquistar o bronze.
“Foi bem difícil esses últimos anos, esses últimos tempos. Tem que superar, e tem que superar de novo, e de novo… não aguentava mais fazer cirurgia, estava muito cansada. É muito desgastante passar por tudo isso, ainda mais no momento que a gente estava vivendo”, lembrou a judoca.
Eu tive medo, eu tive angústia, eu continuei, eu acreditei. Por pior que estivesse, a gente tentar fazer o nosso melhor vale a pena. Estou bem emocionada, estou tentando me acalmar, mas está sendo muito importante para mim.
Mayra Aguiar, medalha de bronze em Tóquio
Agora, a judoca afirma que já inicia a sua preparação para os Jogos de Paris, em 2024, onde buscará o inédito título olímpico. “São 3 anos, passa rápido. Agora é voltar para casa, recuperar e continuar lutando, porque quero estar em Paris e quero esse ouro também.”
Além dos três bronzes olímpicos, Mayra também ganhou seis medalhas em Mundiai: dois ouros (2014 e 2017), uma prata (2010) e três bronzes (2011, 2013 e 2019).
A campanha do bronze
Mayra estreou diante da israelense Inbar Lanir, já nas oitavas de final da categoria até 78 kg. E a luta durou apenas 40 segundos, tempo necessário para a brasileira aplicar um ippon. Só que se a primeira passagem pelo tatame foi curta e vitoriosa, o que aconteceu na segunda foi o contrário.
Mayra encarou a alemã Anna-Maria Wagner e viu a atual campeã mundial acabar com o sonho do seu primeiro título olímpico. Nos 4 minutos iniciais, a brasileira foi mais agressiva, mas não conseguiu encaixar o golpe que lhe daria a vitória. Já no golden score, foi anulada pela rival, que aplicou um ippon com 3min47, assegurando a vitória e a passagem às semifinais. Ficou a impressão de que a falta de ritmo a atrapalhou em uma luta mais longa.
Na repescagem, Mayra contou com punições para avançar à luta pelo bronze. A russa Aleksandra Babintseva recebeu três advertências por fugir do combate. Na visão do juiz, ela buscou escapar de um golpe com a cabeça, evitou a pegada da brasileira e saiu da área de luta.
Judô é a modalidade mais premiada do Brasil
Para o judô brasileiro, a medalha de Mayra em Tóquio é a segunda nas Olimpíadas 2020 — Daniel Cargnin também ganhou o bronze, na categoria até 66 kg — e a 24ª na história dos Jogos.
O esporte de luta de origem japonesa foi o que mais assegurou medalhas na trajetória brasileira nos Jogos Olímpicos: são quatro ouros, três pratas e 15 bronzes.
A tradição do judô brasileiro nas Olimpíadas também se reflete no retrospecto do país na competição. São dez edições consecutivas, desde Los Angeles-1984, que o Brasil conquista uma medalha nos Jogos. A primeira delas havia ocorrido 12 anos antes, em Munique-1972, com o bronze de Chiaki Ishii, nascido no Japão e naturalizado brasileiro.
Derrota precoce de Buzacarini
Já a participação de Rafael Buzacarini (até 100kg) não foi além da primeira luta em Tóquio. Diante do belga Toma Nikiforov, o atual campeão europeu, o brasileiro vinha fazendo um combate equilibrado e até tendo mais iniciativa, mas levou um wazari a 38 segundos do fim e não conseguiu mais se recuperar.
“Sabia que seria uma luta dura e acabei sofrendo o golpe. Perdi. Eu fico triste. Dei tudo o que eu tinha. Só agradeço a chance de lutar em mais uma Olimpíadas, mas poderia ir mais longe. Desculpa a todos. Eu tentei”, disse Buzacarini, chorando, ao SportV.