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    Festa esvaziada e igualdade de gêneros: as novidades da abertura das Olimpíadas

    Apenas 950 pessoas vão acompanhar o evento no estádio Nacional de Tóquio nesta sexta-feira

    Ketleyn Quadros e Bruninho serão os porta-bandeiras do Brasil na cerimônia de abertura
    Ketleyn Quadros e Bruninho serão os porta-bandeiras do Brasil na cerimônia de abertura Foto: Divulgação/COB

    Leandro Silveira, colaboração para a CNN

    O mistério sobre os detalhes da cerimônia de abertura de qualquer edição dos Jogos Olímpicos costuma ser uma tradição. Não seria diferente em Tóquio, em um evento adiado em um ano por causa da pandemia do coronavírus, fato que fará a festa oficial de início das Olimpíadas não lembrar em nada o esplendor e a celebração das anteriores. 

    A cerimônia de abertura das Olimpíadas está agendada para as 8 horas (de Brasília) desta sexta-feira, no estádio Nacional, reconstruído para abrigar os Jogos de Tóquio e que poderia receber, em condições normais, 60.102 espectadores. Porém, em função da crise sanitária, apenas 950 pessoas vão acompanhá-la, sendo elas, basicamente, autoridades esportivas e políticas, além de alguns convidados VIPs. 

    E será uma cerimônia sóbria, após o mundo perder mais de 4 milhões de vidas para o coronavírus, sem cenas marcantes e bem humoradas, como no encerramento do Rio-2016, quando o então primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, se travestiu de Mario Bros, o icônico personagem de jogos de videogame, em uma aposta na tecnologia e na cultura popular do país.

    Ao invés disso, a cerimônia terá o tema “Moving Forward” (“Avançando”, em português), em uma referência à crise do coronavírus, com a luta para superá-la. “Projetamos as cerimônias em torno do conceito de que os Jogos podem trazer uma nova esperança e encorajamento para as pessoas ao redor do mundo por meio da participação ativa de atletas nos Jogos de Tóquio 2020 e por meio do poder do esporte”, declararam os organizadores, que definiram “Unidos pela Emoção” como lema do evento. 

    A declaração oficial de abertura das Olimpíadas vai ser proferida pelo imperador Naruhito, repetindo o ato realizado pelo seu avô em 1964 e em 1972, nos Jogos de Verão de Tóquio e de Inverno de Sapporo, respectivamente, e pelo seu pai, em 1988, nos Jogos de Inverno de Nagano. 

    Estádio Nacional de Tóquio
    Estádio Nacional tem capacidade para 60 mil pessoas, mas receberá menos de mil no início oficial dos Jogos
    Foto: Kiichiro Sato / AP

     

    A entrada das delegações seguirá a tradição de ser iniciada pela Grécia, berço das Olimpíadas, e encerrada pela do país-sede, o Japão, mas contará com algumas novidades. A equipe olímpica de refugiados vai entrar logo após os gregos, seguida pelos representantes das sedes das edições de 2028, a dos Estados Unidos, em Los Angeles, e de 2024, a França, em Paris, antecedendo a marcha dos japoneses. O restante da ordem do desfile das delegações é definida por ordem alfabética, de acordo com o sistema japonês de escrita. 

    O Brasil será a 150ª delegação a entrar no Estádio Nacional e contará com dois porta-bandeiras: o levantador Bruninho e a judoca Ketleyn Quadros. A medida, uma das novidades da cerimônia de abertura, atende ao intuito do COI (Comitê Olímpico Internacional) de promover a igualdade de gênero nos Jogos.  

    Embora o COI não tenha limitado a presença de atletas, a expectativa é para uma presença diminuta dos competidores. Assim, em vez de mais de 10 mil competidores marchando para um estádio lotado, como de costume, o desfile será esvaziado e com regras rígidas de distanciamento social.

    “Haverá várias centenas de fiscais para orientar os atletas para o desfile. A cerimônia de abertura vai ser única e focada apenas nos atletas. Isso (pandemia), é claro, tem consequências. As grandes coreografias não vão acontecer, obviamente, por causa da Covid-19”, disse Marco Balich, conselheiro sênior dos produtores executivos das cerimônias das Olimpíadas.

    Balich tem longa experiência nesse tipo de cerimônia. Ele esteve envolvido nas edições de 2006 e 2014 dos Jogos de Inverno, além das Olimpíadas de 2016, e também participou do evento inicial do Pan de 2019. Dessa vez, porém, será tudo muito diferente, tanto que grande parte da cerimônia foi gravada. 

    “Será uma cerimônia muito mais séria. Mesmo assim, com uma bela estética japonesa. Muito japonesa, mas também em sincronia com o sentimento de hoje, a realidade. Temos que fazer o nosso melhor para concluir esta Olimpíada única e, esperamos, a única de seu tipo”, acrescentou Balich. 

    Entre os muitos mistérios, está o nome do atleta que vai acender a pira olímpica, obra do designer Oki Sato. No Rio, em 2016, a honra foi do ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima. 

    Polêmicas em série

    Na véspera da cerimônia de abertura das Olimpíadas, o diretor do evento, Kentaro Kobayashi, foi demitido após piadas suas sobre o Holoausto virem à tona. Elas fizeram parte de um show de comédia em 1998, e ressurgiu na mídia japonesa.

    A demissão de Kobayashi se junta a uma série de outras polêmicas que causaram constrangimentos para os organizadores do evento, como o episódio que envolveu Keigo Oyamada — ele foi forçado a renunciar como compositor da cerimônia depois que antigos relatos de bullying e comportamento abusivo seus foram descobertos.

    Antes disso, o ex-presidente da Tóquio 2020, o ex-primeiro-ministro Yoshiro Mori, deixou o cargo em fevereiro após fazer comentários sexistas, enquanto o diretor criativo das Olimpíadas, Hiroshi Sasaki, renunciou em março após fazer um comentário depreciativo sobre uma popular artista japonesa.