Ketleyn Quadros e Bruninho levarão a bandeira do Brasil nos Jogos de Tóquio
Para o presidente Comitê Olímpico Brasileiro, Paulo Wanderley Teixeira, a escolha dos dois mantém a tradição de privilegiar a excelência e a meritocracia
A judoca Ketleyn Quadros e o levantador da seleção brasileira de vôlei Bruno Rezende formarão a dupla responsável por carregar a bandeira do Brasil na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, na próxima sexta-feira (23).
Quadros é a primeira brasileira a conquistar uma medalha olímpica em esportes individuais, um bronze na categoria leve em Pequim 2008. Comandando pelo pai Bernardinho, Bruninho levou o ouro em 2016, quando os Jogos foram disputados no Rio de Janeiro.
Para o presidente Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Paulo Wanderley Teixeira, a escolha dos dois mantém a tradição de privilegiar o respeito, a excelência e a meritocracia.
“Essa é a maior delegação brasileira em uma edição de Jogos Olímpicos fora do país. E nada mais justo que homenagearmos grandes representantes de duas das modalidades que mais deram medalhas olímpicas ao Brasil. A Ketleyn é uma pioneira no judô, um exemplo de profissional e da filosofia do esporte. Bruninho, apesar de ser filho de dois dos maiores de sua modalidade, conseguiu trilhar o próprio caminho, conquistando três medalhas olímpicas, um feito para poucos, e ainda pode ser orgulhar de ser o capitão numa campanha de ouro”, afirmou Teixeira.
Inicialmente, a mãe de Ketelyn Lima Quadros matriculou a filha nas aulas de natação. A atleta, no entanto, deixava de ir à piscina para assistir aos treinos de judô. Insistiu tanto que acabou inciando na modalidade.
Ketelyn, para se classificar aos Jogos Olímpicos Pequim 2008, viu sua principal concorrente à vaga, Danielle Zangrando, se machucar e não deixou a oportunidade passar.
Embora tenha ficado de fora dos dois últimos ciclos olímpicos, a judoca volta à competição após 13 anos do recebimento da medalha. Ela se tornará a terceira mulher na história e também a terceira judoca a carregar a bandeira do Brasil.
Em 2000 — quando os Jogos foram disputados em Sidney, na Austrália — a bandeira brasileira foi carregada pela jogadora de vôlei Sandra Pires. Em 2016, no Brasil, foi a vez da pentatleta Yane Marques.
Em relação aos judocas, Walter Carmona levou a bandeira brasileira em 1988, em Seul. Já em 1992, quando os Jogos foram em Barcelona, foi a vez Aurélio Miguel ser o porta-bandeira.
“Eu fico me emocionando o tempo inteiro. As conquistas são consequências de quem acredita, de quem constrói apesar das adversidades, de muita dedicação, de muito treinamento, do trabalho de muitas pessoas. Eu olho pra minha carreira e vejo que não ter participado dos últimos dois Jogos Olímpicos me ajudou a crescer, a evoluir e a estar aqui. Sou muito grata e me sinto privilegiada por representar cada um dos brasileiros sendo porta-bandeira”, disse Ketleyn, que possui 33 medalhas em eventos do Circuito Mundial da Federação Internacional de Judô.
“Tenho 33 anos e uma vida dentro da modalidade. Não falo isso com peso não, eu amo o que eu faço. Acho que vai passar um filme na minha cabeça quando eu tiver lá e saber que tudo que passei valeu à pena”, completou.
Bruno Rezende, mais conhecido como Bruninho, conheceu o vôlei cedo. Não poderia ser diferente visto que ele é filho dos ex-jogadores Vera Mossa e Bernardinho. O levantador logo se destacou jogando pela equipe de Florianópolis.
Em 2007, sagrou-se campeão dos Jogos Pan-americanos do Rio e nunca mais abandonou a seleção brasileira. Mesmo enfrentando desconfiança por ser filho do então treinador, conseguiu uma das carreiras mais vitoriosas do vôlei mundial, com três medalhas olímpicas e sendo capitão na campanha do ouro na Rio 2016. Ele será o primeiro representante do vôlei a ter essa distinção.
“Sou um mero representante do que o vôlei significa não só para o esporte, como para o povo brasileiro. Os valores que gerações anteriores deixaram de dedicação, de luta, de garra, de superação é o que levo e me sinto muito honrado. Ser o primeiro é motivo de muito orgulho e fruto desse legado. Sintam-se todos representados”, afirmou Bruninho.
“Depois que soube, contei apenas para algumas pessoas muito próximas, entre eles meu pai, uma pessoa que sempre guiou, que foi muito importante na minha carreira, primeiro como jogador, fazendo parte de uma geração pioneira, depois como técnico da geração mais vitoriosa história, que culminou com o ouro olímpico da superação. Representar a todos no maior momento do esporte mundial, eu não sei nem o que dizer, só na hora que vamos sentir na pele essa emoção e será um momento muito marcante”, finalizou.
A judoca faz sua estreia no lendário Nippon Budokan no próximo dia 27, enquanto Bruninho dá início ao torneio com a seleção no dia 24, na Ariake Arena, contra a Tunísia.