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    Itaú aponta que clubes mais ricos vencem mais – e o Flamengo reina no quesito

    Para consultor em finanças esportivas, times que quiserem ter títulos no horizonte precisam contar com paciência do torcedor e fazer a lição de casa da gestão

    Guilherme Venaglia, da CNN, em São Paulo

    Um estudo do banco Itaú BBA, que chegou à sua décima-primeira edição neste ano de 2020 e se debruça sobre as finanças dos clubes brasileiros de futebol, enxerga uma forte correlação entre a saúde financeira das agremiações e os resultados obtidos dentro das quatro linhas.

    Segundo o levantamento, entre as oito primeiras posições da tabela do Campeonato Brasileiro do ano passado, nada menos que sete são ocupadas pelos sete clubes de maiores receitas recorrentes em 2019. As receitas recorrentes são aquelas oriundas de recursos que os clubes podem contar de forma mais ou menos certa todos os anos, como a monetização das marcas, valores de patrocínio e direitos de televisão.

    E a exceção ainda confirma a regra. Consultor de gestão do esporte responsável pelo estudo, César Grafietti aponta que o intruso da lista, o Santos, não é tão intruso assim, uma vez que teve suas receitas do último ano impulsionadas pela venda do atacante Rodrygo para o Real Madrid, da Espanha.

    Grafietti ainda argumenta que os números se refletem nas duas pontas do campeonato, uma vez que os rebaixados Avaí, CSA e Chapecoense também estão entre as menores receitas. A exceção, onde o especialista aponta má gestão dos gastos, é o Cruzeiro, que tinha dinheiro para ficar mais para cima mas também caiu.

    O relatório aponta que alguns clubes da Série A conseguiram fazer mais com menos. Nesse quesito, o destaque fica para o Fortaleza e para o Goiás.

    O reinado do Flamengo

    O Flamengo já era o clube mais rico do Brasil quando 2019 começou. E conseguiu terminar o ano em uma vantagem ainda mais confortável.

    E isso não se deve apenas, segundo o estudo, aos resultados fora do normal obtidos pelo clube ao longo do último ano, quando venceu basicamente todas as competições que disputou.

    No quesito receitas totais, que inclui premiações e vendas e onde esses fatores influenciam, as entradas do clube chegaram a aumentar em 50%, para estrondosos R$ 841 milhões. É mais do que clubes como São Paulo e Corinthians — somados.

    No entanto, o Flamengo também registrou um aumento consistente no quesito receitas recorrentes, o dinheiro que o clube pode contar mesmo que a saída do técnico Jorge Jesus para o Benfica se reflita em um ano menos brilhoso. Nessa rúbrica, o caixa cresceu pouco mais de 30%, para R$ 651 milhões.

    Para o especialista, a chave do sucesso está em aguentar anos mais sofridos para segurar os gastos e buscar mais e mais formas de monetização, abusando de algo que o torcedor brasileiro possui pouco, a paciência.

    “Depois de anos esperando por isso, finalmente o Flamengo conseguiu chegar à união entre equilíbrio financeiro e conquistas esportivas, coroando um trabalho iniciado em 2013. O último da trinca de clubes tradicionais que entendeu cedo que a organização e o equilíbrio financeiro são a chave para um
    futuro vencedor”, diz Grafietti. Os outros dois clubes que tem a estrelinha do destaque positivo são Grêmio e Palmeiras.

    O ‘PIB do Futebol’

    A boa notícia para quem vai começar a lição de casa agora é que, diferentemente da economia brasileira, o “PIB do Futebol” cresce mais rápido.

    As receitas recorrentes do futebol brasileiro, que haviam caído 1% em 2018, voltaram a crescer em 2019, fechando o ano com uma alta de 6%, chegando a R$ 4,5 bilhões. Para efeito de comparação, a economia brasileira cresceu 1,1% no mesmo período.

    Nas receitas totais, que contemplam as crescentes vendas de atletas, a alta é ainda maior, chegando a 9%. No total, R$ 5,8 bilhões.

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    “Considerando que o futebol tem como base estrutural o acesso à renda do torcedor, é notável a capacidade que teve de se sustentar em crescimento mesmo num cenário onde houve redução real de renda”, escreve o especialista.

    O estudo conclui que as vendas de atletas — receita transitória e que depende da descoberta de “riquezas” — foi a que mais cresceu, com alta de 22%. Na sequência, aparecem as principais receitas recorrentes: publicidade (+11%), bilheteria e programas de sócios-torcedores (+9%) e direitos de TV (+6%).

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